"Un libro de ciencia tiene que ser de
ciencia;
pero también tiene que ser un libro."
José Ortega y Gasset
INTRODUÇÃO
A relevância da relação
médico-paciente tem sido enfatizada sobejamente desde os primórdios da
Medicina. Na Cirurgia tal relação assume características especiais em face de
fenômeno particularíssimo, intenso, invasivo, muitas vezes agressivo e
mutilante, que com frequência inflige dor: a intervenção cirúrgica. A despeito da intenção curativa, a operação
pode deixar marcas indeléveis - a cicatriz
cirúrgica é a mais evidente delas. A
chamada resposta endócrino-metabólica ao trauma, exaustivamente investigada ao
longo dos últimos cinquenta anos, comprova a natureza e extensão da agressão
desencadeada pela cirurgia1.
Por menor que seja o vulto da
operação, esta pode ser encarada pelo paciente, às vezes de modo até
inconsciente, como uma séria ameaça a sua vida. Reações adversas de ordem psicológica frente
a essa ameaça poderão somar-se à doença principal, senão agravando, pelo menos
enfraquecendo-lhe as defesas orgânicas.
Cabe ao cirurgião participar deste processo com sensibilidade e competência
profissional, e demonstrar os benefícios que poderão advir do tratamento
cirúrgico, quase sempre proposto quando estão esgotados outros recursos
terapêuticos.
Relação de tal complexidade deve,
pois, constituir-se de modo interpessoal, através de fortes trocas entre seus
componentes2. São as pessoas
do paciente e do cirurgião, revestidas naturalmente dos múltiplos aspectos que
caracterizam cada ser humano, que devem protagonizar a relação médico-paciente
ideal.
Tal relação, na clínica cirúrgica,
como de resto em outras especialidades médicas, pode e deve ser terapêutica3. Uma relação dita terapêutica é aquela capaz
de por si mesma exercer influência positiva sobre o paciente, repercutindo
favoravelmente em sua saúde física e mental.
Ao buscar auxílio para sua doença e encontrar na pessoa do médico
atenção, respeito, carinho, competência profissional e sobretudo um
compromisso de ajuda, o paciente reage de forma extremamente positiva a partir
da primeira consulta4. Esta
reação pode ser qualificada como o início de uma ação terapêutica.
Para que se estabeleçam tais
influências, tanto paciente quanto médico precisam manifestar determinadas
atitudes, próprias de quem busca auxílio e de quem deseja ajudar. Ambos são protagonistas e como tal devem
atuar. Todavia, na prática clínica é impossível desconhecer o caráter
assimétrico e desigual da relação médico-paciente5. Este desequilíbrio é gerado, em primeiro
lugar, pela fragilidade natural do
paciente, ocasionada pela reação do indivíduo frente à doença que o ameaça
física e psiquicamente, além da necessidade de colocar-se sob os cuidados de
outrem. Em segundo lugar, a autoridade
proveniente do saber coloca o médico na condição daquele que detém o
poder. Esta desigualdade pode gerar distorções
na relação médico-paciente, das quais a mais grave é a anulação do outro como pessoa.
Desde o início, e ao longo de toda a
relação, o médico deve ter o cuidado ético de não assumir comportamento
paternalista, mas dividir com o paciente a responsabilidade do tratamento. Isso implica oferecer-lhe toda a informação
ou, ao menos, a informação passível de ser oferecida, aquela que possa ser
assimilada sem que provoque qualquer dano psicológico, para que ele possa
participar ativamente do processo terapêutico6. Ele precisa compreender quão fundamentais
para o êxito do tratamento são suas atitudes diante da doença, ou de modo mais
abrangente, frente à preservação da saúde, sendo da responsabilidade do médico
esclarecê-lo adequadamente.
Os comportamentos adotados pelos
dois protagonistas desta relação modificam-se de acordo com o estágio em que se
encontra o processo de investigação diagnóstica ou do tratamento, desde a
primeira consulta até o pós-operatório tardio, a depender ainda da extensão,
gravidade e prognóstico da doença.
ESTÁGIOS DA
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE EM CIRURGIA
Diante das infinitas possibilidades
de comunicação e relacionamento entre duas pessoas, quaisquer que sejam as
circunstâncias em que se encontrem, a tarefa de analisar e prever
comportamentos de paciente e cirurgião será sempre limitada e incompleta. Mesmo diante de portadores de uma mesma
doença, e que deverão receber tratamento cirúrgico semelhante, as variações
individuais relativas aos seus estados físico, psicológico e às condições
sociais são enormes.
Entretanto, com o estabelecimento de
determinadas rotinas em clínica cirúrgica, algumas constantes podem ser
estabelecidas, tornando mais ou menos previsível a reação das personalidades
envolvidas. O momento do primeiro
encontro (a consulta inicial), as características da doença neste instante (a
requerer tratamento eletivo ou de emergência), os procedimentos mais ou menos
invasivos necessários ao esclarecimento diagnóstico, o estabelecimento da indicação
cirúrgica, do risco e da conveniência operatória, o vulto da operação a ser
realizada, o pós-operatório e suas possíveis complicações, são, todos, fatores
capazes de gerar reações até certo ponto previsíveis, tanto por parte do
paciente quanto do cirurgião.
