Conselho de Medicina regulamenta consulta, diagnóstico e cirurgia online, este o título da reportagem de Lígia Formenti para O Estado de S.Paulo (3 Fev 2019).
“Médicos poderão atender seus pacientes pela internet. Resolução aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que deverá ser publicada na próxima semana, permite que profissionais façam consultas, diagnósticos e cirurgias online. A regra, que entra em vigor dentro de três meses, surge no momento em que os governos se deparam com vazios de assistência em regiões distantes do País, provocados pela saída de profissionais cubanos do Mais Médicos.”
O relator da resolução no CFM, Aldemir Soares, afirma que “as consultas a distância podem ser úteis para levar assistência nas cidades que não conseguem atrair profissionais.”
A consulta a distância somente pode ser feita com a concordância do paciente. Um termo por escrito, com autorização expressa, tem de ser assinado. (A afirmação chega a ser ridícula. Imagine o leitor alguma situação na qual o paciente fosse “obrigado” a ser atendido a distância!)
O texto aprovado pelo CFM permite também o diagnóstico a distância. “O relator conta que a tecnologia já permite que alguns exames, como o de ouvido e garganta, possam ser feitos pela internet.”
A resolução prevê ainda a teletriagem, quando um médico avalia o paciente e determina qual o tipo de atendimento que ele deve receber. “Isso pode ser muito útil, evita que o paciente, por exemplo, seja encaminhado para uma especialidade que não é tão apropriada para o seu caso.”
As regras estabelecidas se aplicam para a assistência em geral, seja de médicos particulares, que atuam no Sistema Único de Saúde, ou para planos.
“A resolução do Conselho Federal de Medicina permite também cirurgias a distância. Soares conta que já existe no País cerca de 40 centros habilitados para esse tipo de procedimento em que um médico opera, por meio de um robô, um paciente que pode estar a muitos quilômetros de distância. A norma que deverá ser publicada nesta semana prevê que o procedimento somente poderá ser feito em locais com infraestrutura adequada. E, além do cirurgião remoto, é preciso estar presente, no local onde está um paciente, um cirurgião da mesma especialidade. “Ele pode auxiliar na operação, com manipulação de alguns instrumentos e, caso haja qualquer problema, pode assumir a operação.”
(Hospitais e postos de atendimento com frequência estão desprovidos de um simples esfigmomanômetro; como falar em cirurgia a distância?)
(Hospitais e postos de atendimento com frequência estão desprovidos de um simples esfigmomanômetro; como falar em cirurgia a distância?)
Uma pergunta me ocorre de imediato: É isso Medicina?
Ou teremos de dar outro nome a esta prática, que não envolve necessariamente a presença física de médico e seu paciente? A tão festejada relação médico-paciente agora torna-se virtual.
Tempos estranhos esses.