O vento da liberdade bateu tão forte em minha bandeira,
que ela voou
e virou passarinho.
* * *
A pessoa que se acha grandiosa
olhou pouco para o céu.
* * *
Eu sou um louco das palavras.
Só me falta literatura para ser poeta.
Não a quero, muito obrigado,
me deixe sangrar.
* * *
Para construir a casa que tenho construído em mim,
eu precisei passar um longo período limpando
o terreno baldio
em que minha alma se encontrava.
Foram muitas carriolas de entulho jogado fora.
Como está sua construção?
ps. Meus amigos me ajudaram muito.
A poesia acima é de Pedro Salomão, formado em Geografia, participante de um grupo de palhaços no Hospital do Câncer de Presidente Prudente em 2017.
O título do seu livro (Ed. Planeta, 2018) chama a atenção:
eu tenho
sérios
poemas
mentais
Também é instigante a espécie de introdução intitulada UMA CRISE A MENOS, UMA CRISE A MAIS, que reproduzo parcialmente.
“Antes de mais nada, eu gostaria de pedir licença ao seu coração, pois sinto que a relação que vamos criar a partir de agora é muito forte. Eu escrevi neste livro poesias sobre os lugares mais íntimos em mim, aqueles lugares tão profundos que até eu mesmo só consigo visitar às vezes... Estou me apresentando para você como sou, sem rosto, sem voz e sem cheiro. Apenas ideias. E tudo o que sou são ideias.”
Concluo esta apresentação com mais dois poemas:
A minha insegurança é tanta,
que quando tenho uma boa ideia
não consigo sentir o mérito,
sinto que copiei a ideia de alguém
que mora dentro de mim.
* * *
Eu estou o tempo todo escrevendo.
Mas só às vezes
passo para o papel.
Por fim, uma bela capa, que impressiona pela simplicidade, de autoria de André Stefanini. Gostei muito do livro de Pedro Salomão, principalmente por se tratar de mais um exemplo da Teoria da Escrita Terapêutica.