sábado, 31 de julho de 2021

Pirata

 

Sou o único homem a bordo do meu barco.

Os outros são monstros que não falam,

Tigres e ursos que amarrei aos remos,

E o meu desprezo reina sobre o mar.

 

Gosto de uivar no vento com os mastros

E de me abrir na brisa com as velas,

E há momentos que são quase esquecimento

Numa doçura imensa de regresso.

 

A minha pátria é onde o vento passa,

A minha amada é onde os roseirais dão flor,

O meu desejo é o rastro que ficou das aves,

E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

In Obra poética – vol. 1

Ed. Caminho, 4ª edição, 1998

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

 

“A coisa mais antiga de que me lembro é de um quarto em frente do mar dentro do qual estava, poisada em cima duma mesa, uma maçã enorme e vermelha. Do brilho do mar e do vermelho da maçã erguia-se uma felicidade irrecusável, nua e inteira. Não era nada de fantástico, não era nada de imaginário: era a própria presença do real que eu descobria. Mais tarde a obra de outros artistas veio confirmar a objetividade do meu próprio olhar. Em Homero reconheci essa felicidade nua e inteira, esse esplendor da presença das coisas. E também a reconheci, intensa, atenta e acesa na pintura de Amadeu de Sousa Cardoso. Dizer que a obra de arte faz parte da cultura é uma coisa um pouco escolar e artificial. A obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida.

Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real.”

 

                        

            Sophia de Mello Breyner Andresen

            In Obra poética – 3 volumes

 Ed. Caminho, 4ª edição, 1998

 

O texto acima está na introdução da referida edição de Sophia de Mello. A frase “a obra de arte faz parte do real”é para ser guardada com carinho.

 

 

“Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto 1919, Lisboa 2004) foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999. O seu corpo está no Panteão Nacional desde 2014 e tem uma biblioteca com o seu nome em Loulé.”  

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sophia_de_Mello_Breyner_Andresen

 

Conversação

Meus quadros favoritos


 Henry Matisse, 1912

sexta-feira, 30 de julho de 2021

Sarah Pripas em Lisboa

Acompanho com o maior interesse e admiração o desenvolvimento artístico de Sarah Pripas, filha dos grandes amigos Sergio e Claudia.

Sarah estuda Arte na Universidade de Lisboa. Não é a primeira vez que tenho o prazer de publicar nesse blog trabalhos dela.

Assim ela descreve sua última criação, publicada no Instagram:

 


“series of paintings made of water and fire - 


the paintings were a part of the exhibition “se eu fosse eu” (“if i was myself”), which i worked a lot on the idea of duality and paradoxes of ourselves.


- in this work the paper was painted with watercolor and then burned on some parts to create this duality of opposites that become one”.

 

                                         Sarah Pripas

 

 

            Gosto de pensar a frase Uma artista em busca de seu estilo. Parabéns, Sarah! Torcendo muito por você!








Paulo Sergio não derruba estátuas

 


Paulo Sergio Viana comentou Borba Gato incendiado 2, texto desse blog postado em 28 de julho próximo passado. A opinião é de pessoa por quem tenho profunda admiração e respeito, homem educado, cultíssimo, poeta, ponderado, um livre pensador. Aprendo sempre com ele. Por isso registro aqui seus comentários.

 

“Também não acho adequado queimar monumentos, como se isso, simplesmente, corrigisse erros. Até porque teremos que queimar muitas memórias. Vamos apagar Tiradentes, que tinha escravos? Vamos execrar José de Alencar, que era contra a abolição? Vamos queimar os sermões do Pe. Vieira, que convencia os negros a se sujeitar à escravidão, para ganhar o Céu? E tem mais. Se não fosse a ação selvagem e violenta dos bandeirantes, o Brasil seria um país muito diferente do que se tornou, talvez dividido em muitos. É fato histórico. Vamos apagá-lo?”

