sexta-feira, 4 de julho de 2014

O sucesso da Copa!


              Vencida a fase de grupos, iniciado o chamado mata-mata, podemos afirmar sem medo de errar que esta Copa do Mundo é um sucesso! Dois aspectos podem ser considerados, um objetivo e outro subjetivo.
            Os jogos têm sido ótimos em sua grande maioria, sob o ponto de vista técnico. O treinador do time russo, italiano de larga experiência, declarou que “nunca viu uma copa como esta”. As seleções jogam ofensivamente, não há retrancas, são raros os zero a zero. Até mesmo quando os times não apresentam um nível ótimo, os jogos são movimentados, prendem a atenção do torcedor pelo entusiasmo e empenho dos jogadores.
            Os estádios, de Manaus a Porto Alegre, sempre lotados, são um espetáculo a parte, com a torcida colorida do mundo inteiro. Se os dois times são estrangeiros, os autóctones escolhem um deles para torcer, geralmente o mais fraco, o que acaba por animar o jogo.
            Episódios tristes não poderiam faltar, ou não seríamos todos humanos. O pior deles até agora foi a surpreendente mordida do uruguaio Suárez, contumaz mordedor, agora sabemos. Ora, quase todas as crianças passam pela fase das mordidas, não se trata de algo estranho à espécie, seja por causa da freudiana fase oral, seja porque se trata da arma mais eficiente de que dispõem as crianças, com poucos recursos físicos para o ataque e defesa. Agora, se o sujeito não cresceu, se não sabe lidar com sua agressividade, se não pode controlar certos impulsos, melhor buscar tratamento adequado. (Pobres terapeutas...)
            Até mesmo os times eliminados após a fase de grupos perderam com dignidade, pois perder faz parte do jogo, um clichê verdadeiro. Talvez a seleção russa pudesse ter brigado um pouco mais no último jogo contra a Argélia. Portugal, se acreditasse mais, poderia ter feito 4 gols em Gana. De modo geral os resultados foram justos, os classificados para a segunda fase fizeram por merecer. Ah!, e os goleiros têm brilhado!
            Muito mais poderia ser dito a respeito dos jogos e jogadores, deixo para os comentaristas em suas mesas redondas, pois é disso que eles vivem. O que desejo acrescentar diz respeito aos aspectos subjetivos do futebol, pois eles existem, inegavelmente. Trata-se do jogo fora das quatro linhas (nem é preciso dizer que adoro o jargão futebolístico; desde menino penso em publicar um dicionário do futebol, dirigido àqueles que não possuem familiaridade com as expressões utilizadas pelos narradores, como o drible da vaca, gol espírita, gol olímpico, chapéu, chaleira, bola passada na caneta, elástico, frango, carrinho, banheira, bater roupa pelo goleiro, matar a bola, mão de alface, tapetão, folha seca, bola no ângulo, furada – furar o quê, o vento? – enfim, só esta riquíssima linguagem já seria motivo de grande respeito e admiração pelo futebol, e que ocorre, naturalmente, fora dos gramados.)
            Como explicar que um simples jogo, com poucas regras, diga-se de passagem, seja capaz de despertar tamanha paixão mundo afora? Não são poucos os estudos psicológicos, antropológicos e sociais tentando desvendar este mistério. A origem da minha paixão, esta eu sei explicar. Dos 7 aos 17 anos eu jogava bola todos os dias! Nossa casa, no interior de São Paulo, ficava ao lado de um lindo campinho de futebol, margeado por um ribeirão, e bastava pular o muro e ganhávamos – eu e meu irmão – um mundo de fantasia. A ótima escola onde fizemos o segundo grau, com o pomposo nome de Instituto de Educação Conselheiro Rodrigues Alves, tinha sua quadra de futebol ainda de terra batida, os joelhos e cotovelos permanentemente ralados. Estudávamos pela manhã; terminadas as aulas, íamos para casa almoçar, havia um descanso forçado (pela mãe) de trinta minutos, e lá estávamos novamente na escola, para o diário futebol de todas as tardes, para desespero da progenitora, que reclamava da falta de tempo para os estudos.
Para mim, futebol tem o puro gosto do que de melhor vivi na infância.
            

Um comentário:

  1. A cada copa, a cada brasileirão, a cada paulistão, o entusiasmo recomeça. É por isso que se diz que a infância marca para sempre...

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