Leandro Karnal inicia sua crônica de hoje (Imigrar, para O Estado de S. Paulo, 18 Jul 2018) com uma frase interessante: “O Brasil é um mosaico.”
Não há tema mais atual e mais importante que o problema da imigração, e das levas de desvalidos refugiados mundo afora. As notícias dos africanos que tentam atravessar o Mediterrâneo e morrem afogados – famílias inteiras – estão todos os dias na mídia. São imagens dramáticas, que preferimos não ver. A xenofobia prospera em praticamente todos os continentes.
As soluções são complexas, naturalmente. Para entender melhor do que se trata, destaco trecho da crônica de Karnal, que toca em pontos fundamentais do fenômeno imigração:
“Ser descendente de imigrantes pobres deveria nos tornar muito receptivos aos novos grupos de pessoas em fuga. Especificamente, imigrantes atuais como bolivianos, venezuelanos e haitianos, que repetem o que nossos avós alemães, italianos, japoneses, portugueses e espanhóis fizeram. Nem sempre temos a solidariedade que nossa condição imporia. Pelo contrário, é comum que o imigrante da segunda-feira olhe o da quinta-feira como um invasor arrivista, um perigo. Acontece no Brasil. Acontece nos EUA, onde Trump, descendente de imigrantes alemães e casado com uma imigrante eslovena, aperta o cerco contra “forasteiros”. Sempre me pareceu que, entre a utopia pouco praticável de escancarar fronteiras e a ideia de uma muralha xenofóbica, poderiam existir soluções equilibradas. Temos espaço no território. Talvez tenhamos pouco espaço nos corações. É sempre estranho que um ser humano possa ser ilegal no planeta Terra.”
Esperemos pelas soluções equilibradas de que fala o cronista.
A repulsa a imigrantes é portanto desses exemplos gritantes da incoerência humana.
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