Daí esta tentativa de estabelecer
momentos críticos ao longo da relação médico-paciente, em Cirurgia, e de
identificar as atitudes mais positivas a serem tomadas em cada uma dessas
etapas.
A PRIMEIRA
CONSULTA
O contato inicial pode ser decisivo
para o estabelecimento de uma boa relação, seja quando o doente procura
espontaneamente o cirurgião, seja quando é encaminhado pelo clínico geral ou
por outro especialista, ocorrência frequente em clínica cirúrgica. Quando o paciente obtém do médico de sua
confiança boas referências sobre o cirurgião, a primeira consulta costuma
transcorrer em clima descontraído, desde que se estabeleça entre ambos a
empatia necessária. Porém, se ele chega
ao cirurgião sem qualquer indicação ou referência, é de se esperar que demonstre
claramente sinais de incerteza,
hesitação, desconfiança mesmo, em função do medo de uma sentença definitiva,
muitas vezes aterrorizante: "É preciso operar..."
Em situações como essa, e aqui há
que se particularizar o atendimento de emergência, onde não há tempo para o
estreitamento de laços interpessoais, o cirurgião precisa utilizar-se de toda a
sensibilidade possível para identificar dificuldades apresentadas pelo
paciente, auxiliando-o a superá-las através de informação precisa,
esclarecimento franco, porém tranquilizador, de encorajamento sincero.
Paciente e familiares esperam do
cirurgião conduta equilibrada, segura, e passam a analisá-lo através de sua
expressão facial, modo de olhar, entonação de voz, palavras e expressões das
quais se utiliza, seu senso de humor, enfim, de toda uma postura que vai muito
além do domínio puramente técnico da profissão7. Trata-se aqui do domínio do gesto! O mínimo de movimento, a ação parcimoniosa,
causando impressão de elegância e inteligência, são capazes de proporcionar o
máximo de resultado8. A
busca do gesto adequado para o momento oportuno; a valorização do meio, além do
objetivo; o cultivo da espontaneidade e de tudo o que é simples; nessa economia
dos meios, a moderação da linguagem; enfim, o exercício da arte do
comportamento.
E neste processo sutil e delicado de
relacionar-se, em qualquer circunstância, é fundamental para o cirurgião saber
ouvir. Ouvir (ato que parece simples e óbvio) demanda esforço, concentração, paciência, tolerância,
preparo psicológico e predisposição para ajudar. Quando bem desempenhado acarreta, quase que
de imediato, reconhecimento e cooperação por parte do paciente.
A presença do cônjuge ou de outro
familiar durante a consulta, e em especial no momento do exame físico, pode
gerar, paradoxalmente, conforto ou constrangimento para o paciente. Sentindo-se inseguro, temeroso, mormente
quando a relação com o médico ainda não pôde ser aprofundada, de modo a deixá-lo
à vontade e descontraído, a presença de pessoa próxima e de inteira confiança
há de proporcionar-lhe apoio. Por isso,
em situações particulares como a realização do exame ginecológico, é sempre
aconselhável a presença de uma terceira pessoa, do sexo feminino, como por
exemplo, a enfermeira. Quando houver
necessidade de privacidade, para que informações relevantes sejam prestadas sem
qualquer constrangimento, o cirurgião, utilizando-se de sensibilidade e bom
senso, deverá solicitar ao acompanhante que aguarde na sala de espera. Ao final do atendimento o familiar poderá,
então, ser convidado a tomar parte da consulta, para que exponha suas dúvidas,
participe de decisões a serem tomadas ou receba determinadas instruções.
Se, à primeira consulta, o
diagnóstico é desconhecido, as ações voltam-se para a investigação
clínica. A esperança nutrida pelo paciente
de que não se trate de ocorrência grave, e que não haja necessidade de uma
operação, facilita o estabelecimento de relação amistosa, início de um processo
através do qual o cirurgião haverá de ganhar a sua confiança. Quando o diagnóstico definitivo é firmado,
havendo indicação para tratamento cirúrgico, voltam a crescer a tensão, a
ansiedade, o temor da operação.
Se desde o início o diagnóstico já é
conhecido, ou pode ser estabelecido com facilidade através do exame físico,
como ocorre, por exemplo, na presença de uma hérnia inguinal, o enfoque principal
desvia-se naturalmente para o plano terapêutico. Agora é a vez do paciente
perguntar: "Doutor, é
preciso mesmo operar?..."
Para que a indicação cirúrgica não
pese como uma sentença inapelável, o que, para alguns, sem exagero, pode soar
como sentença de morte, as alternativas terapêuticas devem ser apresentadas e
discutidas amplamente. Só assim a
decisão operatória poderá ser tomada com o efetivo consentimento do
paciente. O principal fruto deste
entendimento será a sua participação ativa no pré e pós-operatório, a
colaborar de maneira decisiva para uma rápida recuperação.