 

 

 

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2021/07/borba-gato-incendiado-2.html#comment-form

Claudia Costin leu Escravidão

 

Mais uma voz se levanta contra a destruição de estátuas: Claudia Costin, Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial. Na Folha de S. Paulo de hoje (29.jul.2021). 

Escreve a educadora: “Em uma obra menos conhecida de Ievtuchenko, "Não Morra Antes de Morrer", o poeta russo relata uma cena ocorrida em seu país, em que uma turba entusiasmada com o fim do império soviético passa a derrubar estátuas de líderes anteriormente admirados, até que decide derrubar as de escritores consagrados, como Púchkin. A cena descrita é forte e nos faz pensar em quanto de ressentimento descontrolado estaria presente no momento em que, a um poeta da primeira metade do século 19, pôde ser imputada a culpa coletiva de ter sido derrubada, em 1917, uma autocracia para colocar outra no lugar. Lembrei-me da cena ao ler sobre o ataque à estátua de Borba Gato.”

Costin justifica seu ponto de vista: “Algo que me chama a atenção nesse linchamento de personagens históricos é o fato de que isso acontece desconsiderando o espírito de época em que viveram, dentro do grupo social em que estavam inseridos. (O grifo é meu.) Assemelha-se, em certo sentido, a críticas a Monteiro Lobato, todas pertinentes, afinal seus textos são claramente racistas, mas que tentavam vetar suas obras para leitura infantil. No fim, chegou-se à conclusão de que professores podem, certamente, trabalhar com as crianças esses livros e usar suas falhas para com elas discutir as questões éticas subjacentes.

Grifo essas palavras porque apresentei a mesma argumentação em postagem anterior: “Penso que, através da educação, mãe de todas as coisas, todos ficarão sabendo que Borba Gato existiu e que não foi flor que se cheire! Basta ler Escravidão, de Laurentino Gomes (Globo Livros). Esquecê-lo, jamais!

...De fato, Borba Gato exemplifica bem a violenta colonização sofrida pelo Brasil, e por isso sua memória deve ser preservada: em vez de enaltecê-lo, a História deve ser reescrita e apresentada às crianças logo no ensino fundamental. Falsos heróis merecem ser desmascarados para que nunca sirvam de exemplo.”

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2021/07/borba-gato-incendiado-2.html

            Outro ponto de identificação para com Claudia Costin se verifica quando ela cita o segundo volume de Escravidão, de Laurentino Gomes: [Então] “pude ter, mais uma vez, a dimensão clara do que Borba Gato significou na história do Brasil. Sim, ele nos levou a conhecer o Brasil "profundo", ainda inexplorado pelo colonizador. No caminho, porém, escravizou índios, levou negros escravos, estuprou mulheres, matou quem a ele se opôs. E, em 1962, uma estátua dele, criada por Júlio Guerra, foi instalada no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, como uma homenagem não merecida aos nossos olhos de hoje. Borba Gato evidentemente não se compara a Púchkin ou a Lobato. Faz sentido então queimar a estátua? Não creio. Preferia uma destinação melhor a ser debatida com a população: colocá-la num museu onde se pudesse ensinar às crianças o real significado das entradas e bandeiras. Como fizeram, aliás, outros países com seus heróis destronados.”

            Há que se considerar esta última proposta de Costin. Derrubar, não!

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudia-costin/2021/07/estatuas-e-historia.shtml

quinta-feira, 29 de julho de 2021

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Borba Gato incendiado 2

 

Estátua de Borba Gato em chamas.

Foto: Thais Haliski

 

 

Com o título Borba Gato incendiado, postei ontem nesse blog minha opinião contrária à destruição de estátuas e monumentos, amparado por argumentos de Hélio Schwartsman, articulista da Folha de S. Paulo, a quem muito admiro.  http://loucoporcachorros.blogspot.com/2021/07/borba-gato-incendiado.html

            Também ontem, El País publicou texto de Vladimir Safatle, professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo: Do direito inalienável de derrubar estátuas.

https://brasil.elpais.com/opiniao/2021-07-26/do-direito-inalienavel-de-derrubar-estatuas.html

            (Peço ao meu eventual leitor o obséquio de ler o texto de Safatle antes de prosseguir no meu arrazoado. Ou não.)

