domingo, 12 de fevereiro de 2017

Prosa poética?


Publicado no caderno Ilustríssima, da Folha de S. Paulo de hoje, trecho do que o próprio jornal chama de “prosa poética”, de Bob Dylan, tradução de Rogério W. Galindo.  

“SOBRE O TEXTO O texto abaixo está em "Tarântula", que o selo Tusquets da Planeta lança no fim de fevereiro. Publicado originalmente em 1971, o volume reúne parte da prosa poética do Prêmio Nobel de Literatura -em 1986, saiu pela Brasiliense uma tradução do poeta Paulo Henriques Britto. Embora se acredite que essa narrativa tenha sido escrita na mesma época que a canção "Subterranean Homesick Blues", de 1965, seus conteúdos diferem.”

Eis o texto:

“Deixa eu te contar uma coisa sobre a Justine - ela tinha 1m57 & olhos húngaros - a crença dela era que se ela conseguisse transar com Bo Diddley - ela conseguiria se entender - mas a Ruthy - ela era diferente - ela sempre quis ver uma rinha de galos & foi pra Cidade do México quanto tinha 17 anos & estava fugindo de tudo - ela conheceu Zonk quando estava com 18 - Zonk era da cidade natal dela - pelo menos foi isso que ele disse quando eles se conheceram - quando se separaram, ele disse que nunca tinha ouvido falar do lugar mas não é disso que a gente está falando - de todo modo esses três - eles formam a Turma do Reino... eu os conheci bem na mesa deles & os botei de castigo por dois anos mas eu por mim quase nunca falo disso - a Justine estava sempre tentando provar que ela existia como se realmente precisasse de provas - a Ruthy - ela estava sempre tentando provar que o Bo Diddley existia & o Zonk ele estava tentando provar que ele existia só para a Ruthy porém mais tarde disse que só estava tentando provar que ele existia para si mesmo - eu? eu comecei a me perguntar se havia alguém que existisse mas nunca fiz muita força pra isso - principalmente quando o Zonk estava por perto - o Zonk se odiava & quando ficava chapado achava que todo mundo era um espelho”
           
(continua…)

            Prêmio Nobel de Literatura? Isso? Fico pensando sobre os critérios utilizados pelos suecos para a escolha de cada Nobel. Penso também sobre o que sentem escritores de verdade como um Amos Oz diante de escolhas como esta.
Não vou comprar.




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