Em qualquer das circunstâncias acima
descritas, conhecido ou não o diagnóstico, se a doença é mais ou menos grave,
em situações eletivas ou de emergência, há um determinado momento em que se
torna recomendável o encontro a sós entre paciente e cirurgião, o que não precisa
ocorrer necessariamente na primeira consulta.
Nos hospitais públicos e, em especial, nos universitários, as consultas
são, em geral, acompanhadas por estudantes e médicos residentes. Esta situação inibe o paciente, privando-o da
possibilidade de relatar fatos mais íntimos relacionados a sua vida e possivelmente
a sua doença. Esses momentos de
privacidade são indispensáveis ao estabelecimento da relação que se procura
estreitar e da confiança mútua que se precisa adquirir.
Por outro lado, comunicar ao
cônjuge, ao progenitor, ao filho mais velho ou a outro familiar próximo, a
necessidade da realização de uma operação constitui cuidado altamente
recomendável, que, de um lado, confere segurança ao cirurgião e, de outro,
propicia ao paciente a possibilidade de contar com outro interlocutor com quem
repartir suas dúvidas e preocupações.
Como nem sempre a pessoa mais próxima na hierarquia familiar goza de sua
confiança para cumprir esse papel, cabe ao médico ouvi-lo quanto as suas preferências
e idiossincrasias pessoais.
O PREPARO
PRÉ-OPERATÓRIO
Definida e aceita pelo paciente a
indicação cirúrgica, inicia-se o preparo pré-operatório, que tem por objetivo
estabelecer o diagnóstico de seu estado físico, ou de sua resistência ao trauma
operatório, a fim de torná-lo o mais apto possível, física e psicologicamente,
para enfrentar a operação. Esta
avaliação é realizada através da anamnese, auxiliada ou não por testes os mais
variados, a incluir dosagens no sangue, urina, fezes, exames de imagem,
avaliações específicas de órgãos, aparelhos e sistemas, conforme a gravidade e
extensão da doença, idade, presença de afecções associadas.
A utilização de métodos diagnósticos
invasivos, tão frequentes na medicina moderna, como os procedimentos
endoscópicos e radiológicos complexos, deve ser precedida de explicações
relativas à razão pela qual o exame está sendo solicitado e à maneira pela qual
será executado. De outro modo, na
consulta seguinte, o paciente há de chegar ressentido, agressivo mesmo, como
que traído por não ter sido adequadamente alertado. A realização exaustiva e desnecessária de
exames complementares, com o pretenso objetivo de obter-se maior segurança ou
proteger o cirurgião, não é ética, onera o tratamento e desgasta a relação
médico-paciente.
A avaliação e preparo psicológicos
devem ser efetuados pelo próprio cirurgião, desde a primeira consulta. No
pré-operatório predomina no paciente quase que única e exclusiva expectativa, a
da operação. Através de linguagem
simples, acessível, desprovida de termos técnicos, a operação proposta precisa
ser explicada de forma clara, se possível utilizando-se de desenhos
esquemáticos (que, com
frequência, são requisitados pelo paciente) ou ilustrações previamente selecionadas. Não é raro que aqueles menos instruídos
desconheçam completamente seus próprios corpos, os fundamentos mais simples de
anatomia e fisiologia, dificultando assim uma melhor compreensão da doença e
seu tratamento. Cabe ao médico
fornecer-lhes essas informações básicas, até mesmo para que possíveis sequelas
ou limitações ocasionadas pela operação (em última análise, pelas modificações produzidas na
anatomia e fisiologia) possam ser
compreendidas. A limitação no volume de
alimentos a serem ingeridos numa única refeição, após uma gastrectomia,
exemplifica bem a questão.
O paciente deve ser estimulado a
fazer perguntas sobre sua doença e a maneira de tratá-la. A aceitação do
remédio (seja ele uma
palavra, um fármaco ou uma intervenção cirúrgica) fundada numa ampla compreensão do plano terapêutico
proposto, há de refletir-se no pós-operatório, sob a forma de colaboração ativa
diante da prescrição médica.
Os riscos da operação (e toda operação tem seu risco) devem ser explicitados de modo franco, porém
tranquilizador, nada alarmante.
Superestimar os riscos de uma operação pode constituir-se em fórmula
fácil para valorizar a atuação do cirurgião, ou justificar antecipadamente
possíveis complicações pós-operatórias; trata-se de conduta reprovável, que
terá como conseqüência a exacerbação do medo e da ansiedade.
Não raro, em algum momento deste estágio,
ouve-se do paciente, especialmente daquele de condição sócio-econômica mais baixa,
a frase confrangedora: "Doutor, se operar, eu vou morrer..." A afirmação é
dramática e precisa ser considerada com seriedade pelo cirurgião. Em tais
circunstâncias, não lhe resta outra alternativa senão a de postergar o
procedimento, até que a confiança seja restabelecida. Excetuam-se, é claro, as situações de
emergência.