            Logo abaixo da manchete do jornal, Safatle escreve: “Um bandeirante é, acima de tudo, um predador.” O verbo está no presente do indicativo – um bandeirante é. Parece que, para o autor, Borba Gato vive, e por isso deve ser punido. Mas o professor não é ingênuo; ele justifica: “Quem controla o passado, controla o futuro”. E informa que a frase está em 1984, de George Orwell, e “é uma das mais importantes lições a respeito do que é efetivamente uma ação política. Toda ação política real conhece a importância de compreender o passado como um campo de batalhas. Ela compreende que o passado é algo que nunca passa por completo.”

            O passado pode até não passar completamente, mas pode ser ressignificado; podemos dar outro sentido ao passado, especialmente quando há aspectos negativos envolvidos. O passado não precisa repetir-se indefinidamente, tanto nos campos social e político quanto na esfera pessoal.

Safatle prossegue: “O “agora” é apenas uma forma, politicamente interessada, de bloqueio do presente. Pois quem luta pela liberação do passado, luta pela modificação do horizonte de possibilidades do presente e do futuro.”

“Liberação do passado” é uma boa expressão! Parece claro que ela não representa a destruição do passado. Liberação ou libertação são palavras que exemplificam bem o processo de ressignificação.

Prossegue Safatle: “Os apóstolos do esquecimento deveriam lembrar que foi assim que criamos o país da compulsão contínua de repetição. País que se acostumou a ver militares agindo como se estivessem em 1964, no qual uma política catastrófica de anistia permitiu que as Forças Armadas preservassem seus responsáveis por crimes contra a humanidade até que eles voltassem a ameaçar a sociedade. O esquecimento é uma forma de governo.”

Surge aqui um paradoxo! Safatle é contrário ao esquecimento, porém propõe a destruição de estátuas que lembram um passado ruim. Penso que, através da educação, mãe de todas as coisas, todos ficarão sabendo que Borba Gato existiu e que não foi flor que se cheire! Basta ler Escravidão, de Laurentino Gomes (Globo Livros). Esquecê-lo, jamais!

O professor é ainda mais enfático: “Pois uma estátua não é apenas um documento histórico. Ela é sobretudo um dispositivo de celebração. Como celebração, ela naturaliza dinâmicas sociais, ela diz: “assim foi e assim deveria ter sido”. 

O argumento é fraco: nem sempre o que foi, deveria ter sido; o Holocausto é “celebrado” em todo o mundo com a edificação de museus, uma infinidade de livros e filmes, para que nunca seja esquecido e para que nunca mais se repita.

Continua Safatle em sua pregação: “Destruir tais estátuas, renomear rodovias, parar de celebrar figuras históricas que representam apenas a violência brutal da colonização contra ameríndios e pretos escravizados é o primeiro gesto de construção de um país que não aceitará mais ser espaço gerido por um Estado predador que, quando não tem o trabuco na mão, tem o caveirão na favela, tem o incêndio na floresta, tem a milícia.” 

De fato, Borba Gato exemplifica bem a violenta colonização sofrida pelo Brasil, e por isso sua memória deve ser preservada: em vez de enaltecê-lo, a História deve ser reescrita e apresentada às crianças logo no ensino fundamental. Falsos heróis merecem ser desmascarados para que nunca sirvam de exemplo.

Agora surge uma séria acusação por parte do professor Vladimir: “Quem faz o papel de carpideira de estátua acaba se tornando cúmplice dessa perpetuação. Só sua derrubada interrompe esse tempo. Essa ação é, acima de tudo, uma autodefesa.”

Devo admitir que gostei do termo “carpideira de estátua”, mas trata-se de pura retórica. Ninguém mais chora o bandeirante, faz tempo que ele morreu. Em pleno século XXI, podemos olhá-lo com outros olhos, não há mais necessidade do ódio, da represália, da vingança. Repito, a Educação ressignifica!

