Os outros volumes da série policial,
também com histórias que se passam no Rio de Janeiro desde o início do século
XX, são bons, nem todos à altura do citado Senhor
do lado esquerdo, em minha opinião de não-crítico literário.
Até que me cai nas mãos Os contos completos! (Ed. Record, 2016,
com uma belíssima capa, de autoria de Regina Ferraz.)
Mussa utilizou-se de textos
anteriores, quase todos romances, aplicou-lhes profundas revisões, alguns
chegaram a ser reescritos, outros foram fundidos, criando assim fantástica
coletânea de histórias curtas.
Explica-se o autor:
“Só
não saberei avaliar se as novas versões estão melhores que as originais.
Suponho sejam apenas variantes de uma mesma narrativa, como cada mito é a
recriação de um mito anterior. Não compartilho dessa obsessão ocidental pelo
texto crítico, pela lição autêntica ou definitiva. Não acredito, na verdade, no
conceito de autoria.
Toda
história é, no fundo, uma versão de outra. A literatura inteira pode caber num
livro. Em todo livro estão os contos completos.”
Agora o leitor por compreender
melhor o título “contos completos”, obra de autor ainda jovem, no auge de uma
carreira brilhante. É possível que venha no futuro um Novos contos completos...
Esta “revisão” empreendida por Mussa
certamente aprimorou o que mais aprecio em seus livros: o estilo, sempre elegante, culto, esmerado, erudito, a valorizar
tremendamente as histórias que ele narra.
Não resisto em reproduzir pequeno
parágrafo, tirado do conto Encruzilhada
na ladeira do Timbau:
“Os
leigos se impressionam muito com objetos esotéricos, fetiches, ritos e símbolos
místicos, imagens demoníacas, animais sacrificados. Ignoram que a verdadeira magia
é a fala, a linguagem humana.”
Este é o Alberto Mussa que tanto
aprecio!