O filme, cuja
protagonista, Julianne Moore, ganhou o Oscar de melhor atriz, já é sabido,
trata de uma mulher, uma intelectual, acometida pela forma precoce do Mal de
Alzheimer.
Pior, a doença tem caráter
familial, os genes são transmitidos aos filhos na altíssima percentagem de 50%. Quando a filha
é comunicada desta terrível possibilidade, a reação dela não é proporcional à
catástrofe anunciada, tanto que em seguida ela engravida de gêmeos, por
inseminação artificial. Os embriões são selecionados, de modo que os filhos não
desenvolverão a doença. Mesmo assim, a mãe será acometida, pois o teste para o
mal foi positivo.
Concluo daí, e esta
conclusão não pretende esgotar o assunto, que a ameaça desta doença não
amedronta tanto os mais jovens quanto aterroriza os mais velhos. A razão deste
comportamento constitui lei da natureza. O homem aprendeu a defender-se de
todas as maneiras possíveis. O perigo não assusta tanto quando está mais
distante no tempo.
Para os idosos, Alzheimer
é um perigo iminente, constante, permanente, um susto cotidiano. Quando um
velho esquece um fato corriqueiro, o nome do autor de um certo livro, o diretor
ou o/a protagonista de um filme da moda, enfim, uma palavra qualquer, alguém da
mesa logo exclama, Olha o alemão! E o engraçadinho não faz ideia de como isso
ameaça o idoso. O mesmo fato do esquecimento ocorrido entre jovens passa
despercebido, trata-se apenas de simples falha da memória.
Talvez seja esta a razão
do grande impacto causado pelo filme, o fato inusitado de a doença poder acometer
uma pessoa em plena fase produtiva da vida. Alice era uma mulher brilhante. Os
velhos, de modo geral, já não o são.