O medo diante da perspectiva de uma
operação é desencadeado, muita vez, pelo temor da anestesia geral. Em outras palavras, medo de dormir e não mais
despertar: medo de morrer. Uma explanação
detalhada acerca da segurança da anestesia moderna, das drogas a serem
empregadas e seus efeitos, do conforto oferecido ao paciente e ao cirurgião,
como condição de maior eficiência operatória, pode desfazer esses mitos e
fantasias negativas, minimizando a ansiedade gerada por algo interpretado como
uma ameaça de morte.
O medo da dor representa importante
fator de estresse. Se a operação vai ser realizada com anestesia local,
loco-regional ou bloqueio espinhal, tais procedimentos deverão ser igualmente detalhados
ao paciente. A ele deverá ser assegurado
que, a administração de drogas analgésicas eficazes haverá de, senão abolir, ao
menos reduzir a níveis toleráveis eventual dor pós-operatória.
Outros medos, como o da mutilação,
externa ou interna (o receio da perda de
órgãos ou tecidos internos pode desencadear ansiedade inexprimível, às vezes
inconfessa) precisam ser abordados e resolvidos com o auxílio do cirurgião.
Esclarecimentos sobre possíveis
limitações físicas transitórias no pós-operatório, especialmente quanto à
atividade sexual, orientação dietética, retorno ao trabalho, hão de produzir
efeito tranqüilizador. A distribuição de
folheto explicativo no pré-operatório, contendo breves informações sobre a
doença, forma de tratamento e recomendações para uma melhor e mais rápida
recuperação, representa sem dúvida um avanço na relação médico-paciente.
A duração deste período denominado
de pré-operatório e o número de atendimentos subsequentes à primeira consulta,
até o momento da marcação da operação, variam grandemente, em função da
dificuldade em se estabelecer o diagnóstico preciso, possíveis intercorrências
clínicas ou doenças associadas, e o risco cirúrgico.
Nesse estágio, desde que bem aceita pelo paciente, a
presença de familiar ou amigo próximo nas consultas, prestando-lhe apoio de
maneira discreta e segura, pode constituir-se num fator tranquilizador e deve
ser encorajada.
A CIRURGIA
AMBULATORIAL
Quando o procedimento cirúrgico é de
pequeno ou médio portes e pode ser realizado ambulatorialmente, quer nos
chamados Centros de Cirurgia Ambulatorial, ou em salas de pequena cirurgia, a
preparação psicológica do paciente não deve ser subestimada pelo
cirurgião. Para determinados indivíduos,
a ansiedade e o medo diante de ameaça aparentemente pequena poderão ser
desproporcionais ao vulto da operação a ser realizada. Muitas vezes estão presentes verdadeiras
fobias, de natureza a mais diversa, a afastar o paciente do atendimento médico,
retardar o diagnóstico de uma lesão possivelmente maligna, comprometer a possibilidade
de cura.
Mais uma vez torna-se fundamental o
esclarecimento detalhado acerca do procedimento, da extensão da incisão
cirúrgica (e consequentemente da cicatriz futura) e principalmente de como será
aplicada a anestesia, quase sempre local ou loco-regional. O paciente precisa ser alertado de que,
embora possa receber alguma sedação, seu estado de consciência não será
alterado. É bastante conhecida a atitude
daqueles que "pedem para
dormir" durante a operação;
quando isso não ocorre, poderão apresentar reação de pânico, interferindo ou
até mesmo impedindo o trabalho da equipe cirúrgica.
Outro aspecto a ser salientado
previamente pelo cirurgião diz respeito às sensibilidades tátil e
dolorosa. O paciente deve estar informado
de que, ao permanecer consciente, poderá perceber a manipulação dos tecidos,
sem que, no entanto, sinta dor. E que,
ao sentir dor, deverá imediatamente comunicá-la ao cirurgião, para que nova
infiltração anestésica seja providenciada.
É de fundamental importância que os
pacientes que se dirigem à cirurgia ambulatorial façam-no sempre
acompanhados. Esta segunda pessoa,
familiar ou amigo, deverá permanecer na sala de espera até que findem o
procedimento e a completa recuperação do paciente, para então acompanhá-lo de
volta a sua residência. Neste regresso,
reações adversas poderão surgir, especialmente aquelas devidas a sedação, como
sonolência e perda de reflexos, exigindo a presença do acompanhante. Se tal cuidado não for obedecido e algum
acidente vier a ocorrer, além do dano causado ao paciente, cirurgião e hospital
poderão ser responsabilizados judicialmente por negligência.
Por último, o paciente (ou até mesmo
o acompanhante) deverá ser informado a respeito dos cuidados a serem tomados
com a região submetida à intervenção, como, por exemplo, a posição em que
deverá ser mantido o membro operado, o tipo de repouso necessário, a troca de
curativos, a data de retorno para a retirada dos pontos. A mesma atenção deverá ser dada a prescrição
de drogas, em especial a utilização de analgésicos. Em determinadas circunstâncias são
necessários exercícios de fisioterapia, a serem iniciados precocemente pelo
próprio paciente, que precisa estar devidamente instruído. São todos cuidados a serem ministrados pelo
cirurgião, com a total cooperação do paciente, e que haverão de contribuir decisivamente
para a obtenção do melhor resultado.
