Da crônica dominical de Leandro Karnal, Ouro, incenso e mirra, em O Estado de S. Paulo (23 dez 2018).
“A crença em Deus também amparou minha mãe até o fim. Dentre os muitos erros da minha vida e que me assombram como os espíritos a Lord Macbeth, em noite de angústia dela em meio a uma crise de tosse e temor pela morte, discorri no quarto sobre filosofia e postura racional diante do medo. Eu deveria ter rezado com ela, apenas, abraçado e compartilhado a angústia da nossa finitude. Decidi ser professor em um momento em que ela só desejava um filho e ofereci a objetividade de um cérebro à mãe que suspirava pelo calor de um coração. Aprendi muito, mas, como sempre, depois de ter errado. Amar é pedir e conceder perdão. Arrependo-me, amargamente, da minha insensibilidade.”
Texto irretocável!
De fato, valiosa autocrítica. Rever atitudes pode ser incômodo, mas é mentalmente construtivo.
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