quinta-feira, 27 de junho de 2019

Itamaraty e a ideologia de gênero


Segundo a Folha de S. Paulo, em reportagem de Patrícia Campos Mello (26 jun 19), diplomatas receberam nas últimas semanas instruções oficiais do comando do Itamaraty para que, em negociações em foros multilaterais, reiterem “o entendimento do governo brasileiro de que a palavra gênero significa o sexo biológico: feminino ou masculino”.
Pensava eu que gênero e orientação sexual eram construções sociais, e não apenas determinações biológicas. No entanto, para segmentos da direita, a “ideologia de gênero é um ataque ao conceito tradicional de família”. 
“De acordo com fontes do Itamaraty, a instrução foi formalizada porque o Brasil, ao utilizar essa definição, quer evitar ambiguidades. Procurado, o Itamaraty afirmou tratar-se apenas da retomada da definição tradicional de gênero.”
Para Camila Asano, coordenadora da Conectas Direitos Humanos, essa medida pode “comprometer a credibilidade internacional do país”. “Se tal ordem não for imediatamente revertida, o Brasil se unirá a diplomacias que propagam posições retrógradas em espaços internacionais, ignorando avanços nacionais e globais na luta contra desigualdades e preconceitos”, afirma.
Informa ainda Patrícia Mello: “A nova instrução do Itamaraty se alinha a inúmeras declarações do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e do presidente Jair Bolsonaro. Em discurso em seminário promovido pelo Itamaraty e pela Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) no dia 10 de junho, Araújo criticou o globalismo, afirmando que o conceito promove ideias como a "ideologia de gênero", ao lado do “racialismo” — segundo ele, a concepção da sociedade dividida em raças — e do ecologismo, definido pelo ministro das Relações Exteriores como a ecologia transformada em ideologia.
“Se o Itamaraty orienta seus diplomatas dessa forma, o Brasil pode se distanciar de países que acolhem refugiados perseguidos justamente por essas razões. Isso mancha a reputação do país como referência na agenda de proteção a refugiados”.
            
            O tema está sendo tratado aqui veladamente, responsabilizando apenas a chamada “direita”, seja lá o que isso possa significar, pela ideologia de gênero. Por trás disso tudo está o fundamentalismo religioso que assola nosso país. Ninguém se assuste se, de repente, o Itamaraty passe a defender o Criacionismo, ou até mesmo, o Terraplanismo.




inverno em Mendoza




inverno em Mendoza
hora de beber o vinho
secas as parreiras



Foto: AVianna, jun 2019, Iphone8

Tempos londrinos


Penso que esta fotografia foi tirada em Londres, mas não estou certo disso; talvez por volta de 1986 ou 1987. Maria Helena pode confirmar. À esquerda, do alto de seus quase dois metros, está Doug, também conhecido por Doguinho. À direita, nosso pai Ofir. No centro, mãe e filho.
            Chama a atenção a fisionomia de todos, aparentemente tristes. Ofir esboça um sorriso. Shaun demonstra alguma insatisfação, ao permanece de braços cruzados e a cabeça pendida. Maria Helena olha para outro mundo.
            Também não estou seguro dessa minha interpretação de sentimentos dos fotografados.


Dona Fifina


Dona Josefina Viana Ramos, nossa avó por parte de mãe, nunca nos permitiu maior intimidade, era mulher de um século distante. Casou-se com Manuel e foi morar em Floriano, RJ. Manuel, portanto, é nosso avô.
            Manuel morreu de cirrose e Fifina – assim era conhecida – casou-se com João Ramos, carioca, morador da Tijuca, à Rua Campos Salles, torcedor fanático do América. Velhinho simpático, nos levava a mim e meu irmão Paulo ao estádio do clube, a um quarteirão da casa dele.
            Ah!, com eles residia o famoso Lobo, belo pastor alemão, que tratávamos com o maior respeito, medo mesmo.
            Grande parte da Família jamais viu essas fotografias, nem chegou a conhecer as personagens. Por isso, faço esses registros.





Cordilheira majestosa

O viajante, ao se deparar com a Cordilheira dos Andes, seja lá de que ponto for, do avião, ao pé da montanha, de longe, para uma visada abrangente, ele tenta fotografá-la, registrar aquele monumento que tanto o emociona, mas não consegue captar senão uma pálida visão do espetáculo. Frustrado, guarda a máquina fotográfica, olha apenas, para guardar na memória o indescritível.





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Foto: AVianna, jun 2019
Iphone 8