quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Verdade ou pós-verdade?


Notícia que acaba de ser divulgada pela BBC Brasil:

O Dicionário Oxford escolheu post-truth, ou pós-verdade, como palavra internacional do ano de 2016. O dicionário define a palavra como um adjetivo "relativo a ou que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal".
Casper Grathwohl, da Oxford Dictionaries, afirmou que "pós-verdade" poderia se tornar "uma das palavras que definem nosso tempo".
Após as campanhas do Brexit e da eleição americana, marcadas por notícias falsas nas mídias sociais e mentiras proferidas pelos candidatos, o termo ganhou popularidade.
            Sinal dos tempos?




Questão de gosto?



             Certa vez ouvi de uma paciente, Parece que o senhor gosta mais de cachorro que de gente. Naquele momento, achei melhor não responder, precisava pensar sobre o que acabara de ouvir.
            O que a levou a fazer o diagnóstico tão radical? Estaria se sentindo preterida, abandonada? O “problema” era dela ou era meu?
            Aprendo muito com meus cães. E os amo de verdade. Por que tanto amor? (Tem sido um sofrimento interminável a recente perda de meu cãozinho Camões.)
            Hélio Schwartsman responde em sua crônica Lancheiras caninas, agora publicada em livro indispensável: Pensando bem... – um olhar original a respeito de liberdade, religião, história, política, violência, comportamento, educação, ciência, da Editora Contexto (2016). São textos selecionados, já publicados na Folha de S. Paulo ao longo de muitos anos, e que considero leitura indispensável para aqueles que desejam aprender a pensar.
            Voltemos ao tema inicial desta crônica. Afirma Schwartsman:

“Em tempos modernos, coube a primatologistas como Frans de Waal questionar o dogma [as coisas se explicam em termos de genes ou não se explicam]. Não é uma coincidência. Eles trabalham com nossos parentes mais próximos que, não por acaso, são os que exibem atitudes mais parecidas com as nossas. E, se descendemos todos de um ancestral comum relativamente recente e possuímos mais ou menos a mesma química cerebral, por que não podemos ter os mesmos sentimentos?
            É claro que precisamos de cuidado para não atribuir a um cachorro emoções extremamente intelectualizadas como amor romântico ou êxtase religioso, mas, como observa De Waal, se não enxergarmos as semelhanças entre os animais e nós, corremos o risco de deixar escapar algo fundamental, sobre eles e sobre nós.”

            Agora, se gosto mais de gente ou de cachorro...