Publicado no caderno Ilustríssima, da Folha de S.
Paulo de hoje, trecho do que o próprio jornal chama de “prosa poética”, de Bob
Dylan, tradução de Rogério W. Galindo.
“SOBRE
O TEXTO O texto abaixo
está em "Tarântula", que o selo Tusquets da Planeta lança no fim de
fevereiro. Publicado originalmente em 1971, o volume reúne parte da prosa
poética do Prêmio Nobel de Literatura -em 1986, saiu pela Brasiliense uma
tradução do poeta Paulo Henriques Britto. Embora se acredite que essa narrativa
tenha sido escrita na mesma época que a canção "Subterranean Homesick
Blues", de 1965, seus conteúdos diferem.”
Eis o texto:
“Deixa eu
te contar uma coisa sobre a Justine - ela tinha 1m57 & olhos húngaros - a
crença dela era que se ela conseguisse transar com Bo Diddley - ela conseguiria
se entender - mas a Ruthy - ela era diferente - ela sempre quis ver uma rinha
de galos & foi pra Cidade do México quanto tinha 17 anos & estava
fugindo de tudo - ela conheceu Zonk quando estava com 18 - Zonk era da cidade
natal dela - pelo menos foi isso que ele disse quando eles se conheceram -
quando se separaram, ele disse que nunca tinha ouvido falar do lugar mas não é
disso que a gente está falando - de todo modo esses três - eles formam a Turma
do Reino... eu os conheci bem na mesa deles & os botei de castigo por dois
anos mas eu por mim quase nunca falo disso - a Justine estava sempre tentando
provar que ela existia como se realmente precisasse de provas - a Ruthy - ela
estava sempre tentando provar que o Bo Diddley existia & o Zonk ele estava
tentando provar que ele existia só para a Ruthy porém mais tarde disse que só
estava tentando provar que ele existia para si mesmo - eu? eu comecei a me
perguntar se havia alguém que existisse mas nunca fiz muita força pra isso -
principalmente quando o Zonk estava por perto - o Zonk se odiava & quando
ficava chapado achava que todo mundo era um espelho”
(continua…)
Prêmio Nobel de Literatura? Isso? Fico pensando sobre os
critérios utilizados pelos suecos para a escolha de cada Nobel. Penso também
sobre o que sentem escritores de verdade como um Amos Oz diante de escolhas
como esta.
Não vou comprar.