terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Boa desculpa


A mulher:
– Levanta dessa cama e vai trabalhar, vagabundo.
O marido:
– E as balas perdidas?!

Do noticiário lusitano

Queda de helicóptero em cemitério português. Desenterraram já 300 corpos.

Privação


Na falta de luz, pensou:
– Hoje vai banho frio mesmo...
Faltou água.

sonhos


ontem à noite
compus um poema
hoje pela manhã
já não me lembro dele

sei apenas que
falava da memória
(da perda da memória)
da velhice e da morte

sonhos conturbados
misturam-se à confusão
da vigília e à incerteza
de um novo dia

talvez o poema
falasse de amor
mas hoje pela manhã
dele já não me lembro

Mau gosto


"Arcos do Jânio"

             Estou certo de que irei desagradar meio mundo, ou até mais, talvez o mundo inteiro (agora trata-se de um delírio meu, pois o Loucoporcachorros não está com essa bola toda), ao emitir opinião sobre dois fenômenos (ainda não encontrei palavra mais apropriada para defini-los) que se tornaram generalizados, aqui e no exterior. Quase uma unanimidade!
            Associá-los, estes dois fenômenos aparentemente distintos, é também ideia minha, certamente discutível e igualmente condenável pela maioria.
            O primeiro evento é a chamada grafitagem. Ela se espalha pelas grandes cidades, e agora, entre nós, sob o patrocínio do poder público. Vejam o que fizeram com os “Arcos do Jânio”, na cidade de São Paulo. http://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/edison-veiga/grafitaram-os-arcos-do-janio/
            Mau gosto, mau gosto, mau gosto!
            O viajante que vai a Roma fica impressionado com a cor da cidade; casas, muros,
paredes pintadas com uma espécie de terracota inconfundível.
            A cor de Paris combina com o clima quase sempre chuvoso da cidade.
            Florença, ah! Florença, é de um amarelo que muda de tom ao longo do dia, sob o reflexo da luz solar.
            Os exemplos são infindáveis. A cor das cidades faz parte da arquitetura de cada uma.
            Grafites? Combinam com nada.
            O segundo evento (e reafirmo que a associação de ideias é de minha inteira responsabilidade) é a tatuagem. Para esta já não há remédio; está presente nos braços, pescoço, dorso de todos os jogadores de futebol de todos os times do mundo.
            Mau gosto, mau gosto, mau gosto!
            Não conheço explicação plausível para tamanha difusão desta prática. Nem o Ebola se alastra com tanta eficiência.
            O que ambos os fenômenos têm em comum?
            Em primeiro lugar, são gravações feitas pela mão humana, artificiais, geralmente decisões de um momento, passíveis sempre de arrependimento.
Depois, são construídas numa tela que tem sua cor própria, natural, e por isso mesmo, bela por natureza – desculpem a redundância. Cada um tem a cor que nasceu com ela. A pele, o maior órgão do corpo humano, merece mais respeito. A cor das cidades também.
Pelo menos os grafites podem ser apagados, o que espero que aconteça nos tais “Arcos do Jânio”. As tatuagens não. É uma cruz que o tatuado precisa carregar por toda a vida, goste ou deixe de gostar dela. Os grafites vão se deteriorando com o passar do tempo, sob o sol e a chuva (quando cai), e o que resta nas paredes é sujeira, poluição visual grosseira.
Por último, os dois fenômenos têm em comum o mau gosto, mau gosto, mau gosto!
Salvo disposições em contrário.

Que exemplo!

A foto do dia.


Professoras se armam para defender alunos de ataques do Taleban no Paquistão.

Onda que quebra

A charge de hoje.