sexta-feira, 30 de julho de 2021

Sarah Pripas em Lisboa

Acompanho com o maior interesse e admiração o desenvolvimento artístico de Sarah Pripas, filha dos grandes amigos Sergio e Claudia.

Sarah estuda Arte na Universidade de Lisboa. Não é a primeira vez que tenho o prazer de publicar nesse blog trabalhos dela.

Assim ela descreve sua última criação, publicada no Instagram:

 


“series of paintings made of water and fire - 


the paintings were a part of the exhibition “se eu fosse eu” (“if i was myself”), which i worked a lot on the idea of duality and paradoxes of ourselves.


- in this work the paper was painted with watercolor and then burned on some parts to create this duality of opposites that become one”.

 

                                         Sarah Pripas

 

 

            Gosto de pensar a frase Uma artista em busca de seu estilo. Parabéns, Sarah! Torcendo muito por você!








Paulo Sergio não derruba estátuas

 


Paulo Sergio Viana comentou Borba Gato incendiado 2, texto desse blog postado em 28 de julho próximo passado. A opinião é de pessoa por quem tenho profunda admiração e respeito, homem educado, cultíssimo, poeta, ponderado, um livre pensador. Aprendo sempre com ele. Por isso registro aqui seus comentários.

 

“Também não acho adequado queimar monumentos, como se isso, simplesmente, corrigisse erros. Até porque teremos que queimar muitas memórias. Vamos apagar Tiradentes, que tinha escravos? Vamos execrar José de Alencar, que era contra a abolição? Vamos queimar os sermões do Pe. Vieira, que convencia os negros a se sujeitar à escravidão, para ganhar o Céu? E tem mais. Se não fosse a ação selvagem e violenta dos bandeirantes, o Brasil seria um país muito diferente do que se tornou, talvez dividido em muitos. É fato histórico. Vamos apagá-lo?”

 

 

 

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2021/07/borba-gato-incendiado-2.html#comment-form

Claudia Costin leu Escravidão

 

Mais uma voz se levanta contra a destruição de estátuas: Claudia Costin, Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial. Na Folha de S. Paulo de hoje (29.jul.2021). 

Escreve a educadora: “Em uma obra menos conhecida de Ievtuchenko, "Não Morra Antes de Morrer", o poeta russo relata uma cena ocorrida em seu país, em que uma turba entusiasmada com o fim do império soviético passa a derrubar estátuas de líderes anteriormente admirados, até que decide derrubar as de escritores consagrados, como Púchkin. A cena descrita é forte e nos faz pensar em quanto de ressentimento descontrolado estaria presente no momento em que, a um poeta da primeira metade do século 19, pôde ser imputada a culpa coletiva de ter sido derrubada, em 1917, uma autocracia para colocar outra no lugar. Lembrei-me da cena ao ler sobre o ataque à estátua de Borba Gato.”

Costin justifica seu ponto de vista: “Algo que me chama a atenção nesse linchamento de personagens históricos é o fato de que isso acontece desconsiderando o espírito de época em que viveram, dentro do grupo social em que estavam inseridos. (O grifo é meu.) Assemelha-se, em certo sentido, a críticas a Monteiro Lobato, todas pertinentes, afinal seus textos são claramente racistas, mas que tentavam vetar suas obras para leitura infantil. No fim, chegou-se à conclusão de que professores podem, certamente, trabalhar com as crianças esses livros e usar suas falhas para com elas discutir as questões éticas subjacentes.

Grifo essas palavras porque apresentei a mesma argumentação em postagem anterior: “Penso que, através da educação, mãe de todas as coisas, todos ficarão sabendo que Borba Gato existiu e que não foi flor que se cheire! Basta ler Escravidão, de Laurentino Gomes (Globo Livros). Esquecê-lo, jamais!

...De fato, Borba Gato exemplifica bem a violenta colonização sofrida pelo Brasil, e por isso sua memória deve ser preservada: em vez de enaltecê-lo, a História deve ser reescrita e apresentada às crianças logo no ensino fundamental. Falsos heróis merecem ser desmascarados para que nunca sirvam de exemplo.”

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2021/07/borba-gato-incendiado-2.html

            Outro ponto de identificação para com Claudia Costin se verifica quando ela cita o segundo volume de Escravidão, de Laurentino Gomes: [Então] “pude ter, mais uma vez, a dimensão clara do que Borba Gato significou na história do Brasil. Sim, ele nos levou a conhecer o Brasil "profundo", ainda inexplorado pelo colonizador. No caminho, porém, escravizou índios, levou negros escravos, estuprou mulheres, matou quem a ele se opôs. E, em 1962, uma estátua dele, criada por Júlio Guerra, foi instalada no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, como uma homenagem não merecida aos nossos olhos de hoje. Borba Gato evidentemente não se compara a Púchkin ou a Lobato. Faz sentido então queimar a estátua? Não creio. Preferia uma destinação melhor a ser debatida com a população: colocá-la num museu onde se pudesse ensinar às crianças o real significado das entradas e bandeiras. Como fizeram, aliás, outros países com seus heróis destronados.”

            Há que se considerar esta última proposta de Costin. Derrubar, não!

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudia-costin/2021/07/estatuas-e-historia.shtml