Há quem não
goste de western – desde já aviso que
prefiro a palavra faroeste, bem brasileira. Será aquele tipo de preconceito que
leva certas pessoas a eliminarem determinadas escolhas, por simples capricho?
Por exemplo, Não gosto de literatura policial, Não gosto do Zeca Pagodinho, vai
por aí afora. Mas como é possível não gostar de Era uma vez no Oeste, dirigido por Sergio
Leone (1968)?
Há
dois dias assisti em sessão de pré-estreia Os
oito odiados, o segundo faroeste de Tarantino, de quem sou fã de
carteirinha; o primeiro foi Django livre. Só posso dizer que se trata de um
filme de arte!
O
filme tem início com a deslumbrante paisagem dos caminhos tomados pela neve
espessa, grandes montanhas geladas, e a carruagem – forte elemento desse gênero
de filme – deslizando pela nevasca que mais parece o fim do mundo, tudo filmado
com lente 70 mm. Após alguns incidentes e muita conversa – o niger Samuel L. Jackson rouba a cena –,
a violência já se faz presente, quando uma mulher é seguidamente espancada.
Enfim, chegam à estalagem. E a filmagem prossegue com a mesma lente de 70 mm, o
que confere às cenas um belíssimo efeito de grande angular.
Haverá
violência? Claro que sim.
Sugiro
aos que têm medo de Tarantino que não levem a sério esta mesma violência; ela
faz parte do gênero; as pessoas são rudes; são caipiras de pouca ou nenhuma
sensibilidade; e respeitam acima de tudo a lei do mais forte, o império da
bala. Não há outra coisa a esperar deles. Chega a existir mesmo uma certa
ingenuidade na crença cega no revólver, nome antigo da pistola. E Tarantino esbanja senso de humor, mesmo
nas cenas mais “violentas”; é a força da caricatura, presente em todos os seus
filmes, a partir de Cães de Aluguel (há forte semelhança entre este e o atual,
embora de gêneros bem distintos).
Em
tempo: no dia seguinte fui ver Macbeth, dirigido por Justin Kurzel e estrelado
pelo grande Fassbender. Aquilo sim, é violência! Não há lugar para ingenuidade, senão ambição desmedida pelo
poder e violência insana. É o culto da guerra. Horror horror horror, sem
piedade.
Não
é o que acontece no faroeste.
Nota: *****
Nota: *****
Vi o anúncio do filme e imediatamente pensei em você no primeiro dia que passaria o filme você já estaria lá. Tarantino tem uma nova fã Sarah que já assistiu Django seis vezes! Quando der verei.
ResponderExcluirFã de carteirinha, adorei! (o filme e o artigo)
ResponderExcluirNão gosto de violência - seja ela estilizada, disfarçada, glamourizada, ironizada, sarcástica ou artística. O mundo está saturado de violência. Tarantino poderia usar seu (inegável) talento para outras das grandes indagações da humanidade. Prefiro Woody Allen.
ResponderExcluirCinema é arte democrática por excelência: tem pra todos os gostos!
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ResponderExcluirTêm umas cenas visualmente belíssimas, como bem no início, que a câmara vai distanciando de uma estátua de Jesus escavada em madeira no meio do nada com o mundo coberto de neve. Uma música que começa baixa e vai intensificando à medida que vamos identificando a figura de Cristo.
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