A INTERNAÇÃO
HOSPITALAR
Operações de maior porte quase
sempre exigem internação hospitalar, ato gerador de grande ansiedade no
paciente e em seus familiares.
Determinadas rotinas adotadas pela maioria dos hospitais, especialmente
em instituições públicas, podem desencadear um processo de verdadeira perda de
identidade, em pessoa já fragilizada pela doença. Ainda na chamada "sala de internação", o doente deixa suas roupas, seus pertences,
recebendo traje padronizado (no mínimo
deselegante) que o torna
desarmonioso e sem graça. A presença de
acompanhante é quase sempre proibida.
Afastado de seu lar, da família, dos amigos, ele agora é obrigado a conviver
com estranhos (além dos
demais pacientes, toda uma população que transita diariamente pelo hospital e
pouca atenção presta ao enfermo), a habitar enfermaria coletiva, árida, descolorida,
fria, de uma dureza que contrasta com os objetivos nobres e superiores da
Medicina. Ele perde completamente sua
privacidade. E sofre com isso. A presença do cirurgião, ou de seu
assistente, tão logo seja efetuada a acomodação do paciente no leito, é capaz
de gerar enorme conforto psicológico, levando segurança e tranqüilidade a
todos. Este papel pode ser desempenhado
com eficiência pelo médico residente, desde que ele tenha sido apresentado ao paciente,
que tenha sensibilidade para reconhecer a importância daquele momento e que
esteja imbuído dos ideais da relação terapêutica.
O momento é propício ainda para que
sejam relembradas e estimuladas atitudes positivas a serem tomadas no
pós-operatório imediato, de modo a evitar as complicações mais freqüentes. Destacam-se
os exercícios respiratórios, a tosse com eliminação de secreções
tráqueo-brônquicas, a movimentação dos membros inferiores no próprio leito, a
deambulação precoce.
A visita pré-anestésica, efetuada
pelo anestesiologista, representa ponto fundamental nesse estágio. Impossível ignorar que,
muitas vezes, o medo da anestesia suplanta mesmo o medo da operação. Além dos cuidados específicos ligados à especialidade,
como as avaliações cárdio-respiratória e hemodinâmica, esclarecimentos
detalhados a respeito dos procedimentos anestésicos haverão de tranquilizar o
paciente e conquistar sua colaboração, especialmente para os momentos da
indução e recuperação anestésicas. A administração de ansiolíticos ou
hipnóticos tornou-se rotineira na noite anterior à operação.
Quando a anestesia local é a
indicada, o paciente deverá ser informado de que seu estado de consciência será
preservado e que sua colaboração durante todo o procedimento será fundamental,
para que se mantenha calmo e confiante.
O controle da dor, mais uma vez, deverá ser assegurado.
A SALA DE
OPERAÇÕES
Em época ainda recente, na primeira
metade deste século, pacientes portadores de tireotoxicose eram conduzidos à
sala de operação com os olhos vendados e sedação profunda, para serem submetidos
a tiroidectomia. Na ausência de drogas
antitiroidianas procurava-se evitar ao máximo o estresse. Ocultar do paciente o ambiente amedrontador
do centro cirúrgico era, então, considerado fundamental para se prevenir uma
incontrolável "tempestade tiroidiana". O preparo
pré-operatório dos pacientes portadores de hipertiroidismo mudou
substancialmente com o advento das drogas antitiroidianas e do
propranolol. No entanto, o centro
cirúrgico continua a gerar enorme
ansiedade em qualquer indivíduo que o adentre para submeter-se a uma operação.
O ato de ser conduzido deitado em
maca, de seu leito até o centro cirúrgico, percurso que pode parecer
interminável, o olhar voltado para cima (olha-se o teto, em vez do chão) provoca já certo estranhamento, alguma perda do
controle, verdadeira ameaça, nem sempre suprimidos pela sedação
pré-anestésica. Na sala de operação o
paciente poderá observar grande número de pessoas circulando apressadamente ao
seu redor, os rostos ocultos por máscaras, todas voltadas aos seus afazeres,
conversando sobre assuntos os mais variados, nem sempre relacionados ao
procedimento prestes a ocorrer, muita vez num volume de voz e senso de humor
desproporcionais àquele ambiente e à ansiedade do paciente, porém sem que
demonstrem qualquer preocupação com aquele que deveria ocupar o centro de todas
as atenções. O anestesiologista, inteiramente
absorvido pelo preparo das drogas e instalação dos equipamentos necessários à
indução anestésica, dispensa com frequência pouca atenção à pessoa do paciente,
cuja ansiedade nestes minutos intermináveis pode tornar-se indescritível, fonte
de enorme sofrimento.
