domingo, 30 de dezembro de 2018

A Arte de Helena Lopes


“Helena Lopes nasceu em São Paulo. Pintora, gravadora e professora. Formada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, dedicava-se à gravura em metal. Sua primeira exposição ocorreu em 1980. 
Entre 1980 e 1990 participou da edição de três álbuns de gravuras editados em Brasília. 
Em 1986 recebeu uma bolsa de estudos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para desenvolver o projeto Cerrado: Fonte Geradora de Imagens em Gravura em Metal. Esse projeto durou quatro anos, quando interrompeu suas atividades docentes na Faculdade Dulcina de Morais para dedicar-se integralmente ao projeto. 
Como professora, ao lado de Stella Maris Figueiredo Bertinazzo, fundou o Ateliê de Gravura, embrião do que mais tarde viria a ser o Núcleo de Gravura do Instituto de Artes da Universidade de Brasília. 
Desde 1998 não faz mais gravuras e dedica-se à pintura, utilizando-se dos mais diferentes suportes (tecido, gaze, etc.). Passou a utilizar técnicas mais “saudáveis”, que não exigissem tanto esforço físico, nem usassem produtos químicos tão danosos à saúde, como na gravura em metal. 
Hoje, artista premiada, atua na organização de eventos sobre gravura em metal através de mostras coletivas em Brasília e, desde 1987, vem participando de várias exposições no Brasil e no exterior.”



Este blogueiro, agora amigo de Helena, sente-se honrado em poder reproduzir pequena amostra de seu trabalho encantador.
(Clique nas fotos para ampliar.)















 Este site mostra outras obras da artista:



sábado, 29 de dezembro de 2018

Morre Amós Oz



Amós Oz
Foto: Dan Balilty / AP

O mundo perde um grande homem. 

"O nacionalismo moderado é o único poder capaz de frear o nacionalismo fanático, no Oriente Médio e em qualquer lugar. Mas é preciso que seja instaurada uma esperança concreta de condições melhores e da resolução dos problemas, para que os moderados saiam de seus refúgios e se imponham aos fanáticos. Só então a desesperança e o desespero podem recuar e o fanatismos ser contido."

Em: Como curar um fanático, Ediouro, 2004.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Animais estampados em moedas

A foto do dia


Quênia troca as imagens de políticos em moedas pelas dos animais! Grande avanço civilizatório!

Síndrome de Stendhal



Um homem contempla 'O nascimento de Vênus'
Alberto Pizzoli / Getty Images


“Um turista italiano de 70 anos sofre uma parada cardíaca e desaba enquanto contempla O Nascimento de Vênus. À sua direita ficam as telas A Primavera e A Adoração dos Magos; à sua esquerda, A Anunciação; às suas costas, o imponente Tríptico Portinari, do pintor flamengo Hugo van der Goes. Aconteceu no último dia 15, em Florença. Um grupo de médicos que também visitava a exposição conseguiu reanimá-lo com os desfibriladores da pinacoteca.” Trata-se da maravilhosa  Galeria degli Uffizi!
            É o que nos conta Lorena Pacho, de Roma para El País (26 dez 2018). Aventou-se logo o diagnóstico de síndrome de Stendhal, uma espécie overdose de beleza, de intoxicação pela Arte. 
Foi em Florença que o escritor francês Stendhal, em 1817, apresentou sintomas de profundo mal-estar, ao entrar na basílica da Santa Cruz, afetado por tamanho esplendor. “Tinha alcançado esse nível de emoção em que as emoções celestiais das artes e os sentimentos apaixonados se encontram. Senti palpitações no coração, caminhava temendo cair”, escreveu. 
Informa ainda a reportagem: “Este caso é o mais grave já visto no museu, mas não o único. O diretor relata que há alguns anos um jovem sofreu um ataque epilético em frente à tela A Primavera, também de Botticelli. “Nossos assistentes de sala têm formação em primeiros socorros, e um deles o atendeu”, relata. E acrescenta que esses funcionários já estão praticamente familiarizados com os desmaios dos visitantes. “Acontece em frente às obras de arte maiores, mais famosas”,  observa. O exemplo mais recente se deu há alguns meses, durante a inauguração da nova sala dedicada a Caravaggio. Um homem desmaiou em frente à Cabeça de Medusa, uma das obras mais inquietantes do gênio do barroco. “Quando se trata de simples desmaios é mais fácil teorizar sobre uma síndrome de Stendhal”, opina.”
Notícia interessantíssima!


quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Roma, o filme de Cuarón




A Netflix entrou definitivamente para o primeiro mundo cinematográfico e de forma brilhante com a produção de Roma, com roteiro, fotografia, direção, tudo realizado por Alfonso Cuarón.
O tema central lembra o bom filme brasileiro, “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert; ambos tratam da relação entre patrões e empregados domésticos em famílias de classe média. Roma se passa na Cidade do México, nos anos 70, em um bairro com esse nome, onde Cuarón cresceu. 
Yalitza Aparicio, a mulher que interpreta o papel principal, o de empregada da família, nunca havia trabalhado como atriz, e talvez ganhe uma indicação para o Oscar. O filme é dedicado à doméstica que criou o diretor na vida real, e que inspirou a personagem Cleo. Roma ganhou o Leão de Ouro em Veneza, está indicado em várias categorias do Globo de Ouro.
O depoimento de Cuarón a Luiz Carlos Merten, para O Estado de S.Paulo (26 dez 2018) é bastante elucidativo: “É meu filme mais pessoal. Tem muito de autobiográfico, também, e eu tenho a impressão de que toda a minha vida e carreira foi uma preparação para chegar aqui. A partir de um momento, dei-me conta de que tinha de contar essa história, liberar-me dos meus fantasmas. Mas tanto quanto o filme era necessário para mim, eu duvidava que pudesse interessar aos outros. Cheguei a comentar com meu irmão que muito provavelmente ninguém iria vê-lo. Foi realmente uma grande surpresa, uma catarse, receber aquela ovação em Veneza. E, logo em seguida, o Leão. Meu filme mais pessoal tocou as pessoas, tornou-se universal, e isso não tem preço. É uma coisa que me emociona profundamente.” 
            Crítico de cinema famoso escreveu que “o filme nunca emociona”. Suponho que ele tenha dormido durante a projeção; de fato o início é arrastado, monótono, nada acontece, como acontece com a vida das domésticas, arrastada, monótona, onde nada acontece. Mas a história vai ganhando dramaticidade e culmina com cena das crianças em uma praia, de arrepiar.
            Cinco estrelas, com o bonequinho aplaudindo de pé! E o melhor, a gente vê em casa.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Resposta a Suzete ao findar o ano


