Fotografia e Natureza morta
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Moisés brilha outra vez!
Receba
Perca sua memória em paz. É o melhor que pode lhe acontecer agora.
Pequenez
Divirto-me com a prepotência de Ully, minha cadelinha. Deus deve dar gargalhadas de mim.
Tic-tac
Meu corpo é um relógio. Marca as horas por onde andei e tenta, inutilmente, me mostrar que um dia vai parar.
Garoto
O prazer de ganhar o primeiro relógio se confundia com o medo de que alguém lhe perguntasse as horas.
Apego
Não consigo finalizar meus escritos. Eles é que se livram de mim.
Moisés Lobo Furtado,
para gáudio deste blogueiro.
Erro desumano
Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
A reportagem de Julia Lindner para O Globo (18 nov 2020) traz informação estarrecedora, porque impensável a “retratação” do Ministério da Saúde sobre a importância do isolamento social e a ausência de qualquer medicação no tratamento da Covid-19.
Eis a nota:
“BRASÍLIA - O Ministério da Saúde classificou como "erro humano" a publicação feita mais cedo em defesa do isolamento social como principal medida de combate ao novo coronavírus. No texto, que acabou apagado, a pasta reconhecia a inexistência de remédios que previnam ou acabem com a Covid-19, o que contraria o discurso do presidente Jair Bolsonaro. O ministério alega agora que as informações estavam equivocadas e por isso foram deletadas.
Em nota, pasta defendeu tratamento precoce para a Covid-19, mas reconheceu que ainda não há "solução efetiva" que evite risco de contágio.”
Em resumo, o MS lançou nota informando duas verdades: a importância do isolamento e a ausência de tratamento eficaz contra a doença. Em seguida apaga o texto e alega que houve erro humano na publicação! (Estou sendo repetitivo, eu sei, mas é tão difícil de acreditar que preciso repetir, para que eu mesmo possa compreender.)
Quem será o autor do tal erro humano? (Se não fosse humano, de quem mais poderia ser? De algum lobisomem que habita o ministério?) Algum funcionário cochilou e a verdade vazou? Ou foi o próprio ministro quem escorregou, em lampejo de coragem e honestidade? (Não seria a primeira vez...)
O erro desumano é do próprio Presidente da República, garoto propaganda da cloroquina, negacionista contumaz, que costuma humilhar subalternos, mesmo que se trate de ministros designados por ele próprio, obrigando-os a desmentir eventuais verdades.
Mas não vou atacar aqui o Presidente. O parágrafo inicial da crônica de Mario Serio Conti, O Amapá de hoje será o Brasil de amanhã se o Cavalão não for detido, para a Folha de São Paulo (13.nov.2020), é imbatível: descreve com precisão quem governa o país. Ei-lo, o parágrafo:
“O presidente é aquilo que a sua camarilha da caserna dizia: um Cavalão com maiúscula. Cavaleiros da elite quiseram botar-lhe cabresto e tomaram coices. Arisco, ele relincha e baba fel nos que tentam ajudá-lo. É uma besta.
Besta fera política, um quadrúpede da extrema direita. Não adianta tomá-lo por interlocutor. Mesmo xingá-lo é inócuo. O bate-boca é o pasto no qual empapa a pança.
Não admitiu a derrota de Trump? Danem-se os dois. Disse que os brasileiros são maricas? Afe, está inseguro da sua macheza. Vai bombardear os Estados Unidos? Que se exploda.
É de caso pensado que ele bate os cascos no asfalto e provoca faíscas. Acha que as centelhas da idiotice disfarçam o tropel trôpego do seu desgoverno.”
Depois de Conti, dizer mais o quê?