Uma conversa no pré-operatório,
esclarecendo sobre o funcionamento de um centro cirúrgico e o comportamento dos
diferentes profissionais que lá trabalham, haverá de reduzir a angústia quase
inevitável, a níveis toleráveis. Por
outro lado, toda equipe envolvida numa operação precisa estar permanentemente
atenta para o fato de que aquele paciente, embora submetido a uma situação
crítica, não perde em momento algum a condição de pessoa, de indivíduo, de
personalidade singular, e como tal deve ser tratado.
O
PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO
A recuperação anestésica e o retorno ao estado de consciência representam outro momento crítico. Não é raro que o paciente passe por período de certa confusão mental, de desorientação têmporo-espacial. Nesse instante, a presença do cirurgião ou de outro membro da equipe que lhe seja conhecido, no centro de recuperação ou à beira do leito, poderá lhe trazer importante apoio psicológico.
As recomendações pré-operatórias, como
por exemplo os exercícios respiratórios e a eliminação de secreções, serão mais
uma vez relembradas e o paciente estimulado a desempenhá-las. Queixa frequente neste estágio é a presença
de dor na ferida operatória, de intensidade proporcional ao tipo de
procedimento, extensão do trauma e tolerância individual e subjetiva à dor.
Aqui, mais do que em qualquer outro momento, há que se observar a sua singularidade,
suas reações particulares, a pessoa única que ele é. Se permanece então desassistido, se não
recebe analgésicos de modo efetivo, pode perder a confiança em seu médico,
culpando-o pelo sofrimento que lhe foi infligido. Por outro lado, o pronto atendimento, com
alívio da dor, há de reforçar a boa relação médico-paciente. Com o advento da analgesia peridural contínua
no pós-operatório imediato, suprimindo quase que completamente a dor nesse período,
a sua confiança na equipe que o assiste pode crescer enormemente.
Quando encaminhado a uma unidade de
terapia intensiva, tão logo termine a operação, necessita de amparo psicológico
adicional, por razões óbvias. O ambiente
de isolamento pode lhe parecer extremamente adverso, e mais uma vez a presença
constante do médico, pessoa que lhe é conhecida, torna-se imprescindível. Cabe ao cirurgião justificar a necessidade
dos cuidados que estão sendo tomados, e quando tal ocorrência pode ser prevista
no pré-operatório, é ainda nesse estágio que paciente e familiares devem ser
informados.
O
PÓS-OPERATÓRIO PRECOCE
No dia seguinte ao da operação,
recuperado completamente o estado de consciência, inicia-se período mais ou
menos prolongado, a depender da resistência do paciente, do trauma cirúrgico,
da complexidade do procedimento e do aparecimento de complicações.
O grau de fragilidade, que
naturalmente acomete toda pessoa doente, atinge nesse momento seu ponto mais
elevado. Não é raro o aparecimento de
regressão, ou seja, a adoção, por um período de tempo variável, de atitudes e
comportamentos característicos de uma idade anterior. As atitudes podem tornar-se verdadeiramente
infantis, quando o paciente expressa insegurança, temores infundados, receio de
permanecer só ou de ser abandonado, completa dependência. O comportamento então pode variar de total
submissão a rebeldia agressiva, afetando o acompanhante, a enfermagem, a
própria equipe cirúrgica.
Com o advento da cirurgia de trauma
mínimo, a recuperação do paciente tornou-se muito mais rápida, possibilitando a
alta hospitalar precoce, fatores que tendem a fortalecer a relação
médico-paciente. O paciente mais grave
com frequência recebe hidratação parenteral prolongada, porta cateteres venoso,
nasogástrico e urinário, apresenta-se com drenos dos mais variados tipos. Enfim, está sendo submetido a procedimentos
invasivos, e então reclama deles ao seu médico.
Acrescente-se a isso que seu estado de humor encontra-se alterado em
função da fase de injúria, o que dificulta a relação com
toda a equipe que o assiste. Por isso
mesmo, requer atenção especial, tolerância e encorajamento constante neste
período.
Quando submetidos a ressecções muito
extensas ou mutilantes, podem desenvolver depressão grave, necessitando até mesmo
de assistência psiquiátrica. Por outro
lado, a ocorrência de possíveis complicações, tais como atelectasia pulmonar,
infecção de ferida operatória, fístulas digestivas, precisa ser comunicada ao
paciente, com os esclarecimentos pertinentes, para que ele possa participar
ativamente do processo de cura.
A ALTA
HOSPITALAR
O momento da alta hospitalar é de
grande significância para o paciente e seus familiares. Predomina uma sensação de alívio, de
renovação, de esperança: voltar a viver com saúde! Tais emoções provocam, às vezes, verdadeiro
sentimento de euforia. A ocasião é
propícia para que recomendações médicas de ordem geral sejam bem aceitas:
orientação dietética, atividade física e sexual, retorno ao trabalho. O cirurgião deve colocar-se a sua disposição,
para que faça quantas perguntas julgar necessárias, algumas delas frutos de
fantasias desenvolvidas ao longo de todo o processo patológico.
