O não saber incomoda tanto o ser humano que, desde a
infância, ele inventa, cria teorias (a origem da Fantasia), a partir da
onisciência e onipotência infantis, e inicia assim o processo de aprendizado do
pensar.
Só
então ele aprende a formular perguntas (a fase dos porquês), para continuar aprimorando
o funcionamento do denominado “aparelho de pensar” (W. R. Bion).
Como
as respostas pouco ensinam (porque sempre incompletas), pode-se continuar
perguntando vida afora, e consequentemente, aprendendo.
Ou
então pode-se concluir que já se sabe (uma Ilusão) e com isso interromper o
processo de aprendizado do pensar, às vezes para o resto da vida. (É possível
que os chamados livros de autoajuda, que apresentam soluções prontas e acabadas
para o sofrimento psíquico do ser humano, colaborem fortemente para a Ilusão do
saber.)
A
enorme dificuldade de se conviver com o não saber deve-se à perseverança da
onisciência infantil na vida adulta, e tal desconforto (o não saber) gera agora
(e cristaliza) verdades definitivas, aparentemente confortáveis (Eu Sei, Tenho
Certeza!), mas que emperram o funcionamento do “aparelho de pensar”
(provavelmente uma das causas do fundamentalismo religioso, em oposição ao progresso
da Ciência, ancorado no contínuo e disciplinado desejo de saber).
O
processo analítico pode nos ensinar a tolerar o não saber e, mais que isso,
propiciar verdadeiro conforto psíquico diante do Não Sei!, preservando assim o
saudável e permanente processo de aprendizado do pensar e a consequente
expansão psíquica.