quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Valha-me Machado de Assis!



            Diante de minha incompetência para escrever um conto de Natal, valho-me de Machado de Assis e seu soneto, que decorei ainda menino. O poema tem um dos fechos mais lindos já escritos, e permanece atual!

Soneto de Natal

Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"

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