segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Saramago em Esperanto





A Casa dos Bicos ou Casa de Brás de Albuquerque, em Lisboa, foi construída em 1523, a mando de D. Brás de Albuquerque. A fachada está revestida de pedra em forma de ponta de diamante, os "bicos", influência renascentista italiana, exemplo único de arquitetura civil. 
Nela funciona hoje a Fundação José Saramago, que acolhe a biblioteca do escritor, assim como exposição permanente sobre a vida e obra do único ganhador do Nobel de Literatura da língua portuguesa.


            A biblioteca exibe as obras de Saramago editadas em todo o mundo, nas mais diferentes línguas, atestando a universalidade do pensamento do autor.
            A partir de hoje, ela exibe também a tradução para o Esperanto do livro O conto da ilha desconhecida(Ed. Caminho, 1998), com o título Rakonto pri Nekonata Insulo


O tradutor, ninguém menos que o nosso Paulo Sergio Viana, a quem saudamos efusivamente por este feito! Paulo recebeu do próprio Saramago, via e-mail, a autorização para que fosse realizada a tradução.
         Tanto a administradora da Casa, como Pilar del Rio (esta última falou pelo telefone com o tradutor) ficaram sensibilizadas com a oferta, e cobriram Paulo de gentilezas.


           A edição que me foi ofertada pelo irmão, e que guardo como preciosidade, embora não possa ler uma linha sequer, traz na capa fotografia diferente daquela exibida na foto acima, entregue ao acervo da Fundação.
          De agora em diante, a tradução para o Esperanto do conto passa a figurar no acervo da Fundação José Saramago!

Fotoabstração N.48





Foto: AVianna, jun 2018

Literatura e Cinema de mãos dadas



(Apenas uma impressão: quem gosta de Literatura, gosta de Cinema. Que o leitor não se impressione com frase tão imprecisa; talvez este aprendiz de cronista devesse ter feito pesquisa sobre o assunto, para oferecer informação mais exata, com estatística e referências. Nada disso me atrai: o cronista vive de sentimentos, impressões, vaguezas, de preferência sobre coisas corriqueiras do cotidiano, isso sim, serve para a crônica.)
            Voltemos ao tema inicial, Literatura e Cinema de mãos dadas. (Penso que a recíproca não é verdadeira: muita gente gosta de cinema (por que é mais fácil?) mas não se dedica com o mesmo afinco à leitura. Isso não importa no momento.) Para deleite dos que pensam como eu, eis que surge um filme que tem início com o protagonista, autor argentino consagrado, recebendo o Prêmio Nobel de Literatura!
            Trata-se de O Ilustre CidadãoPrêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano(2017), dirigido pelos argentinos Gastón Duprat e Mariano Cohn, roteiro de Andrés Duprat, estrelado por Oscar Martínez, ganhador do prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza. 
            (O ganhador do Nobel também é o ganhador de melhor intérprete? As coisas começam a se embaralhar na mente do cronista. Escritor e ator premiados? Está ficando bom!)
            Vamos ao filme. O discurso de Daniel Mantovini perante a Academia Sueca é um soco no estômago da plateia, do júri, de toda a Academia, e dos reis ali presentes, que não foram reverenciados como manda o figurino – nem o figurino do laureado estava adequado. Para ele, o reconhecimento da Academia é incontestável prova de que o seu trabalho já não tem valor artístico e a confirmação do seu declínio criativo. Mesmo assim, é ovacionado pela plateia, para gozo do laureado. (Ele afirma no filme que o artista vive de sua própria vaidade.)
            (Esta crônica é feita de parêntesis! Mas não posso deixar de me lembrar que até mesmo o grande José Saramago foi profundamente afetado pelo Nobel, o único da Língua Portuguesa.)
Seguem-se cinco capítulos bem demarcados, a partir da volta de Daniel à sua terra natal, a pequena e provinciana cidade de Salas, que deseja condecorá-lo com a medalha de “Ilustre Cidadão”. Mais não devo revelar. A crítica à sociedade e costumes argentinos é contundente. Acrescento apenas que o final é absolutamente surpreendente e espetacular.
Viva o cinema argentino e seu time de excelentes atores!