Por aqueles dias não havia novidade na política. A imprensa se concentrava em um homicídio obscuro. O acusado foi condenado à morte.
Inspirado em trecho de
O estrangeiro, de Albert Camus
Ed. Record, 1998, p 88
Por aqueles dias não havia novidade na política. A imprensa se concentrava em um homicídio obscuro. O acusado foi condenado à morte.
Inspirado em trecho de
O estrangeiro, de Albert Camus
Ed. Record, 1998, p 88
Torcedores do Grêmio invadem o gramado
na derrota para o Palmeiras
Raul Pereira (31.out.2021), AFP
No último domingo (7 nov 2021) um fato insólito ocorreu nas arquibancadas da Vila Belmiro, em Santos, ao final do jogo em que o Palmeiras derrotou o Santos por 2 a 0. Duas informações que podem ter relação com o episódio que passo a narrar em seguida: o Palmeiras não vencia o adversário na casa do Santos há 12 anos, e os donos da casa estão seriamente ameaçados de rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro.
Os jogadores deixavam o campo quando um menino de 9 anos, que joga nas categorias de base do Santos, que afirma ser santista e não palmeirense, pediu a camisa de Jailson, goleiro do Palmeiras. E foi atendido.
Daí que aconteceu o absurdo: um grupo de torcedores santistas hostilizou agressivamente o pai do menino e seu filho. Houve aglomeração, a polícia foi chamada, pai e filho muito assustados.
No dia seguinte, constrangido, o menino publicou vídeo em rede social, afirmando ser santista e pedindo desculpas “caso alguém tenha se sentido ofendido”, por ele ter recebido camisa do rival. "É que eu gosto muito dele [Jailson]. Também gosto do Weverton, que é da seleção brasileira [e goleiro do Palmeiras]. Eu não sou palmeirense, eu sou santista", afirmou na mensagem. A gravação viralizou na internet, rodou o mundo; da França, Jorge Sampaoli enviou ao menino camisa do Olympique, em solidariedade.
Comentário do pai da criança ao fim do episódio: "Acredito que isso pode mudar a relação do meu filho com o futebol”.
Indiscutível onda de intolerância se difunde pelo país. A sociedade está doente e o futebol reproduz fielmente a violenta polarização. A faixa exposta na fotografia acima é a imagem da idiotia, inspirada erroneamente na famosa frase que teria sido proferida pelo grande Didi: “Treino é treino, jogo é jogo”.
Hoje, jogo virou guerra. O ser humano, imbecilizado, revela o que tem de pior.