Quem decide sobre aborto, eutanásia e drogas? Este o título do artigo de Hélio Schwarsman para a Folha hoje (4 mar 2022).
Tendo em vista que “A Suprema Corte da Colômbia determinou que o aborto não pode ser considerado crime quando realizado até a 24ª semana de gestação”, Schwartsman discute se aborto, eutanásia e uso de drogas devem ser decididos por legisladores ou juízes.
Há um ponto que desejo destacar, no texto do articulista:
“Assim como você não consulta seu vizinho para saber o que pode cozinhar para o jantar, não penso que deva consultar a sociedade para saber se vai dar sequência a uma gravidez, se vai consumir cocaína, ou se vai abreviar sua passagem por esta Terra. Essas são questões tão indevassavelmente íntimas que nem o Estado tem legitimidade para regulá-las.”
E ele conclui:
“Manter uma gravidez, usar drogas e encurtar a própria vida são condutas cujas repercussões recaem primordialmente, ainda que não exclusivamente, sobre quem as pratica. E, de qualquer forma, parece estranho sustentar que pessoas, grávidas inclusive, podem se acabar com álcool, mas não com outra droga, que podem cometer suicídio, mas não solicitar apoio médico se não tiverem mais condições de tirar a própria vida.
Deveria haver limites para a hipocrisia social.”
Sempre que na mídia vem à baila o tema eutanásia, talvez entre tantos o maior tabu existente em nossa sociedade – a palavra faz parte daquelas que não podem ser ditas ou escritas, muito menos pensadas – este blog se manifesta. Que seja apenas para chamar atenção ao incômodo dilema. Schwartsman foi mais enfático e chamou de hipocrisia social.
Minha ideia é a de que o assunto precisa ser discutido. Grande número de países em todo o mundo já regulamentou a eutanásia, cada qual com suas peculiaridades, respeitando aspectos históricos e culturais de cada local. Por aqui, o mais profundo silêncio.