Safatle conclui: “Por isso, quando as estátuas começarem a cair, é porque estamos no caminho certo.”

O Estado Islâmico estava absolutamente certo do caminho que havia tomado quando dinamitou os monumentos da cidade histórica de Palmira, na Síria. Eles jamais serão ser reconstruídos – irreparável perda para a humanidade. As certezas são mesmo perigosas, inclusive as minhas.

Concluo meu ponto de vista com a analogia da queima de livros promovida pela Inquisição e pelo regime nazista. Livros, monumentos, estátuas, representam ideias. Podemos ser contrários a elas, apagá-las nunca. Melhor pensá-las, discuti-las e guardá-las na memória da humanidade.

 

terça-feira, 27 de julho de 2021

Fotografia – meio de sobrevivência psíquica


 

 

Morava em Londres fazia poucos meses, nos idos de 1980, quando comprei uma máquina fotográfica Minolta, último modelo, foco automático – uma novidade à época. Comprei no impulso, sem pensar e com o dinheiro que eu não tinha. Uma extravagância! E saí fotografando tudo, gente, parques, gramados intermináveis, paisagens, muros cobertos de hera, árvores, cães, monumentos, ruas vazias e ruas repletas de gente, obras de arte, a arquitetura repetitiva e sem imaginação dos bairros mais pobres da cidade, fachadas imponentes de museus, tudo que impressionava minhas retinas estrangeiras eu fotografava.

            Filmes coloridos Kodak eram baratos, a revelação mais ainda. Na Unidade de Fígado em que eu trabalhava, no King`s College Hospital, na tentativa de me comunicar, mostrava minhas fotografias a quem cruzasse meu caminho. Elas faziam sucesso em meio a um ambiente emocionalmente muito pobre; eram todos inteligentíssimos, cientistas de ponta, emocionalmente pobríssimos. Eu, exótico, meio doido, gritava com minhas fotografias.

            De início não percebi do que se tratava; com certeza eles também não sabiam.  Até que atinei, era por causa da minha sofrível comunicação verbal; todos os pesquisadores estrangeiros que chegavam à Unidade, falando mal a língua nativa, eram vistos como deficientes mentais, eu inclusive. A sensação era de menos valia, bem desagradável para dizer o mínimo. A única saída era a produção científica, só então a pessoa mereceria respeito daquela comunidade. Enquanto eu não produzia nada, falava através das imagens.

            Agora, passados quase 40 anos, quando a dificuldade de comunicação volta a atormentar (as razões são outras, o resultado é o mesmo), quando a “poda neuronal” torna-se implacável, volto a me comunicar nesse blog através da fotografia.

            São passarinhos, gatos, flores, o jardim, as árvores, a fonte, sobretudo meus cães que afetuosamente falam por mim; é o fotominimalismo que procura reduzir o ruído; é a fotoabstração que tenta preservar a capacidade de fantasiar; a análise de uma boa fotografia é exercício para o espírito; meus quadros prediletos propiciam o lugar da arte.

            Até quando haverá de permanecer em mim a necessidade de comunicação com o outro? 

            

Memórias que enganam


Lugar de Fala é um espaço destinado aos leitores no site da Revista Cult. Os artigos podem ser enviados mensalmente pelos leitores, obedecendo a um tema específico determinado pela revista. O assunto do mês de julho de 2021 é “Memória”.


(Clique para ler o regulamento: https://revistacult.uol.com.br/home/lugar-de-fala-cult/)

 

Este blogueiro contribuiu com o texto Memórias que enganam. Clique para ler: 

https://revistacult.uol.com.br/home/memorias-que-enganam/


Borba Gato incendiado

 

Funcionários fazem limpeza da estátua do Borba Gato

incendiada por manifestantes no último sábado

Eduardo Anizelli/Folhapress

 

 

Hélio Schwasrtsman pergunta: “Vale tacar fogo no Borba Gato?”; para a Folha de S. Paulo de hoje (27.jul.2021). 

