Futebol é coisa séria. A final de uma árdua disputa como a Copa do Brasil ocorrida há dois dias mexe com muita gente e com interesses os mais diversos. (O campeão embolsou 54 milhões de reais, num país em sérias dificuldades econômicas!)
Aos simples torcedores do time vencedor cabe a alegria infantil do sentimento de vitória. Falo por mim: nada mais infantil que a alegria de ser campeão!
Não posso imaginar o que rola entre cartolas e suas ocultas transações. Nem me interessa. Guardo comigo a lembrança das tardes de domingo, quando nosso pai nos levava a mim e meu irmão Paulo ao estádio da Esportiva de Guaratinguetá, para assistir aos jogos do campeonato paulista. Foi lá que vimos jogar Bauer, Djalma Santos, e tantos outros craques. Além do Palmeiras, naturalmente, trago comigo a imagem do Bragantino, já na época um grande time, ainda na Segunda Divisão. Da Esportiva, guardo com carinho os nomes de Costa, Bolar e Jorge, o goleiro e a ótima zaga, o último com chute capaz de atirar a pelota para fora do estádio e cairia vizinha Aparecida do Norte. São mais de 60 anos de memórias do esporte!
Foi com este espírito que vi o Palmeiras vencer com méritos a última Copa do Brasil, batendo o Grêmio no campo do adversário e no “chiqueirinho”: 3 a 0 na contagem geral.
Por quê o Palmeiras venceu três títulos – Paulistão, Libertadores e Copa do Brasil – na temporada 2020? Por que, dentre outros fatores, o clube teve 13 jogadores da base, durante a temporada, incorporados ao time profissional, alguns de nível de seleção, formando plantel (o jargão não pode faltar) de respeito em número e qualidade, com gastos relativamente modestos.
Fundamentais para as conquistas foram o goleiro Weverton (melhor do Brasil), o paraguaio Gustavo Gomez (o melhor zagueiro do país, o veterano Felipe Neto que virou craque na frente da área, os armadores Zé Rafael e Raphael Veiga, este o melhor do time nos últimos jogos, e o português Abel Ferreira, que tem a virtude de não complicar (ainda). E, naturalmente, a sorte – se o Grêmio marca aquele gol com 5 minutos de jogo...
Futebol é coisa séria, porém mais sério ainda é o que o país vem sofrendo com a peste. Em meio a tantas mortes e tanto sofrimento, não há lugar para comemorações de qualquer espécie.