sábado, 24 de março de 2018

Kustelinha, ladrão de livros

A foto do dia



Kustelinha, o cachorro que roubava livros
Foto: Fátima Ferreira/Arquivo pessoal





Celular, um fômite perigoso


Pesquisa realizada por cirurgião da Universidade Federal
de Pernambuco constatou bactérias em 44 celulares
de profissionais que atuam em sala de cirurgia
Foto: Michaela Rehle / Reuters


            O colunista passa um pito nos cirurgiões! Não é de hoje que se fala no assunto dentro e fora dos hospitais, e em particular entre os cirurgiões, os que estão mais diretamente afetados pelo problema, pelo risco de infecção em seus pacientes.
O título do artigo de Hélio Schwartsman é Por favor, lavem as mãos (Folha de S.Paulo, 24 mar 2018). O estudo é de Cristiano Berardo, da UFPE, e revela que 88% dos aparelhos celulares que entraram em salas cirúrgicas (hospital do Recife) estavam contaminados com bactérias potencialmente patogênicas.
O articulista chama a atenção ainda para outros objetos “perigosos”, como o estetoscópio, jalecos, canetas, óculos, teclados, mouses, gravatas. (“Um estudo inglês de 2007 recomendou que médicos deixassem de usá-las. Ao contrário de jalecos, elas quase nunca são lavadas.”)
Schwartsman destaca então a importância da lavagem das mãos, com o objetivo de evitar as infecções. Porém, mesmo em hospitais de países desenvolvidos as regras de boa higiene não passam de 50%. E ele conclui: “É impressionante que, 150 anos depois de o húngaro Ignaz Semmelweis (1818-65) ter demonstrado a importância de os médicos desinfetarem as mãos, grande parte dos profissionais da área não tenha incorporado a prática a suas rotinas. É a prova de que nossos vieses são mais fortes que a informação — e essa certamente não é uma boa notícia.”
            Durante muitos anos, ao exercer atividade docente na Universidade de Brasília, costumava dizer aos alunos que bactérias não têm asas nem pernas, e colocadas num determinado lugar, dalí não saem, a menos que algo ou alguém as remova para outro canto. Para se deslocarem, elas precisam de um fômite. A palavra, originária do plural latino fomites, pavio, é estranha, pouco conhecida, e precisa ser divulgada.
            Fômite é qualquer objeto inanimado capaz de absorver, reter e transportar organismos contagiantes de um indivíduo a outro. Como o celular, do qual ninguém desgruda, nem mesmo no banheiro!
            O ato de lavar as mãos requer técnica adequada. (Observo que minha netinha Gabriela, 7, ao abrir a torneira da pia, passa a brincar com a água que escorre e nem mesmo esfrega a mão direita na esquerda, sabonete nem pensar, apenas mais uma brincadeira.) Há uma técnica para tudo e é bom lembrar que as mãos têm 2 faces, os dedos 4, há muita sujeira debaixo das unhas, tudo precisa ser limpo.
            Mesmo assim, depois de seguidas lavagens, haverá um número ainda maior de bactérias na superfície das mãos, daí a sugestão de que seja empregada solução de gel e álcool para desinfecção.
            O pito do colunista da Folha é portanto exemplar! Uma curiosidade: em crônica anterior ele confessa que traz diversos temas ligados à medicina porque é casado com uma médica. Obrigado, Doutora!