Militantes do PT e do PSDB trocam tapas em São Paulo.
Foto: Michel Filho / O Globo
Faz
sentido ser apaixonado por um partido político?, pergunta Fernando Schüler, em crônica
publicado no site da Época (16/2). Ele inicia sua argumentação citando Barthes:
“O
apaixonado é frequentemente um tolo, ensinou Roland Barthes. Barthes se referia
à paixão amorosa. A paixão louca dos amantes, dos namorados. Dos amores eternos
e dos impossíveis, desses que a gente vê nos filmes.
Não
faço ideia do que Barthes diria de um sujeito apaixonado por um partido
político. Ou pior: por um político de carne e osso. Um prefeito, governador,
presidente ou ex-Presidente. De minha parte, teria um bom nome a dar a esse
sujeito, que prefiro não usar aqui.
Digo apenas que acho o passionalismo partidário um tanto
ridículo, ainda que eficiente para quem dele se aproveita para chegar – ou se
manter – no poder.”
Outro
modo de dizer a mesma coisa é: A Paixão
é uma espécie de Loucura. Quando se trata da paixão entre duas pessoas – e
isso acontece às vezes de forma inevitável – observa-se que as duas consideram-se
uma só pessoa, unidas pela paixão. Este o maior sintoma da loucura, porque
impossível na realidade.
Acontece,
vá lá, e a experiência é tão intensa que ouso dizer que quem nunca a
experimentou, é porque não viveu.
Agora,
apaixonar-se por um partido político?! É uma loucura insana, desculpem-me o pleonasmo.
Schüler classificou-a como “um tanto ridícula”, porém acrescentou uma boa dose
de racionalismo, ao destacar que há os que se aproveitam do amor ao partido
para chegar ao poder ou manter-se nele.
Penso
que a pergunta que dá origem à crônica é tão oportuna quanto atual. Vemos
diariamente na mídia o estado de decomposição em que se encontram nossos
partidos políticos, atolados numa corrupção institucionalizada, sem liderança,
sem rumo, a não ser o de manter-se no poder. Por que então esta loucura de
defender a todo custo as atitudes de um partido, de seus líderes ou até ex-líderes?
E Schüler conclui:
“A
política pode ser feita com um sentido de missão e um senso de
responsabilidade, como sugeriu Max Weber. O primeiro serve como ímpeto, o
segundo como comedimento. Não é uma equação fácil, nestes tempos nervosos, mas
é a melhor para a democracia, além de preservar velhas e boas amizades.”
O Louco
conclui: é melhor que pensem sobre o assunto.