Texto de Luiz Armando Bagolin, Professor do Instituto de Estudos Brasileiros da USP e curador da exposição "Era uma Vez o Moderno [1910-1944]", em cartaz no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo. Para a Folha de s. Paulo hoje.
“Modernismo paulista decorrente da Semana de 22, liderado por filhos da aristocracia e burguesia, propôs uma atualização dos padrões estéticos que preservasse a cultura e a memória das elites, espécie de "ruptura negociada" em uma sociedade desigual. Críticas ao movimento centenário, contudo, não devem perder de vista um de seus grandes legados: a valorização da diversidade cultural e racial na formação do Brasil.
“Em 27 de janeiro de 1922, no meio da madrugada, a cidade de São Paulo foi atingida por um forte tremor de terra. No dia seguinte, o jornal O Estado de S. Paulo dedicou uma página ao fenômeno, chamando a atenção para o fato de ter sido "o primeiro na capital (do Estado) de tal intensidade".
“Dias depois, durante a abertura da Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, em 13 de fevereiro, Renata Crespi, uma alta dama da sociedade paulista, ciceroneada pelo escritor Menotti del Picchia, teria parado diante de uma pintura de Anita Malfatti e perguntado: "Não estaria torto aquele retrato?"
"Menotti parou por um instante e respondeu, com fino humor, que não, pois o quadro havia sido realizado sob os efeitos do terremoto recém-ocorrido na cidade. O seu "estilo" era consequência das forças dinâmicas da natureza, o que causava as deformações justificáveis na pintura.”
“Assim, em meio a ironias e paródias, se iniciava o movimento modernista brasileiro.”
Acrescento eu: vale a pena lembrar o nome de Emílio de Menezes, mestre do trocadilho, dono de humor refinado, meu ídolo de infância! Em 22 de julho de 2014 este blog publicou:
https://loucoporcachorros.blogspot.com/2014/07/o-trocadilho-nao-morreu-homenagem.html .
Vale a pena conferir. Emílio volta aqui, não pela Semana de Arte Moderna de 22, mas pela piada de Menotti dei Picchia!
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