Minha querida Suzete,

não posso deixar de responder ainda nesse ano sua última cartinha, uma gostosura de se ler, muito bem escrita; adorei os “eleven do supremo”, você deve ter assistido o filme Ocean’s Eleven(Onze homens e um segredo), com o George Clooney, bom filme, para aplicar o título à nossa suprema corte tão malfalada hoje em dia.
            Preciso destacar sua sensibilidade, Suzete, capaz de pinçar o haicai mais bonito de todo o Haicais Tropicais! “Desejava varrer o jardim antes de partir” é mesmo um belíssimo verso; o poeta deseja fazer algo bem simples e desimportante antes de morrer, ao mesmo tempo que quer deixar tudo limpo. Simplicidade, desimportância, texto limpo são atributos da boa poesia. O haicai segue tais preceitos.
            Quanto a nossa MPB penso como você: quando a gente pensa que chegamos ao fundo do poço, vem a sofrência...
            Parabéns pelo novo salão de beleza! A ideia de abrir filial em Nova Iorque é maravilhosa. Sinceramente, espero que não precisemos deixar o Brasil, com os recentes ventos do conservadorismo. Confesso que estou meio assustado, mas não completamente pessimista. Faz bem manter viva alguma esperança de que daqui a 30 ou 50 anos a Educação seja capaz de transformar esse país em terra de gente civilizada.
O que me preocupa é o viés religioso que aparentemente se quer estabelecer como regra institucional. Minutos antes de receber o diploma pela vitória, nosso presidente eleito pediu a um pastor que fizesse uma oração para seleto grupo. Comentei o assunto com uma amiga evangélica, e ela me respondeu, Mas que mal há em rezar? Isso só pode fazer bem!  
Penso eu, por que não rezar na intimidade da própria casa, numa igreja, em algum templo seja de que religião for? O Superior Tribunal Eleitoral talvez não seja o local mais apropriado.  (Dirão os que creem, Qualquer lugar é bom para rezar...)
Com tal viés, temas importantes como o aborto, o direito de morrer em paz (http://loucoporcachorros.blogspot.com/2018/12/direito-de-morrer-em-paz.html), a eutanásia, não poderão ser debatidos nesse ambiente fundamentalista. Implicações com certas manifestações artísticas contemporâneas igualmente poderão ser mal recebidas e rejeitadas a priori
Enfim, querida Suzete, vamos esperar para ver.
Encerro minha resposta à sua cartinha com um haicai do meu querido José Paulo Paes, com o título 

Teoria da Relatividade

devagar se vai longe

mais perto de deus o ateu
do que o monge

            Receba o meu afetuoso abraço, com votos de Feliz 2019.

andré



            

Ensinamento precioso


Da crônica dominical de Leandro Karnal, Ouro, incenso e mirra, em O Estado de S. Paulo (23 dez 2018).

“A crença em Deus também amparou minha mãe até o fim. Dentre os muitos erros da minha vida e que me assombram como os espíritos a Lord Macbeth, em noite de angústia dela em meio a uma crise de tosse e temor pela morte, discorri no quarto sobre filosofia e postura racional diante do medo. Eu deveria ter rezado com ela, apenas, abraçado e compartilhado a angústia da nossa finitude. Decidi ser professor em um momento em que ela só desejava um filho e ofereci a objetividade de um cérebro à mãe que suspirava pelo calor de um coração. Aprendi muito, mas, como sempre, depois de ter errado. Amar é pedir e conceder perdão. Arrependo-me, amargamente, da minha insensibilidade.”

Texto irretocável!


Paula debaixo d'água em Papua




















Fotos submarinas em Papua-Nova-Guiné, em dez 2018.
Paula cada vez melhor!


sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Herança do trauma


A reportagem é de Benedict Carey, para The New York Times (21 dez 2018), com o chamativo título Cientistas debatem se é possível herdar geneticamente um trauma – Estudos recentes sugerem que o trauma pode alterar os genes de uma pessoa.
Pesquisadores da Califórnia publicaram estudo sobre prisioneiros da Guerra Civil americana e chegaram a uma conclusão notável: filhos do sexo masculino de prisioneiros de guerra que sofreram abusos tinham cerca de 10% mais propensão a morrer do que seus semelhantes, a partir da meia-idade. 
O resultado sugeria uma “explicação epigenética”. “A ideia é que o trauma pode deixar uma marca química nos genes de uma pessoa, a qual é transmitida para as gerações seguintes. A marca não danifica o gene; não há mutação. Mas altera o mecanismo pelo qual o gene se manifesta ou é convertido em proteínas funcionais.”  
O campo da epigenética ganhou força há cerca de uma década. Estudos sobre os descendentes de sobreviventes do Holocausto, por exemplo, sugerem que “herdamos alguns traços da experiência de nossos pais e avós, particularmente o sofrimento deles, o que, por sua vez, modifica nossa própria saúde – e talvez a de nossos filhos também.” 
Afirma Carey: “Uma das teorias se baseia em pesquisas com animais. Em estudos recentes, cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, liderados por Tracy Bale, criaram camundongos machos em ambientes difíceis, balançando periodicamente suas gaiolas ou deixando as luzes acesas durante a noite. Isso altera o comportamento subsequente dos genes desses ratos de tal modo que eles mudam a forma como gerenciam os surtos de hormônios do estresse. E essa mudança está associada a alterações na maneira como seus filhos lidam com o estresse: de modo geral, esses camundongos jovens são menos reativos aos hormônios, em comparação aos animais que não passaram pela experiência, disse Bale. “São resultados claros e consistentes”, disse ela. “O campo avançou muito nos últimos cinco anos”.
Assunto interessantíssimo, ainda por ser mais bem esclarecido pela Biologia e Genética. 



