Margem norte da Praça Grande de
Teposcolula. Sob sua base foi encontrado um cemitério com corpos de vítimas do
‘cocoliztli’
Christina Warinner.
Projeto Arqueológico
Teposcolula-Yucundaa
“Quando
Hernán Cortés
pisou em solo mexicano em 1519, havia na região mesoamericana entre 15 e 30
milhões de índios. Ao final do século XVI, mal restavam dois milhões. Embora as
guerras e a exploração tenham liquidado muitos indígenas, foram as
epidemias que dizimaram a população. Em especial uma série de surtos
de uma enfermidade desconhecida, que não tinha nome nem em espanhol nem em
náhuatl, e que os mexicas chamaram de cocoliztli (o mal ou pestilência), matou
entre 50% e 90% dos indígenas. Agora, um estudo com o DNA antigo pode ter identificado
esse agente patogênico: a salmonela.”
Assim
tem início a impressionante reportagem de Miguel Ángel
Criado para El País (15 JAN 2018).
Os
sintomas eram febre
alta, dores estomacais, diarreia, sangramento por todos os orifícios do corpo e
icterícia. A morte
ocorria num prazo de três ou quatro dias. Houve quem a visse como um castigo
divino, já que afetava só os indígenas,
enquanto os espanhóis pareciam imunes.
Segundo
Criado, houve seis grandes surtos de cocoliztli no século XVI, sendo que as duas grandes
epidemias foram as de 1545 e a de 1576. Na primeira, estima-se que
80% da população morreu. Na segunda, já com dados de dois censos de famílias
espanholas e indígenas, morreram 45% dos nativos, que àquela altura eram apenas
quatro milhões.
Eis
o aspecto mais interessante da reportagem: “Agora, um grupo de arqueólogos
mexicanos e especialistas alemães em DNA antigo acreditam ter identificado no
sítio arqueológico de Yucundaa-Teposcolula o agente patogênico que causou
tamanha mortandade. Localizado na Mixteca Alta (Oaxaca, México), sob a praça
central da cidade, esse sítio arqueológico guarda os restos de dezenas de
pessoas enterradas naquela época, segundo a datação por radiação de carbono.
Com as precauções exigidas pela dificuldade inerente à análise de um material
genético estranho em restos com quase 500 anos de idade, os autores do estudo
acharam a presença de uma bactéria, a Salmonella
enterica, nos dentes de indígenas que morreram durante a epidemia.”
Fora a tuberculose e a gripe, como no Brasil.
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