quinta-feira, 18 de abril de 2019

Tarsila no MASP


Autorretrato de Tarsila do Amaral.

“Por que Tarsila do Amaral inspira?” Este é o titulo do artigo para El País (15 abr 2019) escrito por Tarsilinha do Amaral, advogada, sobrinha-neta da artista e representante do espólio de Tarsila do Amaral.
          Inspira o texto a maior exposição de Tarsila já realizada na história, organizada pelo MASP e inaugurada recentemente. Informa Tarsilinha: “Há poucas semanas, um dos mais importantes museus do mundo, o MoMA, adquiriu para o seu acervo a obra “A Lua” (1928), que já está exposta na sua principal sala, ao lado de um importante quadro de Picasso. O mercado estima que a venda tenha se dado com um valor em torno dos 20 milhões de dólares, algo inédito para a pintura brasileira e que fez aumentar exponencialmente o valor de toda a obra da artista. Com esta venda, Tarsila entrou no rol dos maiores pintores de todos os tempos. Estima-se que Abaporu, vendido em 1995 por 1,5 milhões de dólares, hoje possa valer mais de 100 milhões de dólares.”
          Outra interessante informação de Tarsilinha: “Como sua sobrinha-neta homônima, conheço e contemplo a obra de Tarsila desde muito pequena. Ao entrar na exposição montada com maestria pelo MASP, lembro da casa dela e das paredes das casas de meus familiares, que já foram decoradas com as peças, hoje valorizadas internacionalmente. Tarsila adorava presentear os parentes com seus trabalhos.”
          “E ao rever sua obra, entendo cada vez mais seu vanguardismo feito em voz baixa. Digo isso porque Tarsila era discreta. A partir da mais icônica de suas obras, Abaporu, Tarsila inspirou o manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. Não o escreveu, nem o leu em voz alta no Theatro Municipal de São Paulo. Inspirou-o.”
          “Em uma época na qual a pintura retratava majoritariamente personagens brancos, Tarsila criou “A Negra”, exposta no MoMA e agora no MASP com a devida importância afetiva que a personagem ali representada tinha para a artista. A família pouco sabe sobre a mulher real retratada na obra, porém, no Álbum de viagens da artista, uma foto bastante semelhante a este quadro dá a dimensão dessa relação afetiva."


A Negra (1923)

          Em “Operários”, Tarsila representou de forma crítica e direta a pirâmide da desigualdade social no Brasil desde sempre. "Tarsila era filha de aristocratas. Nascida no final do século XIX, foi criada para ser esposa e mãe. Ousou fazer diferente. Ousou escolher o lugar que queria ocupar no mundo, agiu para isso. Ousou escolher as cores caipiras, a despeito dos grandes mestres com quem estudou. Ousou divorciar-se do primeiro marido, se apaixonar e casar com o escritor Oswald de Andrade, ser abandonada por ele, e ousou ainda casar-se novamente com um homem vinte anos mais novo que ela.”
          Ela pintou Abaporu para dar de presente a Oswald, seu marido na época - "para mim, um autorretrato de uma mulher apaixonada." 


Abaporu (1928)

          Tarsila dizia que queria ser a pintora do Brasil; a exposição “Tarsila Popular”, em cartaz no MASP, mostra que ela conquistou este lugar na arte brasileira. 




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