Ele responde: “Qualquer que seja a razão para odiar a estátua, incendiá-la é péssima ideia." 

... “Meu furor preservacionista tem uma explicação histórica. Sempre que grupos imbuídos de certezas morais se tornam majoritários, não hesitam em apagar as marcas da ideologia anterior, causando grandes prejuízos para as artes e a historiografia. Foi o que fizeram recentemente o Taleban e o Estado Islâmico ao destruir sítios arqueológicos de culturas pré-islâmicas. Foi o que fizeram cristãos nos primeiros séculos do primeiro milênio, ao vandalizar templos e esculturas e queimar livros pagãos. Como desconfio de certezas, prefiro manter as estátuas intactas, ainda que relegadas a parques dos enjeitados ou escondidas nos porões de museus.”

 

O assunto não sai de pauta, com gente querendo derrubar (ou incendiar!) estátuas e monumentos, enquanto outros desejam preservá-los. Sou a favor de preservar a memória de um país, de um povo, de uma cultura, mesmo que isso seja discutível. Debater ideias é sempre saudável; demolir, não! Os argumentos de Schwartsman são fortes.

Não desisto de bater na mesma tecla: a leitura de Escravidão (volumes 1 e 2), de Laurentino Gomes, ajuda muito na compreensão do problema.

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2021/07/vale-tacar-fogo-no-borba-gato.shtml

 

sexta-feira, 23 de julho de 2021

espreita





atenção, eita!

cachorro por perto

gato na espreita


Maracanã-de-cara-amarela

A foto do dia





O maracanã-de-cara-amarela, maracanã-do-buriti (Orthopsittaca manilata), também chamado ararinha, é uma espécie de ave da família Psittacidae. É a única espécie do gênero Orthopsittaca. É encontrada na Amazônia, de Trinidad e Colômbia até a Bolívia, Peru e centro do Brasil. Anteriormente, era classificada no gênero Ara.



Foto: Mercêdes Fabiana, jul 2021, ao amanhecer.

Todes contra ou a favor?


Museu da Língua Portuguesa é criticado por uso 

de linguagem neutra nas redes sociais. 

Foto: Felipe Rau/Estadão

 

 

“Um post publicado no dia 12 pelo Museu da Língua Portuguesa em sua conta no Twitter provocou uma discussão sobre a aceitação de novos termos. No post, o museu, que reabre no dia 31 de julho, trata do uso da vírgula que, apesar de representar "uma pausa ligeira, respiro", é também "um chamamento para todas, todos e todes os falantes, ou não, do nosso idioma". Da Redação, para O Estado de S.Paulo (23 jul 2021).

 

“O uso da palavra "todes", nova forma neutra de gênero gramatical sem definição de gênero (masculino e feminino) e que permite a inclusão de pessoas não-binárias, provocou muitas críticas.”

Houve manifestações contra e a favor do termo. 

A instituição declarou: "Desde sua fundação, em 2006, o Museu da Língua Portuguesa se propôs a ser um espaço para a discussão do idioma, suas variações e mudanças incorporadas ao longo do tempo. Sempre na perspectiva de valorizar os falares do cotidiano e observar como eles se relacionam com aspectos socioculturais, sem a pretensão de atuar como instância normatizadora. Nesse sentido, o Museu está aberto a debater todas as questões relacionadas à língua portuguesa, incluindo a linguagem neutra, cuja discussão toca aspectos importantes sobre cidadania, inclusão e diversidade".

O leitor, o que pensa disso?

Por mim, todos ainda representa todos...


 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,museu-da-lingua-portuguesa-e-criticado-pelo-uso-de-linguagem-neutra,70003787483

 

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Luz em tempos sombrios


 

“Mesmo nos tempos mais sombrios temos o direito de esperar alguma iluminação, e que tal iluminação possa provir menos de teorias e conceitos e mais da luz incerta, tremeluzente e muitas vezes fraca que, em suas vidas e obras, alguns homens e mulheres acendem em quase todas as circunstâncias e irradiam pelo tempo que lhes foi dado na Terra.”

