Representante
da nova espécie, gerada pelo cruzamento
de duas espécies distintas da ave
Cientistas da Universidade
de Princeton, nos Estados Unidos, e da Universidade de Uppsala, na Suécia, monitoraram
por mais de 40 anos uma população de tentilhões, ave típica da região, na ilha
Daphne Major, no Arquipélago de Galápagos, e assim conseguiram acompanhar de
perto o processo de geração de uma nova espécie.
A reportagem é de Rory Galloway (BBC, 24 nov 2017).
Em 1981 os pesquisadores notaram a
chegada de um macho à ilha, pertencente a uma espécie não nativa, e maior que
os pássaros locais. Ele deve ter voado 65 milhas da ilha Espanhola, seu habitat
natural, até chegar a Daphne Major. A distância é considerada longa para um
pássaro, o que deve ter impedido sua volta para casa.
Ele foi capaz de
reproduzir com uma fêmea de espécie local, de porte médio, dando início a uma
nova linhagem fértil.
Cerca de 30 pássaros, resultantes
desse acasalamento, continuam sendo observados quase 40 anos depois. A nova
população de pássaros é diferente na forma e nos hábitos, e populações
distintas não acasalam com eles.
“No
passado, acreditava-se que duas espécies diferentes não poderiam produzir
descendentes férteis. Mas, nos últimos anos, foi estabelecido que muitas aves e
outros animais que consideramos espécies únicas são, de fato, capazes de cruzar
com outros para produzir uma linhagem fértil.”
Segundo Butlin, o mais
interessante é ‘compreender o papel que a hibridização
pode ter no processo de criação de novas espécies, razão pela qual a observação
dos tentilhões das Galápagos é tão importante.”
Os novos tentilhões de
Daphne Major são maiores que as outras espécies da ilha, e por isso são
chamados de Big Bird. “Para testar cientificamente se a população de Big Bird
era geneticamente distinta das três espécies de pássaros nativos da ilha, Peter
e Rosemary Grant trabalharam em parceria com o professor Leif Andersson, da
Universidade de Uppsala, que analisou geneticamente o grupo para o novo estudo.
A surpresa foi que esperávamos que o híbrido começasse a se reproduzir com uma
das outras espécies da ilha e fosse absorvido. Confirmamos que eles são um
grupo de reprodução fechado", disse Andersson à BBC.
Estudos genéticos mostram
que, após duas gerações houve isolamento reprodutivo completo das aves nativas,
e agora vêm acasalando exclusivamente entre si.
Assim, a hibridização pode levar à geração de
novas espécies, com a simples inclusão de um indivíduo a uma população. E pode,
portanto, ser uma forma de novas características evoluírem rapidamente.
"Se você esperar
apenas por mutações, causando uma mudança de cada vez, seria mais difícil criar
uma nova espécie. A hibridização pode ser mais eficaz do que a mutação",
diz Butlin.
Esta
é uma descoberta extraordinária, que o Louco não poderia deixar de registrar. E
mais: fiquei pensando: o teria ocorrido com o acasalamento de neandertais com
sapiens? Alguém me responda, por favor.