Escritor, crítico e filósofo francês George Steiner
Bertrand Guay - AFP
Três perguntas de George Steiner:
1. Como é possível a um ser humano civilizado ler Goethe ou Rilke à noite e trabalhar em Auschwitz na manhã seguinte?
2. Então a cultura não é uma força humanizadora, como acreditamos desde Platão? Finda a hegemonia da cultura livresca, com sua bagagem clássica, vem o quê?
3. Toda linguagem é um pacto. O pacto antigo morreu, e poucos lamentaram isso porque era um pacto elitista, mas como negar a perda de substância humanística envolvida na operação de trocar a fruição de uma cultura clássica plena de sentido pelo faça-você-mesmo banal do culto ao homem comum?
Essas questões aparecem no artigo de Sérgio Rodrigues, Fiadores da civilização - Morte de George Steiner é um marco sutil mas revelador do nosso tempo, para a Folha de S. Paulo (6.fev.2020), no qual ele lamenta a morte do crítico literário e ensaísta George Steiner, aos 90 anos. Afirma Rodrigues: “é um daqueles fatos que podem ser lidos como marcadores do “fim de uma era”.
Escreveu Steiner: “Tecnocracias populistas e de massa caracterizam-se pelo semianalfabetismo”. “Prosperam em meio a uma crise de linguagem, após o fim de um modelo de compreensão do mundo em que “a fala instruída e a escrita eram os fiadores da civilização”.
Tudo isso me parece muito atual.