 

                        Hannah Arendt

 

Em Homens em tempos sombrios (1968), “Hannah escreve sobre as raras pessoas que, graças a sua luminosidade, seu intelecto e sua originalidade, são capazes de espalhar esperança e luz mesmo em tempos sombrios.”

Ambos os trechos citados fazem parte da biografia de Hannah Arendt escrita por Ann Heberlein, intitulada Arendt – entre o amor e o mal: uma biografia, recentemente publicada pela Companhia das Letras (2021).

Como estamos precisados de pessoas que irradiem luminosidade, de intelecto privilegiado, nesses tempos sombrios que vivemos no Brasil!

 

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Deu no que deu 2...




 “O exemplo de cima era seguido pelos de baixo. A historiadora Maria Helena P.T. Machado observou que, em um Brasil onde todo mundo roubavae trapaceava, era natural que o comportamento fosse abraçado pelos escravos, frequentemente acusados de furtar produtos estocados ou sobras, que eram consumidos às escondidas nas senzalas ou vendidos a donos de vendas e outros atravessadores nas vizinhanças.A justificativa poderia ser encontrada nessa quadrinha popular entre os africanos e seus descendentes no Brasil colonial, citada pelo antropólogo Arthur Ramos”:

 

                        “Nosso preto fruta galinha,

                        Fruta saco de fuijão;

                        Sinhô baranco quando fruta,

             Fruta prata e patacão.”

 

 

In Escravidão, volume II

Laurentino Gomes

Globo Livros, 2021, p. 160. 

 

 

            Deu no que deu...

Uma foto perfeita

A foto do dia


 Paula Vianna

 

Em meu ponto de vista, esta é uma das mais lindas fotografias da premiadíssima Paula Vianna, fotógrafa sub, tirada em Papua Nova-Guiné, hoje residente em Búzios, RJ.

            O peixe, por si só, é espetacular, bela obra da natureza. Tem o nome de peixe-leão, é venenoso e não tem predadores naturais; por isso é considerado invasivo.

         Mas a arte está na composição fotográfica!

            Comecemos pelo fundo, de um azul profundo, que confere a neutralidade necessária para que os outros elementos sejam revelados. Além do azul, temos apenas as cores vermelha e branca.

No centro da fotografia se destacam as barbatanas do peixe, dispostas verticalmente, listradas de branco e vermelho; as barbatanas inferiores obedecem a mesma disposição vertical.

O corpo do animal é composto de listras vermelhas e brancas, igualmente verticais.

A moldura do quadro é composta por corais filamentares, também vermelhos e dispostos verticalmente, a sugerir movimento ao sabor das correntes. 

Os únicos elementos dispostos na posição horizontal são as barbatanas laterais, várias à esquerda de quem olha e apenas uma à direita. Tais elementos quebram de forma perfeita o predomínio das formas verticais.

A “regra dos terços” está bem delimitada por uma linha horizontal na extremidade superior das barbatanas; e outra que passa exatamente pelas barbatanas horizontais do animal.

Uma foto perfeita!


Lá se vai um Picasso

 
Obra de Picasso, Fumeur V foi queimada
por coletivo nos EUA Foto: The Burned Picasso

 


Como era a obra Fumeur V, de Picasso, 

antes de ser queimada/The Burned Picasso

 


Como ficou quadro Fumeur V, de Picasso, 

após ser queimada/The Burned Picasso

 

 

“Vídeo: coletivo queima obra original de Picasso para fazer leilão em NFT - Organizadores do projeto explicam que a ideia é transferir a peça para o blockchain: 'destruição criativa', explicam”. Esta é a manchete da reportagem de Louise Queiroga (20 jul 2021) para O Globo.

