Em 12 de março de 2014, há oito anos portanto, publiquei este pequeno conto no Louco. Além de gostar dele, recebi alguns elogios que se encontram registrados abaixo da postagem.
http://loucoporcachorros.blogspot.com/2014/03/50-minutos.html#comment-form
Torno a publicá-lo, após ligeira edição, e com uma certa saudade daquele tempo. São os 10 anos do Louco!
O velho fazia sua caminhada diária quando um carro parou junto ao meio fio e uma pessoa pediu informação – supõe-se, pois não houve testemunhas. O caminhante levou dois tiros no peito e morreu instantaneamente.
O advogado amigo da família e com vocação detetivesca se interessou pelo caso, já que a polícia fez pouco ou nenhum progresso nas investigações durante os seis meses subsequentes. Aparentemente o velho não tinha inimigos. Nos últimos dez anos sua convivência social se reduziu a duas ou três pessoas, incluindo a própria mulher, de um segundo casamento, com quem estava casado há vinte e poucos anos. As aventuras amorosas haviam se perdido no tempo. Ele não devia dinheiro a ninguém, aliás, não devia nada a ninguém. E não dispunha de seguro de vida.
O advogado, residente no bairro da vítima, passou a fazer a mesma caminhada, repetindo trajeto e horário, diariamente. Observador por natureza, mantinha-se atento aos homens e mulheres com quem cruzava, quase todos acima dos cinquenta anos. Contava os carros que rodavam pela rua àquela hora da manhã, anotava marcas, modelos, as cores dos veículos, o número da placa. Fez isso durante seis meses.
Do mesmo modo que a polícia, não pôde chegar a pista alguma. As marcas de sangue deixadas pelo morto na calçada estavam quase que completamente apagadas. Ninguém mais falava do crime. A esposa do velho, alguns anos mais nova, havia se casado em segundas núpcias. O advogado recebeu ótima proposta de emprego numa grande firma de advocacia e se mudou para São Paulo.
Ao chegar em casa depois de 50 minutos de caminhada, esta foi a história que o velho deixou registrada em seu computador, ele que pretendia publicar um livro de contos sobre crimes insolúveis. Morreu de infarto alguns minutos depois.
FIM
Espero que, quem não, leia; e quem já leu, releia. É bom, e curto!
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