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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021
Bíblia e Constituição, nessa ordem?
Nesta quarta-feira (1º dez 2021), André Mendonça, indicado para ministro do STF pelo presidente da República, foi submetido a longa sabatina, com oito horas de duração, pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Ele assumiu com ênfase o compromisso de defender a Democracia, a Justiça e o Estado laico, e resumiu em frase de efeito seu modo de pensar: "Na vida, a Bíblia; no Supremo, a Constituição".
Em seguida, sua indicação foi confirmada pelo plenário do Senado. Mendonça então se dirigiu à sala da Presidência do Senado, onde fez breve pronunciamento, que pudemos assistir ao vivo pele tevê. Aí surgiu a fala enigmática, para dizer o mínimo.
André Mendonça mudou o tom do discurso apresentado durante a sabatina para uma fala “terrivelmente” religiosa. Depois de “dar glórias a Deus por essa vitória”, afirmou:
– “É um passo para um homem, mas na história dos evangélicos do Brasil é um salto. Um passo para o homem, um salto para os evangélicos. ...É uma responsabilidade muito grande, uma nação de 40% dessa população que hoje é representada no Supremo Tribunal Federal."
Uma atitude de cautela será esperar pelos votos do futuro ministro nos julgamentos do Supremo, quando saberemos, de fato, a que veio ele. Porém, nada me impede de perguntar: por que Mendonça no STF representará um salto para os evangélicos?
Não consigo imaginar outro sentido para esta fala que não o intuito de defender os interesses da “nação evangélica”, especialmente aqueles que contenham implicações morais e religiosas. Exemplos? Homossexualismo, direito ao aborto, eutanásia, liberdade religiosa plena e tantos outros.
Retrocesso à vista?