O Silêncio da Chuva é o primeiro de longa série de romances policiais de autoria de Luiz Alfredo Garcia-Roza, publicado em 1996. Com este livro surge o personagem que ganhou fama nacional e internacional (o livro foi publicado em diversos países), o Inspetor Espinosa, protagonista de quase todas as histórias do autor. O romance ganhou o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira e o Prêmio Jabuti, duas das mais prestigiosas premiações da literatura brasileira.
Garcia-Roza, ex-professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de oito livros sobre psicanálise e filosofia, deixou perplexa a comunidade acadêmica ao abandoná-la e se tornar autor de ficção, mais precisamente do gênero romance policial. Sua morte, em abril de 2020, foi chorada nesse blog. Sou fã! https://loucoporcachorros.blogspot.com/2020/04/morre-garcia-rosa.html
Surge agora o filme, uma adaptação da obra de Roza, com o mesmo título e direção de Daniel Filho, roteiro de Lusa Silvestre, cuja estreia ocorreu em setembro último.
Eu estava enganado. Lázaro Ramos dá um show. Relato aqui duas cenas curtas, logo no início do filme, que tratam do preconceito. Em rápido diálogo com um suspeito – é claro que houve um crime! –, o interlocutor pergunta a Espinosa, Por que você tem esse nome? Em outra conversa, uma mulher afirma irônica, Até que você fala direitinho! São duas manifestações de racismo, bem humoradas, pois o detetive se espanta mas não se ofende, suficientes para reafirmar definitivamente a escolha correta de Lázaro Ramos para o papel principal.
Nada pretencioso, o filme é muito bom! O elenco é de primeiríssima: além do Lázaro, Thalita Carauta, Cláudia Abreu, Mayana Neiva, Otávio Muller, Pedro Nercessian, Bruno Gissoni, Peter Brandão, Raquel Fabbri, Theresa Amayo, Késia Estácio, com participações especiais de Guilherme Fontes e Anselmo Vasconcellos.
A fotografia de Felipe Reinhemmer é excelente, cenas do Rio de Janeiro.
Como assinalei, trata-se de adaptação do livro de Roza. O melhor da história não poderia mesmo ser transposto para um filme, dada a sua complexidade e amplitude: a personalidade do inspetor Espinosa. O filme se torna apenas um bom policial, com crime de difícil solução, trama bem contada, caça implacável ao assassino.
Sugiro que o leitor não deixe de ler o livro, editado pela Companhia da Letras.