À medida em que a operação se
distancia no tempo, a atenção do paciente volta-se para o prognóstico de sua
doença. Ele deseja, se ainda não o fez,
receber informações sobre a doença que o acometeu, bem como sobre o tratamento
instituído. E é fundamental que assim o
seja, até mesmo para que tais informações possam ser repetidas no futuro, em
caso de recidiva da doença ou para o diagnóstico diferencial de outras
afecções. É dever do cirurgião providenciar relatório médico, quando solicitado.
Aquele que, com o tratamento
cirúrgico obtém a cura de sua doença, via de regra recebe alta em excelente
estado psíquico, capaz de receber toda a informação relevante. Se os preceitos até agora ressaltados foram
convenientemente obedecidos, a relação pode atingir, então, seu apogeu: o
paciente grato ao médico pelos cuidados recebidos, o cirurgião recompensado
pela sensação do dever cumprido.
Ao contrário, quando submetido a
tratamento paliativo, ou quando a expectativa de cura projeta-se para um futuro
mais ou menos distante, recebe alta hospitalar em condições psicológicas muitas
vezes desfavoráveis. A despeito da sensação
de impotência que isso possa gerar no espírito do cirurgião, a este paciente é
que ele precisa devotar-se com empenho ainda maior, doravante em regime de
atendimento ambulatorial ou domiciliar.
Os portadores de doença maligna que
necessitam de tratamento complementar, radioterapia ou quimioterapia, muitas
vezes precisam ser encaminhados a serviços especializados, mas não devem perder
o vínculo com o cirurgião que os operou. Depois de bem informados acerca de sua
doença (e só assim,
mais uma vez, poderão participar ativamente deste tratamento) devem obter deste cirurgião a garantia de que
permanecerá a sua disposição, para dar seguimento à orientação terapêutica,
prestar informações adicionais, tratar eventuais complicações. Enfim, a responsabilidade e o compromisso
firmados permanecem, e isso deve ficar bem claro para o médico e o paciente.
Os portadores de doença incurável,
ou aqueles considerados terminais, têm igualmente o direito de conhecer a
natureza e o prognóstico de sua doença.
Cabe ao médico determinar o melhor momento para que tais informações
sejam prestadas, se ainda durante a internação hospitalar ou após a alta. Quaisquer que sejam as circunstâncias, é da
responsabilidade do cirurgião informar ao paciente, quando por ele solicitado. Caso isso não venha a correr, seja por apatia
ou desinteresse, seja por sua precária condição física ou psicológica, os
familiares mais próximos devem ser esclarecidos sobre a extensão da doença. A omissão do médico em tais situações pode
lhe custar caro, advindo, por vezes, implicações legais desastrosas.
O
PÓS-OPERATÓRIO TARDIO
Se a relação desenvolveu-se de
maneira satisfatória durante as fases anteriormente descritas, e se o paciente
ainda necessita dos cuidados do cirurgião, ambos não haverão de hesitar em
preservar os vínculos já estabelecidos.
Doenças crônicas ou recidivantes, a presença de sequelas pós-cirúrgicas,
ou mesmo as afecções incuráveis, fazem com que o paciente retorne inúmeras
vezes ao seu médico, por período indeterminado.
No entanto, em situações crônicas, a
relação médico-paciente pode tornar-se difícil,
até mesmo deteriorar-se. Com
frequência, isso ocorre pelo sofrimento prolongado, extenuante, quase que insuportável,
destacando-se a dor física como a grande responsável pela queda progressiva da
qualidade de vida.
Outras vezes, a causa da
deterioração da relação médico-paciente é a perda de interesse por parte do
próprio cirurgião, frente a uma realidade que o faz sentir-se impotente, e para
a qual ele não está preparado. Encaminhar
o doente a outro especialista, quase sempre o clínico geral, pode parecer então
uma solução; de fato, o que este cirurgião deseja é "livrar-se" do paciente, pois sente que nada mais pode fazer por
ele e que já não suporta aquela relação.
Reconhecer as limitações da
medicina, e em particular as da Cirurgia, nunca perder de vista os cuidados
éticos que devem acompanhar sempre os cuidados terapêuticos, e acima de tudo valorizar
cada paciente como uma personalidade singular, são preceitos fundamentais que
haverão de nortear o cirurgião ao longo das situações mais difíceis, no intuito
de preservar a boa relação médico-paciente.
HONORÁRIOS MÉDICOS
Não faz parte do escopo do presente
capítulo aprofundamento maior no que se refere a honorários médicos. Entretanto, é indiscutível a relevância deste
item quando se trata de relacionamento entre médico e paciente. Aqui, tal relação pode ser encarada, de modo
muito particular e específico, guardadas as limitações semânticas, como aquela
entre um prestador de serviços e um usuário.
Ela dificilmente poderá ser melhorada através da cobrança de honorários;
ao contrário, será prejudicada, ou até mesmo destruída, por problemas dessa
natureza, se não forem obedecidos certos princípios éticos.