Salve Oeiras!

A foto do dia


Estudantes do curso de bandolim se apresentam
em frente a Igreja Matriz, em Oeiras
Foto: Reginaldo de Oliveira


“Oeiras, a cidade do sertão do Piauí que em sete anos conseguiu saltar nos indicadores de educação, passou por um processo que os próprios educadores chamam de "intervenção de educação", em que várias práticas inovadoras foram implementadas para melhorar a qualidade do ensino, considerado como um "doente na UTI", de forma rápida e eficaz. 

Se a alfabetização é a base de todo o trabalho em Oeiras, é a arte que faz a ponte entre os saberes. “A arte é transversal em todas as nossas atividades”, afirma Tiana Tapety. As escolas têm núcleos de cultura onde estão disponíveis diversas aulas, como os cursos de bandolim, um saber tradicional da região, que foi resgatado pela rede de educação. A aposta de Oeiras está em linha com pesquisas internacionais que mostram que a arte é o caminho para o desenvolvimento da criatividade e pensamento crítico – habilidades consideradas essenciais para garantir empregabilidade no futuro.”


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Cecília em Pirenópolis









Vale a pena conhecer Pirenópolis!


Fotos: Cecília Vianna, dez 2018

Suzete deseja Feliz Natal


Meu querido André,

escrevo para lhe desejar um feliz Natal e muita saúde em 2019.
            Tenho escrito pouco, nem mesmo respondi sua última carta, com duas ótimas recomendações. Não é desculpa não, mas tenho trabalhado demais. Você não sabe da novidade: abri um salão de beleza! Acredita? Eu dona de meu próprio salão? 
            Tinha gente pensando que eu estava juntando dinheiro para ir a Nova Iorque; que nada, fui juntando meu dinheirinho na surdina, aprendi como aplicar no tal tesouro direto, para o que faltava, fiz um pequeno empréstimo no banco, e pronto, cá estou eu proprietária. 

SALÃO DA SUZETE

            O nome não poderia ser outro porque Suzete com zê é a minha marca de sorte desde que me conheço por gente e sempre que alguém se espanta e pergunta se Susete não é com esse respondo que meu nome é com zê desde o nascimento. Meu pai fez questão de registrá-lo assim e assim há de ficar até o dia de minha morte e depois.
            Eu queria estampar no letreiro que o salão é misto, corta cabelo de homem e de mulher. Mas a coisa hoje está complicada, André, não estamos mais divididos em homens e mulheres. São tantas as variações que é difícil enumerá-las; além dos clássicos masculino e feminino, há o trans-homem, transmulher, travesti, transgênero, homem transsexual, mulher transsexual, pessoa transexual, mulher trans, homem trans, neutro, sem gênero, cross gender, pessoas trans, pessoas MTF, pessoas FTM, e não sei quantos tipos mais. 
            Resolvi a questão:

