Em homenagem a Djalma Santos,
falecido há dois dias.
Estávamos no final dos anos 50 ou no início dos 60, não
me lembro bem. O que importa é que o Palmeiras iria jogar em Guaratinguetá,
contra a também querida Desportiva. O menino levou para o campo – o jogo seria
à noite, onde o gramado e as cores dos uniformes ficam ainda mais bonitos – a
íntima e dolorosa dúvida: torcer por quem?
O pai não perguntou, também ele palmeirense, muito menos
o irmão, corinthiano roxo. Foram em silêncio para o estádio.
Quando o Palmeiras entrou em campo a torcida local
ensaiou vaia, logo reprimida pela presença de grandes jogadores, entre eles
Djalma Santos, escolhido o melhor lateral direito da Copa de 58, na Suécia.
Lá pelas tantas, a bola correndo pela lateral do campo em
direção à ponta direita, bem próximo de onde nos encontrávamos na arquibancada, aconteceu a
insólita jogada. Corriam juntos o Djalma – ele era lateral mas atacava como
ponta – e o defensor da Desportiva, quando, num tranco lícito de ombro, o
palmeirense jogou o adversário no alambrado, prosseguindo com a jogada, que terminou
em cruzamento sobre a área do Desportiva.
A torcida vaiou feio, juiz-ladrão-filho-da-puta, pedindo
falta do palmeirense. Foi quando o menino levantou-se e começou a gritar, Foi de
ombro, foi de ombro, isso vale, futebol é pra homem...
O pai e o irmão espantaram-se com a desenvoltura do
menino, e agora todos sabiam por quem ele torcia...
Boa! Futebol é pra homem! Grande Djalma Santos, que jogava a bola com as mãos da lateral até a marca do pênalti...
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