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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Flores e insetos
Função da Literatura
A reportagem de Bruna Martinelli (14 dez 2020) para Revide chama nossa atenção desde o título: Empresa de São Carlos motiva funcionários a ler e escrever em meio à pandemia.
Adriana Ferreira, 48, formada em jornalismo, é uma grande leitora, mas “seguiu o ramo de negócios para manter a empresa familiar, uma concessionária de veículos de São Carlos”. Sempre com um livro na mão, Adriana despertou a curiosidade dos funcionários; o desejo de compartilhar o hábito da leitura contaminou seu ambiente de trabalho. Criou-se assim uma roda de conversa literária com a participação de mecânicos, estagiários e pessoas de diferentes profissões, com livros financiados pela empresa.
“Tem gente que nunca tinha lido um livro, só resumo para vestibular e faculdade. Eles estão lendo e tendo boas discussões sobre livros que eu leio e que os outros vão indicando. Desse grupo já surgiu um outro, pois os funcionários tinham interesse em incluir parentes, amigos, então acabei montando um outro grupo aberto para não ter muitas pessoas e dar espaço para todos falarem. Hoje temos dois grupos: um de pessoas da empresa e outro de pessoas de fora”, conta Adriana.
Adriana notou mudanças positivas tanto no ambiente de trabalho quanto no lado pessoal dos funcionários, que afirmam: “eu não sabia que ler é tão bom”.
Em seguida foi inaugurada uma oficina de escrita criativa, promovida pela funcionária Andressa Leonardo, formada em linguística, e que reúne dez pessoas para aprimorar a escrita através de textos e poesias.
São palavras da própria Adriana: “Meu sonho era sempre levar para mais alguém tudo que a literatura fez de bom para mim. A gente percebe pelos relatos que isso amplia a vida delas. É um novo espaço dentro da gente, um espaço de sonho e compreensão que você não volta mais para trás. Em vez de fazer uma rodada de cerveja para os funcionários em um fim de tarde, compra um livro e faz uma roda de leitura que você terá muito mais resultado. O investimento é muito baixo, é só comprar um livro e abrir um espaço para as pessoas se reunirem em roda. Não interessa que no começo serão 5, amanhã serão 7, e assim vai”.
Sem dúvida um belo exemplo, a ser seguido em todo lugar que haja um determinado grupo de pessoas, juntas por qualquer razão.
Relembro aqui a afirmação de Antonio Candido:
“A literatura é, ou ao menos deveria ser, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação atua no caráter e na formação dos sujeitos”.
É isso que Adriana Ferreira vem promovendo.
http://www.revide.com.br/blog/ana-candida-tofeti/empresa-de-sao-carlos-motiva-funcionarios-ler-e-es/