SALÃO DA SUZETE
– cortamos cabelo sem discriminação –

            É claro que contratei três ajudantes para cortar do resto, porque eu só corto cabelo de homem (e similares). 
            Vai bem o negócio (assim acabo conhecendo NY!), gostaria muito que você visitasse o salão algum dia. Já pensou, se abro uma filial em NY? Daí não volto para o Brasil, só de férias, pra passar o verão na Bahia. Que a coisa aqui tá preta, André, você sabe. Os eleven do supremo não se entendem, tem gente vendo Jesus em pé-de-goiaba, o atual presidente indiciado novamente, o antigo continua preso, o novo alarmando, a Polícia Federal trabalhando freneticamente desde as 6 da matina e não dá conta de prender tanto corrupto vagabundo, o foragido italiano disfarçado de político mineiro, e o pior de tudo, a sofrência comendo solta. 
            (Disso tenho verdadeiro desgosto. Um país que já teve um João Gilberto, um Tom Jobim, um Vinícius de Moraes, a mpb cantada no mundo inteiro, hoje canta sertanejo, sertanejo universitário, e agora, sofrência. Puta-que-o-pariu. Ups!, escapou.)
            Estou providenciando a compra do tal Anthony Marra que você recomendou no blog, que não paro de ler por nada desse mundo. Também por sua orientação comprei Haicais Tropicais, e me encantei com um haicai de Alberto Marsicano:

caem folhas do salgueiro
desejaria varrer o jardim
antes de partir

          Fiquei fã do haicai, que não conhecia, confesso. Mas também gosto muito das quadras no blog de seu irmão Paulo. Ele é mesmo um poeta!
            Fico por aqui, é a última cartinha do ano. Não deixe de me responder o quanto antes. 

Beijo da sempre sua,

                                                           Suzete.
            
            

No aeroporto


O voo estava atrasado. Então puxou conversa com a velhinha ao lado, que parecia uma boa ouvinte. Falou falou falou, falou muito. Às tantas a velhinha puxou de um bloco de papel e escreveu, Desculpe, sou surda.

Hat-trick



Bale comemora seu segundo gol na semifinal.
Andrew Boyers / Reuters

Com hat-trick de Bale, Real Madrid despacha o Kashima e vai à final do Mundial de Clubes.
            Aficionado por futebol, este blogueiro está sempre publicando sobre o vastíssimo vocabulário do esporte, e não pode deixar passar o hat-trick conseguido por Bale, jogador do Real Madrid, contra o Kashima Antlers, no dia de ontem (19 dez 2018).
            Comecemos pela origem do termo: “Na Era Vitoriana, o termo hat-trick referia-se a um truque de magia no qual o mágico aparecia envergando uma cartola. O truque consistia em colocar a cartola, com a abertura virada para cima, sobre uma mesa próxima. Depois, o mágico retiraria três coelhos, um depois do outro, de dentro da cartola. Nos tempos modernos, esta expressão é muito utilizada como referência à marcação de três pontos num só encontro, tanto em futebol como em outras modalidades.”
As variações do hat-trick no futebol são interessantíssimas: basicamente ele ocorre quando um jogador faz, no mesmo jogo, três gols. São computados os gols feitos no tempo regulamentar, acréscimos ou prorrogação. Os gols na disputa por pênaltis após o término da partida não são válidos.
Existe também o hat-trick "sem falhas", em que os gols teriam de ser marcados consecutivamente em apenas um tempo de partida. 
Há ainda o “hat-trick perfeito” (também chamado de "hat-trick de ouro" ou "hat-trick clássico"), em que os gols são marcados em uma mesma partida, um com cada pé e o outro com a cabeça. 
Quando ocorre um hat-trick, o jogador leva a bola do jogo, como recordação da partida.
Parece não haver tradução para o português deste termo inglês.





quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Direito de morrer em paz


Foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, na última quinta-feira (12), importante projeto de lei que trata da liberdade de escolha do paciente, de receber ou não tratamento no final da vida; em resumo, do direito de morrer em paz.
O PL 231/2018, de autoria do deputado Carlos Neder (PT), se aplica a pacientes dos serviços públicos e privados e depende da sanção do governador para se tornar lei estadual. A expectativa é de que, depois disso, o tema ganhe força para se tornar uma lei federal. É o que informa Cláudia Collucci para a Folha de S. Paulo (18.dez.2018).
“Inspirado em legislações europeias, como da Espanha e da Itália, o projeto avança nas regras de proteção à autonomia dos direitos do paciente e das obrigações médicas, como a informação clínica, o consentimento informado e o direito de o doente dispor previamente sobre suas escolhas em caso de enfermidade terminal e perda da consciência.” 
O projeto paulista não deixa de ser um avanço. “O consentimento informado é uma peça fundamental no exercício da medicina, seja como um direto do paciente em aceitar, negar ou interromper tratamentos, seja como dever moral e legal do médico em respeitar essa decisão, amparado legalmente.” 
Importante ressaltar alguns pontos do projeto aprovado: 

1. A pessoa com uma doença terminal tem o direito de receber, prontamente e por escrito, toda a informação necessária sobre seu diagnóstico, prognóstico e tratamento, adaptada às suas condições cognitivas e sensoriais.
2. Em casos em que essa informação represente grave risco à integridade física ou psíquica do paciente, isso deve ser anotado em seu prontuário clínico de saúde e comunicado às pessoas com vínculo de parentesco, de amizade ou de afeto com o doente.
3. A pessoa tem o direito à tomada de decisão informada, conhecendo toda a informação disponível sobre a sua saúde, durante enfermidade terminal para, em acordo à sua vontade, concordar, recusar ou interromper intervenções e tratamentos propostos pelos profissionais de saúde que visem tão somente prolongar sua vida em razão da existência de determinadas tecnologias ou medicamentos paliativos, sem possibilidade de recuperação de sua saúde.
4. O consentimento informado ou a negativa esclarecida do paciente, livremente revogável a qualquer tempo, deve ser feito de modo documentado, assinado por si ou por seu representante, devendo essa manifestação do paciente ser anotada em seu prontuário para compor a sua história clínica.
5. Quando a pessoa em tratamento não for capaz de tomar decisões ou o seu estado físico ou psíquico não lhe permita conhecer toda a situação e compreender as informações para dar o seu consentimento de modo esclarecido, deverá ser observada a seguinte ordem de representação: a pessoa designada como representante legal; o cônjuge ou o companheiro ou a companheira; os parentes de grau mais próximo, desde que de maior idade; a pessoa que mantém ligação de amizade e afeto com o paciente, de modo reconhecido; a pessoa a cargo de sua assistência ou cuidado com a saúde; na ausência de todos os mencionados acima, o médico responsável pelo cuidado do paciente.

Informa ainda Collucci: “A exemplo do que ocorre na lei italiana, a proposta paulista também avança em fazer valer o direito de crianças e adolescentes em processo de enfermidade terminal. Por exemplo, de receber informações adaptada à sua idade, maturidade, desenvolvimento intelectual e psicológico, além de tratamento médico e cuidados paliativos que ofereçam atendimento de maneira individualizada, e sempre que possível, pela mesma equipe de saúde. Têm o direito ainda de estar acompanhadas o máximo de tempo possível durante sua internação pelos pais, mães ou pessoas que as substituam, salvo quando isso puder prejudicar o seu tratamento. Também devem ser hospitalizadas juntamente com outros menores, evitando o compartilhamento com quartos de adultos.”
Não será fácil a implantação deste projeto, caso seja sancionado, diante da imensa dificuldade da população em lidar com os temas paciente terminal e processo de morrer. As próprias equipes de saúde não estão preparadas para enfrentar certos dilemas, bem como os familiares do paciente.
Em sua coluna de hoje para a Folha (19 dez 2018), O paciente como agente –
Proposta que assegura a doente terminal o direito de tomar decisões está aquém do necessário, Hélio Schwartsman, ao comentar o referido projeto, acrescenta outra dificuldade, de caráter ainda mais complexo: 
“Paradoxalmente, o que mais conspira contra a autonomia são passagens do Código de Ética Médica que, num arroubo de paternalismo onipotente, dão ao médico poderes quase absolutos sempre que ele julgar que a vida do paciente está em risco. Na minha interpretação, normas derivadas diretamente da Constituição prevalecem sobre códigos profissionais, ainda que tenham força de lei federal.”
Conclui Schwartsmam: “É justamente esse conflito que o legislador precisa esclarecer em definitivo, além de regulamentar com mais detalhe os instrumentos através dos quais o paciente pode manifestar sua vontade. A medicina brasileira não pode continuar na era pré-kantiana em que ainda se encontra.”
Caminhamos, porém em passos lentíssimos, nesse mister.





terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Dia do Mergulhador

Hoje, 18 de dezembro, comemora-se o Dia do Mergulhador!
Temos uma mergulhadora e fotógrafa submarina em casa. Portanto, este dia precisa ser comemorado.
Paula encontra-se na Papua-Nova-Guiné, para novos mergulhos e fotos fantásticas. Ganhou a viagem em um concurso de fotografias na Austrália.
Desejamos a ela, Paula Aventureira, uma boa viagem.


Paula Aventureira



Ilha onde estará mergulhando!



Foto premiada.



Fotoabstração N.55







Foto: AVianna, dez 2018

2 fotos minimalistas

fotominimalismo



Céu & Mar




Mar & Céu



Fotos: AVianna, nov 2018

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Obscurantismo



Obra Três Orixás da pintora Djanira da Motta e Silva,
em exposição em uma sala do Palácio do Planalto
Foto: Roberto Stuckert Filho /Divulgação


A reportagem é de Mariana Carneiro Gustavo Uribe para a Folha de S. Paulo (17.dez.2018), sob o título Obras sacras serão retiradas do Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro irá morar, e dá o que pensar. 
O ex-curador da Presidência da República Rogério Carvalho afirma que é natural que o novo presidente faça mudanças na área privativa, cujo acesso não é público. “Mas, na parte pública, o ideal é que as peças de arte sejam mantidas para preservar a leitura histórica”. Ele conta que o presidente Ernesto Geisel, que era luterano, pediu a retirada da pintura “Orixás”, de Djanira da Motta. A tela de grande formato com divindades do candomblé, só voltou a ser exposta nos palácios do governo anos depois, pelas mãos da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. A pintura, hoje exibida no segundo andar do Palácio do Planalto, também deve deixar as vistas da família de Jair Bolsonaro, com previsão de que seja cedida para exposição no Masp.
            Afirma Uribe: "Com a posse de Jair Bolsonaro, obras de arte com imagens sacras devem ser transferidas do Palácio da Alvorada, onde irá morar a família do presidente eleito, rumo ao Palácio do Jaburu. 
Hoje, a residência oficial apresenta como parte de seu mobiliário cinco peças de simbologia católica: um par de anjos barrocos tocheiros, na biblioteca, e quatro estátuas de santos nas salas de música e de estado. Uma das imagens é uma representação em madeira de Santa Bárbara, do século 18. O vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, confirmou o recebimento da escultura." 
“Segundo relatos feitos à Folha por três funcionários do Palácio do Planalto, a transferência ocorrerá após a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ter demonstrado o desejo de que as obras fossem retiradas. A mulher do presidente eleito frequenta a Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro. As denominações evangélicas não costumam venerar esculturas de santo.”
Informa ainda a reportagem que “Recentemente, o acervo do Palácio da Alvorada passou por uma recuperação histórica. As peças restauradas são estimadas em R$ 2,5 milhões e a residência oficial voltou a ter mobiliário elaborado por Oscar e Anna Maria Niemeyer.” 
Penso que uma coisa é não venerar imagens, o que representa indiscutível direito de qualquer pessoa; outra coisa é não tolerar a presença de uma obra de arte, uma pintura ou escultura, porque representam imagens sacras. Então tais pessoas não poderão visitar um grande museu, como o Louvre ou a National Gallery de Londres, repletos de coleções de arte sacra pré-renascentista, obras fundamentais para o entendimento da História da Arte.
As peças citadas e que serão removidas do Alvorada fazem parte da História da Arte do Brasil, sob a assinatura do casal Niemeyer, o que representa verdadeiro ato de violência.
A isso dá-se o nome de obscurantismo. 




sábado, 15 de dezembro de 2018

Cecília visita o Parque Ibirapuera









Três belas fotografias (não editadas) do Parque Ibirapuera tiradas por Cecília Vianna em dez 2018. 
Parabéns, Ciça!

