segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Assassinato entre chimpanzés


Foudouko, macho alfa do grupo de chimpanzés, pelo ar de superioridade e testa enrugada ganhou o apelido de Saddam, pelos antropólogos que o observavam no Senegal, há onze anos.
Foudouko foi deposto em 2007, e perdeu o poder após seu número dois, o macho beta Mamadou, se ferir gravemente. Enfraquecido, o líder fugiu. Voltou  após cinco anos de exílio, mas foi escorraçado pelos machos do grupo. Em 2013, aos 17 anos de idade, acabou assassinado.
As mãos e um pé de Foudouko estavam cheios de marcas de dentes, sugerindo que dois chimpanzés abocanharam seus braços, enquanto outros o agrediam com violência extrema. O grupo continuou atirando pedras, dilaceraram sua garganta e comeram partes do corpo já sem vida. A fêmea mais gulosa era a mãe de dois machos agora no comando da tribo.
            Não são frequentes assassinatos entre os chimpanzés.
O famoso primatólogo Frans de Waal, o autor de "Eu, Primata" (2007), descreveu situação similar com um grupo de chimpanzés cativos, na qual a liderança era instável. "Um alfa foi morto e castrado por dois machos frustrados após perderem o posto de dominantes". Afirma Waal:  "Se um alfa tem mão pesada e aterroriza a todos, isso pode terminar mal para ele. Se o alfa é popular, seria deposto sem tamanha agressão."
Eduardo Ottoni, da USP, diz que a força de um alfa "depende muito de alianças. Caso seu beta o traia e se una a outro, esses dois podem dar um pau nele".
Canibalismo também é infrequente: “A fêmea Zora arrancou o pênis e testículos de um macho e os comeu com folhas frescas arrancadas de uma muda, relata "The Real Chimpanzee" (2009), que fala sobre as estratégias sexuais dessa espécie conhecida, no nome científico, como Pan troglodytes.”
Conhecer a evolução das espécies, em particular a dos primatas, ajuda a compreender melhor certos comportamentos do primata a quem chamamos de humano.


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