Aqueles que se interessam por Arte devem ficar estarrecidos com esta notícia! Um grupo anônimo se uniu a uma comunidade virtual para queimar uma peça do pintor espanhol Picasso, o "Fumeur V", de 1964, no projeto intitulado The Burned Picasso, com o objetivo de tornar o quadro "imutável no blockchain".

“Por meio do blockchain (uma espécie de banco de dados virtual em que não pode alterar as transações ali registradas) o projeto, idealizado pela Fractal Studios, visa a leiloar a obra queimada em NFT (sigla para non-fungible token, ou seja, token não fungível, que representa uma chave criptografada que garante a autenticidade de um arquivo único). A venda é efetuada por meio do Unique One Art Marketplace e inclui a peça destruída.”

“Mesmo após incendiar o material, os traços do desenho continuaram visíveis em boa parte, assim como a assinatura do célebre artista. Os organizadores do projeto disseram ainda que vislumbraram um formato de coração próximo ao nome de Picasso. Assim, eles decidiram incluir a versão queimada no leião com um NFT adicional. Lances podem ser dados no site do Unique One até o final do mês.”

            "Com o Burned Picasso, a Fractal Studios está dando um passo adiante ao reconhecer a realidade como uma rede. Ao queimar o Picasso e cunhar seu NFT correspondente, o NFT se torna a reserva de valor e a proveniência da obra de arte original passa para a Web3.0. Assim, embora possa significar coisas diferentes para pessoas diferentes, da perspectiva do Fractal Studios e da Unique One Network, a destruição do Picasso é necessária para unir seu valor e proveniência a outra versão. A esse respeito, mover aspectos de nossa vida do mundo in-world para a Web 3.0 não os destrói, mas os transforma. E para os entusiastas que acreditam na supremacia inevitável da Web 3.0 e da interoperabilidade do blockchain, ele os preserva para as gerações futuras".

 

            Não estou certo se entendi bem isso tudo... Destruição criativa?

 

https://oglobo.globo.com/cultura/video-coletivo-queima-obra-original-de-picasso-para-fazer-leilao-em-nft-25118807

 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Veneza

Meus quadros favoritos 


Rubens Santoro

 

Pintor italiano, realista.

Nasceu: 26 de outubro de 1859 em Mongrassano, Calabria, Itália. 

Morreu: 1942; Nápoles.  

 

domingo, 18 de julho de 2021

Deu no que deu




 “Infausto, desumano e violento, o sistema escravista português e brasileiro era corrupto e corrompido dos alicerces até o topo da pirâmide. Seu funcionamento dependia de suborno, extorsão, malversação dos recursos públicos, contrabando, sonegação de impostos, clientelismo e nepotismo, entre outras contravenções. Havia gente honesta no Brasil colonial? Obviamente, sim. Mas o exemplo que chegava de cima não contribuía para fixar essa imagem.”

 

                In Escravidão, volume II

                Laurentino Gomes, Globo Livros,

                2021, p. 151. 

 

       Deu no que deu.

Mapa hipsométrico do Brasil

Eu amo mapas!



 Hipsometria, é uma técnica de representação gráfica de altitudes, com aplicação de meios geodésicos ou barométricos. 

         O mapa hipsométrico representa a variação de altitude de uma área em relação ao nível do mar, onde a altitude é zero (0), usando uma escala de cores. Cada cor representa um intervalo de altitude em metros e indica a altura ou profundidade de uma área.

         A hipsometria também é utilizada em mapas hipsométricos para representar a topografia do local através de cores. A cor verde é utilizada para representar baixas altitudes e a cor castanha a branco para representar maiores altitudes. Através de um mapa hipsométrico é possível gerar curvas de níveis, estas definidas por linhas que representam uma cota definida.

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipsometria

 

Topografia da América do Sul

Eu amo mapas! 



Dinheiro jogado fora

Charge do dia


 Jean Galvão, para a Folha de S. Paulo

sábado, 17 de julho de 2021

quinta-feira, 15 de julho de 2021