O julgamento de Frinéia, de Jean-Léon Gérôme (1861), mostra a hetera diante do Areópago
Possa eu, da frase nos agrestes sons,
em versos minuciosos ou sucintos,
expressar-me, dizer dos meus instintos,
sejam eles, embora, maus ou bons.
Quero me ver no verso, intimamente,
em sensações de gozo ou de pesar,
pois, ocultar aquilo que se sente,
é o próprio sentimento condenar.
Que do meu sonho branco véu se esgarce
e mostre nua, totalmente nua,
na plena graça da simpleza sua,
minha Emoção, sem peias, sem disfarce.
Quero a arte livre em sua contextura,
que na arte, embora pecadora, a Ideia,
deve julgada ser como Frinéia:
– na pureza triunfal da formosura.
Gilka Machado (1893-1980)
Estados de Alma
In: Poesias completas,
Léo Christiano Editorial Ltda
(1992)