Por André de Oliveira. Inspirada em Hilda Hilst, homenageada da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a corrente poética do EL PAÍS continua. Joselia Aguiar, atual curadora da Flip, agora escolhe Via Papua, do poeta, antropólogo e historiador, Antonio Risério.
Via Papua
desamarra a quilha, canoa
desamarra a quilha
e voa
desamarra a quilha
e voa
(vai pelo ar
pelo mar
e sobre a ilha;
voa sobre o que
se armadilha)
pelo mar
e sobre a ilha;
voa sobre o que
se armadilha)
mas voa leve, canoa
e leva uma estrela
na ponta da proa
e leva uma estrela
na ponta da proa
cruza o mar, a névoa
o peito, a boca, a língua
almas que invadem nuvens
dobras de angra e de íngua
o peito, a boca, a língua
almas que invadem nuvens
dobras de angra e de íngua
(mas voa leve, canoa
há uma estrada inteira
na ponta da tua proa)
há uma estrada inteira
na ponta da tua proa)
e que o ar mais leve a leve
e faça das algas do céu
a minha única
e exclusiva
coroa,
e faça das algas do céu
a minha única
e exclusiva
coroa,
canoa.
“Poeta, escritor e antropólogo, Antonio Risério foi militante estudantil na década de 1960, quando foi preso aos 16 anos. Baiano, natural de Salvador, estuda cultura afro-brasileira e tem mais de quinze livros publicados, entre ficção e ensaios, como O Poético e O Político, de 1988, em coautoria com Gilberto Gil; Caymmi - Uma Utopia de Lugar, de 1993; Oriki Orixá, de 1996; e A Utopia Brasileira e os Movimentos Negros, de 2007. Risério, que nasceu em 1953, também trabalhou no Ministério da Cultura, durante a gestão de Gilberto Gil e teve participações nas campanhas políticas do PT à presidência.”
Belo poema em que se sente a oscilação da canoa na água.
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