“Fora com os missionários em terras de índios isolados”: a manchete de Hélio Schwartsman para a Folha de S. Paulo (27 set 2021) parece ter enfurecido a bancada da Bíblia no Congresso, também em guerra com o ministro Luís Roberto Barroso, do STF. Foi ele quem reafirmou decisão da corte, proibindo a presença de missões religiosas em território de índios isolados, durante a pandemia.
A citada bancada afirma que a decisão é “orientada por ideologia declaradamente anticristã” e promove “perseguição religiosa”.
Replica Schwartsman: “Besteira. O Supremo não proibiu apenas missionários cristãos de contatar os índios, mas “quaisquer terceiros, inclusive membros integrantes de missões religiosas”. Na verdade, ao esclarecer o alcance da decisão, Barroso até que pegou leve com os cristãos, pois permitiu que as missões que já estavam nas aldeias antes da epidemia nelas permanecessem.”
O articulista da Folha reafirma sua posição : “Na minha modesta opinião, tratando-se de índios isolados ou semi-isolados, o correto seria proibir, em qualquer tempo, não só na pandemia, quaisquer contatos, principalmente os de missionários. Exceções só para emergências. Já o missionário, quando chega a uma aldeia, vai com o propósito específico de destruir a cultura local. Ele, afinal, dirá que tudo aquilo em que os índios sempre acreditaram está errado. E a morte da cultura, como sabemos, é o prelúdio do alcoolismo, do suicídio e outras mazelas que costumam afetar índios aculturados.” (Grifo meu.)
Shwartsman conclui corajosamente: “O Estado é laico, o que significa que, independentemente do número de deputados evangélicos, a crença em Tupã goza da mesma proteção que a crença no Deus cristão. Aliás, como Michael Shermer sempre lembra, nos últimos 10 mil anos, os homens produziram cerca de 10 mil religiões com ao menos mil deuses. Qual é a probabilidade de que Jeová seja o verdadeiro e Zeus, Baal, Brahma, Odin, Tupã e mais 994 sejam todos falsos?”
Ele está a falar do respeito às diferenças, apenas isso.
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