quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Beleza

Fotografia

 

Marlon Brando fotografado por Cecil Beaton, 1946

 

 

Para as mulheres, e quem mais gostar, eventuais leitoras do Louco. A foto e o gajo são mesmo lindos!

 

Tem lógica?

 

 

Viña comemora o terceiro gol do Palmeiras

Juan Ignacio Roncoroni/Reuters

 

 

Quem gosta de futebol adora e cultiva o riquíssimo jargão futebolístico, a emprestar precioso toque de humor ao esporte. Algumas frases são verdadeiras pérolas da mais pura ingenuidade infantil, repetidas ao longo das décadas. O jogo só acaba quando termina! Futebol é coisa séria! Clássico é clássico! Estes são exemplos desse folclore!

            Porém, há um dito que considero infalível, e deve ser aplicado quando seu time vai enfrentar adversário sabidamente superior – como ocorreu ontem à noite, no jogo de ida da Libertadores, entre River Plate e Palmeiras, na Argentina. A frase é: Futebol não tem lógica.

            O Palmeiras vem de uma série extenuante de jogos, com muitos jogadores contundidos (do jargão), e uma contaminação generalizada pela covid-19 há poucas semanas. O River, em casa, é considerado imbatível, mesmo porque tem um ótimo conjunto e preserva o mesmo técnico há vários anos. Minha previsão era de que se perdêssemos por 1 a 0, este seria um bom resultado. 

O adversário começou jogando melhor, com preciso toque de bola, errando poucos passes. Mas o alviverde (jargão de novo) não recuou, e Weverton, o goleiro, fazendo lançamentos surpreendentes para Rony, um perna-de-pau desmiolado. Pois foi esse desmiolado que abriu o placar (jargão...) com belo chute (que desviou no beque), depois de clamorosa falha do goleiro portenho. 1 a 0! O técnico argentino estampou sorriso irônico e balançou a cabeça, Isso é apenas um acidente.

O Palmeiras aproveitou a leve desorientação do adversário e continuou no ataque, com gol anulado por poucos centímetros de impedimento (não vou explicar para as mulheres o que isso significa).

Logo no começo do segundo tempo, belíssimo gol de contra-ataque do Verdão! Inacreditável! 2 a 0! O técnico argentino mostrou novamente seu sorriso irônico e tornou a balançar a cabeça.

Às tantas, Gabriel Menino deu uma de argentino, matou a bola de letra, e causou o maior destempero no time adversário, que se sentiu humilhado. Na primeira oportunidade, um esquentadinho desferiu incrível pontapé em Gabriel, na cara do juiz, sendo imediatamente expulso de campo. Era a vitória que se anunciava.

O River não desistiu, continuou atacando. De repente, de bola parada, em escanteio, Viña marcou de cabeça: 3 a 0 para o Palmeiras! Muito sério, carrancudo, o técnico argentino agora olhava para o chão. Eu, ria à toa!

Mais que improvável, tal resultado era impensável antes da partida. Porém, reza a cartilha popular, futebol não tem lógica.

 

Vacinação pública ou privada?

 

 

A discussão sobre a vacinação contra o coronavírus, se pública ou privada, ganha corpo na mídia. Como sempre, é bom ler a opinião ponderada de Hélio Schwartsman para a Folha de S.Paulo (5.jan.2021). Diz ele:

 

“A vacinação só será capaz de pôr fim à epidemia se estiver no âmbito de um programa universal e público. E, se a circulação do vírus permanecer muito elevada, nem quem tem dinheiro para pagar por um imunizante estará livre de riscos. Vacinações são por excelência uma estratégia coletiva de saúde.”

 

         Este o ponto fundamental: trata-se de questão de saúde coletiva, e assim deve ser atacada. 

         Por outro lado, a medicina privada é atividade difundida em todos os países democráticos, e não seria justo impedi-la agora de exercer sua nobre função, tomando-se os cuidados necessários. Destaca Schwartsman:

 

“Seria decerto um despropósito se a iniciativa privada e o setor público entrassem numa disputa suicida pelos mesmos imunizantes.”

 

Ao concluir sua crônica, Schwartsman, indiretamente, ressalta o papel decisivo do SUS na imunização da população brasileira:

 

“Só voltaremos a algum tipo de normalidade depois que a maioria dos brasileiros tiver recebido sua vacina —e apenas o poder público é capaz de fazer isso.”

 

         Mais bem colocado, impossível!

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2021/01/vacinacao-publica-ou-privada.shtml