Não resta dúvida de que a medicina
não tem como objetivo fundamental a obtenção de lucro, que a atividade médica
não pode ser regida por leis puramente comerciais. No entanto, a remuneração justa pelos serviços
prestados é direito do médico, para que ele possa exercer com dignidade a sua
profissão. Definir o que é justo, quando
estão em jogo a saúde ou a própria vida, é que não se constitui tarefa
fácil.
"É vedado ao médico receber remuneração pela prestação
de serviços profissionais a preços vis ou extorsivos", reza o Código de Ética Médica, em seu artigo 869. Não há parâmetros definitivamente
estabelecidos pelos quais se possa asseverar que os honorários cobrados sejam
classificados como extorsivos ou vis10. A Tabela de Honorários Médicos estipulada
pela Associação Médica Brasileira objetiva definir a remuneração mínima, não
aviltante, por serviços prestados através de convênios. Na clínica privada, as dificuldades para se
estabelecer valores mínimos e máximos são ainda maiores. Parece razoável levar-se em conta a média dos
valores habitualmente cobrados no local, a limitação econômica do paciente, as
circunstâncias do atendimento e a qualidade dos serviços prestados.
Prescreve o artigo 90, ainda do
Código de Ética Médica, que "é vedado ao
médico deixar de ajustar previamente com o paciente o custo provável dos
procedimentos propostos, quando solicitado".
Que se trata de uma probabilidade, de uma aproximação,
quanto ao valor a ser estipulado, o texto é bem claro. Ao apresentar plano terapêutico de certa
complexidade, envolvendo operação de grande porte, e consequentemente de maior
risco, o cirurgião deverá discutir também as possíveis complicações, que haverão
de extender a necessidade dos serviços médicos.
Há, de fato, uma parcela de imprevisibilidade no curso da doença e em
seu tratamento. Assim, ao ajustar-se
previamente o valor dos honorários, é lícito que seja estabelecida certa margem
de variação, para mais ou para menos, de modo a tornar mais justo o custo final
do tratamento.
CONCLUSÃO
Embora desigual e assimétrica, a
relação médico-paciente envolve necessariamente duas personalidades e seu
caráter de reciprocidade não pode ser olvidado.11 A noção predominante na sociedade, incluindo
a comunidade médica e o contingente enorme de indivíduos doentes, é a de que o
problema a ser resolvido situa-se sempre na pessoa do paciente. É ele quem sofre, é ele quem precisa de
ajuda.
Entretanto, não se pode esquecer que
a pessoa do cirurgião está sujeita às mesmas dificuldades impostas pela vida,
aos mesmos infortúnios, à eventualidade da própria doença. Que ele também sofre e que com frequência
precisa de ajuda. Admitir tais contingências
propicia ao cirurgião uma visão mais humana de sua tarefa perante a sociedade,
tornando mais equilibrada, menos desigual, a relação médico-paciente. Além do mais, estar bem consigo mesmo, por
parte da pessoa do cirurgião, parece constituir-se em pré-requisito fundamental
para o estabelecimento de uma boa relação médico-paciente. Não se pode estar bem com o outro, a não ser
que se esteja bem consigo mesmo.
Obedecidas essas premissas, assumido
pelo cirurgião o compromisso para com o paciente, que por sua vez aceita
compartilhar a experiência por que está passando, ambos acreditando na reciprocidade
do vínculo estabelecido, criam-se as condições para uma relação médico-paciente
ideal. Esta relação deixa de ser, assim,
apenas um meio de coleta de dados e prescrições técnico-farmacológicas, para
constituir a tão almejada relação terapêutica.
1. Moore FD. Metabolic activation after injury:
mediators that stimulate diffuse bodily changes after focal injury. In:
Metabolic care of the surgical patient. Philadelphia & London, WB Saunders,
1959, 5:115-122.
2. Ferreira-Santos R. A pessoa, suas emoções e a
operação. In:
3. Suchman AL, Matthews DA. What makes the
patient-doctor relationship therapeutic? Exploring the connexional dimension
of medical care. An Int Med, 1988, 108:125-130.
4. Spencer FC. The vital role in medicine of
commitment to the patient. American College of Surgeons Bulletin, 1990,
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5. Silva FL. Beneficência e paternalismo. Medicina -
Conselho Federal, 1997, 88:8-9.
6. Lund CC. The doctor, the patient, and the truth.
Annals of Internal Medicine, 1946, 24:955-959.
7. Salim SA. Relação médico-paciente em cirurgia. In:
Silva, AL, Medicina de urgência. Rio de Janeiro, Editora Médica e Científica,
1985, 1945-1949.
8. Galard J. A beleza do gesto: uma estética das
condutas. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1997.
9. Código de Ética Médica
10. França GV. Comentários ao Código de Ética Médica.
Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 1994.
11. Arruda PV. Relação médico-paciente: o ponto de
vista do psiquiatra. In: Marcondes E, Gonçalves EL, editores. Educação médica.
São Paulo: Sarvier, 1998:58-65.