Vale do Paraíba visto da Mantiqueira
Minha infância transcorreu com relativa felicidade ao pé da Serra da Mantiqueira, em Guaratinguetá, ou apenas Guará, e da Mantiqueira guardo as melhores recordações, orgulho mesmo por ter crescido em região tão linda como o Vale do Paraíba.
Agora, já velho, me deparo com a notícia que a região – mais precisamente Espírito Santo do Pinhal – tornou-se produtora de vinhos premiados, graças a uma engenhosa técnica de cultivo. A reportagem é de Marcelo Toledo (18 jan 2020) para a Folha de S.Paulo, com a manchete Vinícolas adotam colheita no inverno e colecionam prêmios.
Há 10 anos a família de Eduardo Junqueira Nogueira Junior iniciou a produção de vinho em Boa Esperança, de Minas Gerais, seguida por outras vinícolas em São Paulo; todos adotaram a “dupla poda dos vinhedos, transferindo a colheita do verão, como tradicionalmente ocorre, para o inverno. A alteração, aliada à amplitude térmica (diferença entre temperatura mínima e máxima do dia), tipo de solo e manejo, fez com que jovens vinícolas que entraram no mercado há menos de uma década passassem a colecionar prêmios e ampliassem suas produções de olho num mercado de vinhos de boa qualidade.”
“Colhendo no inverno, o período de maturação da uva ocorre em dias ensolarados, com noites frescas e solo relativamente seco, cenário apontado por pesquisadores como fundamental para o perfeito amadurecimento das uvas e qualidade dos vinhos.”
“O ciclo invertido da videira existe desde 2001, a partir do trabalho de pesquisadores da Epamig (empresa de pesquisa mineira) de Caldas, mas comercialmente passou a ser adotado só nos anos seguintes.
As condições climáticas do sul de Minas e de regiões de São Paulo permitem dois ciclos anuais para a cultura e o cenário do outono/inverno era semelhante ao das melhores regiões vinícolas do mundo. Seguindo a fórmula, a Guaspari passou a produzir uvas em 2006 no solo granítico da fazenda em Espírito Santo do Pinhal (SP), que remete à região do Vale do Rhône (França), na altitude (850 m a 1.300 m) e na amplitude térmica, que chega a 20ºC.”
Eis a essência do sucesso: “No cultivo tradicional, a videira é podada em agosto, para brotar em setembro, florescer em outubro, formar cacho em novembro e iniciar a maturação em dezembro, para ser colhida em janeiro e fevereiro.
Na dupla poda, o ciclo começa com a poda em janeiro, florada em fevereiro, formação do cacho em março e início de maturação em abril. A colheita ocorre entre o fim de maio e início de agosto. Assim a maturação ocorre com tempo seco, e “reduz os riscos de podridões dos cachos provocados por fungos”.
Santificada seja a Serra da Mantiqueira!
Foto: AVianna, jul 2016
Nikon D7200
Só acredito bebendo.
ResponderExcluirPois vamos experimentar, Moisés!
ExcluirPrecisamos visitar! Li que andam tentando produzir vinhos varietais até em S. Roque!
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