Uma certa atividade que parecia morta e
bem enterrada, para tristeza de uns poucos, dentre eles este Louco, ressuscita,
numa bela experiência realizada pelo Colégio Santa Amália, na Saúde, SP. É a troca
de cartas entre crianças e idosos, afirma Jairo Marques, em reportagem para a Folha de S.
Paulo (6/5/2016),
o que gerou amizade entre diferentes
gerações.
Dezenove idosos residentes em Pinheiros
receberam e enviaram missivas para 19 alunos de 7 a 9 anos do colégio Santa
Amália, durante um período de dois meses. Esta é uma iniciativa inédita, que
por meio de cartinhas escritas à mão, compartilha experiências e afeto entre as
gerações.
Afirma Rosa Yuka Sato Chubaci, do curso
de gerontologia da USP: "O idoso tem um ganho de autoestima ao transmitir
conhecimento, tem uma oportunidade de criar uma relação nova com alguém de uma
geração diferente".
Para Adriane Ideta, coordenadora na escola, “as crianças
tanto puderam praticar um gênero textual com o qual não tinham familiaridade
como tiveram a chance de obter mais informações sobre a velhice, suas
necessidades e suas vontades.”
Como não estava no plano o encontro
entre os grupos, os alunos usaram pseudônimos, mas a ansiedade das duplas foi
tão grande que uma grande festa no Lar Sant'ana, onde residem os idosos, “selou
as amizades à base de abraços, beijos e lágrimas”.
Jairo Marques destaca que, “mesmo
depois do fim do projeto, com 120 cartas, algumas duplas resolveram seguir
ativas na troca de mensagens, que continuam a ser escritas sem auxílio de
tecnologia. Nessa nova fase de amizade, há também envio de presentes e visitas
aos idosos.”
Belíssima iniciativa, em todos os
sentidos. O processo dispensa tecnologia, utiliza-se do que há de mais simples
e portanto mais eficiente, carrega uma boa dose de afetividade, o que há de
aproximar as pessoas. Além do que meninos e meninas podem tomar gosto pela
escrita.
Foto: Diego Padgurshi / Folhapress