“... no
funeral,
foi dos que
mais o chorou.
Deus pesa as
almas numa balança.
Num dos pratos
fica a alma,
no outro as
lágrimas dos que a choraram.
Se ninguém a
chorou,
a alma desce
para o inferno.
Se as lágrimas
forem suficientes,
e suficientemente
sentidas,
ascende para o
céu.
Ludo
acreditava nisso.
Ou gostaria de
acreditar.
Foi o que
disse a Sabalu:
Vão para o
Paraíso as pessoas de quem os outros sentem a falta.
O Paraíso é o
espaço que ocupamos no coração dos outros.”
Perdoem-me os poucos
seguidores do Louco, mas depois de duas postagens tratando de versos e
equívocos a respeito de José Eduardo Agualusa, penso que o angolano merece toda
consideração sobre seu livro Teoria Geral do Esquecimento (Ed. Foz, 2012). O
texto acima, justifica esta minha opinião.
O livro é muito bom,
escrito em linguagem poética, e relata a saga dos angolanos em tempos de guerra
e penúria.
Ludovica, ou apenas Ludo,
a personagem principal do romance, permanece em insólita clausura por 30 anos,
enquanto o tempo passa num país em formação. Ao final do livro o leitor
compreende a verdadeira motivação deste isolamento. É quando ficção e realidade
mais se aproximam.
Vale a pena conferir.