Com título sugestivo e ao mesmo
tempo poético – “Foi tudo mentira, você não me amou” – Eliana Cardoso compôs a
belíssima crônica publicada no Eu & Fim de semana, do Valor Econômico.
Iniciou
citando Borges e Rabelais (Gargântua e Pantagruel), passou por Umberto Eco e o
contemporâneo Robert Trivers, fez rápida e interessantíssima referência a Sun
Tzu (“A habilidade suprema do guerreiro é vencer sem combater”), para deter-se
em Um copo de cólera, de Raduan Nassar.
O
tema central da crônica é a mentira e o autoengano:
“Talvez não tanto quanto Baudolino, o homem comum também mente.
Mente mais para si mesmo do que para os outros. A razão, explica Robert Trivers
em Deceit and Self-Deception (Penguin, 2014, ainda sem tradução em português)
reside no fato de que mentir para si mesmo é a melhor maneira de conseguir
enganar os outros. O mentiroso mais convincente acredita nos próprios embustes.
Na perspectiva convencional, o autoengano funciona como mecanismo
de defesa. Para sobreviver num mundo perigoso onde nos sentimos vulneráveis, as
mentiras nos reconfortam como os narcóticos (conceituais ou químicos) e nos
ajudam a evitar verdades desagradáveis.” (1)
Eliana destaca três movimentos em Um copo de cólera, e disseca
a relação de amor e ódio – mais ódio que amor – entre duas pessoas “supostamente
enamoradas”. E conclui com uma frase genial (aqui, ela bem que poderia ter
citado Freud...), útil para todos nós, especialmente em se tratando de
relacionamento humano: “Quem não aprende, repete”.
A crônica integral está disponível também no site da
autora. É só clicar e deliciar-se:
Aprender pode ser bem mais difícil do que parece...
ResponderExcluirQue bom encontrar você por aqui, Tatyana! É o bom da vida: aprender sempre...
ExcluirDito de outro modo, como ouvi de um psicanalista: "O neurótico não vive, repete."
ResponderExcluirMuito boa mesmo, a articulista, André!