Artistas e
intelectuais francesas criticam 'puritanismo' de campanha contra o assédio.
Manifesto defende a
'liberdade de importunar' dos homens, que consideram 'indispensável para a
liberdade sexual'.
Cem artistas
francesas contra o “puritanismo” sexual em Hollywood.
Manifesto assinado
por atrizes como Catherine Deneuve defende que série de denúncias de assédio
vai na contramão da liberação sexual.
Estas são manchetes
de alguns dos principais jornais de hoje (09 Janeiro 2018), quando cerca de cem
artistas e intelectuais franceses lançaram manifesto no qual criticam o
"puritanismo" da campanha
contra o assédio surgida por conta de casos envolvendo o produtor Harvey
Weinstein. Eles defendem a "liberdade de importunar" dos
homens, que consideram "indispensável para a liberdade sexual". O
manifesto, publicado no jornal francês "Le Monde", afirma que homens
devem ser "livres para abordar" mulheres.
A
divulgação do manifesto ocorre dois dias depois da cerimônia do Globo de Ouro, tomada por
protestos contra a onda de assédios: atrizes se vestiram de preto e
a apresentadora Oprah Winfrey, homenageada da noite, fez um discurso contra o
machismo.
“O estupro é crime. Mas o flerte
insistente ou desajeitado não é um delito, nem o cavalheirismo uma agressão
machista", disseram Catherine Deneuve, a escritora Catherine Millet, a
editora Joëlle Losfeld e a atriz Ingrid Caven.
As artistas disseram que
"não se sentem representadas por esse feminismo que, além das denúncias
dos abusos de poder, adquire uma face de ódio aos homens e sua
sexualidade", em alusão ao movimento #MeToo, que surgiu para
denunciar nas redes sociais casos de abusos
machistas.
As artistas reconhecerem que o
caso Weinstein deu
lugar a uma "tomada de consciência" sobre violência sexual contra as
mulheres no contexto profissional; lamentam que agora sejam favorecidos os
interesses dos inimigos da "liberdade sexual" e dos extremistas
"religiosos". “Mas esta liberação da palavra se transforma no
contrário: nos intima a falar como se deve e nos calar no que incomode, e os
que se recusam a cumprir tais ordens são vistos como traidores e cúmplices”,
argumentam as signatárias, que lamentam que as mulheres tenham sido convertidas
em “pobres indefesas sob o controle de demônios falocratas”.
O manifesto prega que as mulheres
deveriam se unir contra outro oponente, os "inimigos da liberdade
sexual", como extremistas religiosos e reacionários.
O manifesto alerta ainda para as
repercussões que este novo clima poderia
ter na produção cultural. “Alguns editores nos pediram [,,,] que
façamos nossos personagens masculinos menos ‘sexistas’, que falemos de
sexualidade e amor com mais comedimento ou que convertamos ‘os traumas sofridos
pelas personagens femininas’ em mais explícitos”, denunciam as signatárias,
opondo-se também à recente censura de um nu de Egon Schiele no metrô de
Londres, ao pedido de retirada de um quadro de Balthus de uma mostra do
Metropolitan de Nova York e às manifestações contra uma retrospectiva dedicada
à obra de Roman Polanski em Paris.”
“O filósofo Ruwen Ogien defendeu
a liberdade de ofender como algo indispensável para a criação artística. Da
mesma maneira, nós defendemos uma liberdade de importunar, indispensável para a
liberdade sexual”, subscrevem as cem signatárias do manifesto.
Sem
qualquer tomada de posição, penso que o manifesto francês é oportuno e traz o
contraditório, ampliando assim o campo de discussão.
O contraditório é muito bom! Sem juízo de valor, também achei oportuno. Vamos refletir!
ResponderExcluirEssa discussão faz pensar no velho conselho de se procurar o sensato caminho do meio.
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