Cuidado com as crianças



Noa vai no carrinho à sala de cirurgia, no Parc Taulí de Sabadell.
Foto Cristobal Castro / EPV


A equipe médica do hospital Parc Taulí de Sabadell (Barcelona) iniciou interessante prática, a de conduzir crianças à mesa de operações dentro do imponente carro esportivo, teleguiado por enfermeiro três passos atrás, com o objetivo de reduzir o estresse e a ansiedade dos pacientes pediátricos nos processos cirúrgicos.

Cuidar bem das crianças representa um importante passo no processo civilizatório da humanidade. 



sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A Picada

Charge do dia



A bicicleta de carga




Não é a primeira vez que cito um certo saudoso amigo, completamente desaparecido, pessoa cultíssima, e que gostava de repetir a frase “O Brasil É Um País De Contistas!”; ele o fazia, porém, com o intuito de depreciar a literatura brasileira de modo geral, ao afirmar que os escritores nacionais não passam de contistas, e com isso diminuía também a importância do gênero conto. Com uma paulada matava dois escritores...
            Nunca concordei com isso, muito menos que o conto seja um gênero menor. Para citar apenas um autor, os contos de Machado de Assis são reverenciados até hoje, e o serão para sempre. 
            Acompanho, portanto, tanto quanto possível, o lançamento de novos autores contistas. Tudo isso para dizer da grata surpresa ao ler A bicicleta de carga e outros contos, de Miguel Sanches Neto, Companhia das Letras, 2018. O autor, nascido no Paraná, é autor de mais de 30 livros, entre romances, poesia, crítica literária, contos e crônicas. Não se trata, portanto, de um neófito, mas do lançamento de novo livro de autor de reputação sobejamente reconhecida.
            O presente volume traz 17 contos da melhor qualidade literária, dos quais destaco Pintado para a guerra, e reproduzo aqui pequena amostra dele:

“Coloca o travesseiro sobre a cadeira da escrivaninha, para ter algum conforto. Mesmo assim ele trabalha um pouco, se levanta para acender o cigarro e vem a paz junto com a tontura. Sente alívio, põe café numa xícara suja e molha os lábios, sempre rachados depois do tratamento. Volta ao computador e tenta construir mais uma frase. Procura longe, numa região qualquer do cérebro, a palavra exata, que vai ser mudada três ou quatro vezes, e preenche mais uma linha, pensando em desertos. Sempre que começa a escrever vem a imagem de deserto, camelos, homens perdidos, o sol, areia por tudo, sede, muita sede, a sonolência, está desmaiando... Levanta-se da cadeira e se deita no sofá para dormir um instante, acordando não no deserto, mas em seu escritório, o barulho da pequena hélice do computador e a necessidade de mais algumas linhas. Começa lendo o pouco que já escreveu, corrige um ou outro termo, vai ao dicionário, volta com um sinônimo raro e conhece então o primeiro prazer da manhã. Acho que ninguém antes usou essa palavra assim. Fica contemplando o texto até que a bunda volta a doer. Daí levanta e segue para a cozinha.”

Miguel Sanches Neto é um mestre! Procurar a “palavra exata” em um “deserto” é uma belíssima imagem...
            A capa – ah! a capa, obsessão deste blogueiro – não é bonita, mas é bem interessante: na roda de trás de uma bicicleta vemos a roda dentada, a corrente encaixada, e os aros por onde se espalham o título, nome do autor e editora. Autoria de Guilherme Xavier, a ilustrar com criatividade o título do livro.