Os menos religiosos parecem mais propensos a ajudar por empatia.
Foto: E. Yourdon
Ser religioso ou ateu não deixa as pessoas
melhores, mas parece influir no que chamamos de generosidade e altruísmo para com
desconhecidos. E as pessoas menos religiosas teriam uma tendência mais
espontânea a ajudar o próximo,
segundo estudos recentes. É o que revela a reportagem de Javier Salas para El País (7 NOV 2015) intitulada
O bom samaritano é ateu.
Experimento realizado com menores de 5 a 12 anos em seis países
culturalmente muito diferentes (Canadá, EUA, Jordânia, Turquia, África do Sul e
China), revelaram que “os estudantes que não recebem valores religiosos
em suas famílias são notavelmente mais generosos quando se trata de
compartilhar seus tesouros com outras crianças anônimas.”
“É importante destacar que as crianças mais altruístas vêm de
famílias ateias e não religiosas”, destaca o chefe do estudo, Jean Decety,
neurocientista e psicólogo da Universidade de Chicago. “Espero que as pessoas
comecem a entender que a religião não é uma garantia para a
moralidade, e que religião e moralidade são duas coisas diferentes”,
acrescenta ao ser questionado da importância desse estudo.”
Outra descoberta importante é que “a religiosidade faz com que
as crianças sejam mais severas na hora de condenar danos interpessoais, como
por exemplo os empurrões.” “Essa última descoberta encaixa bem com pesquisas
anteriores com adultos: a religiosidade está diretamente relacionada com o aumento da
intolerância e das atitudes punitivas contra delitos interpessoais,
incluindo a probabilidade de apoiar penas mais duras”.
Em resumo, os menores criados em ambientes religiosos seriam um
pouco menos generosos, e mais propensos a castigar quem se comporta mal. As crianças mais
altruístas eram de famílias ateias e não religiosas.
O tema é explosivo, bem
sei. Tais estudos precisam ser analisados com cuidado. O artigo de Salas é
longo, descreve outras experiências com resultados semelhantes (o endereço
abaixo pode ser acionado pelos interessados), e este blogueiro não deseja
esticar o texto.
O que reproduzo aqui é
apenas um tema para reflexão, e não a última palavra sobre o assunto.