Queridos Suzete e
Alberto,
como é público e notório, a correspondência entre vocês está
sendo publicada neste blog e fazendo grande sucesso! Intrometo-me nessa
conversa, amigo que sou de ambos e admirador do que escrevem.
Suzete, fiquei
impressionado com sua experiência em Vitória, no Espírito Santo, “entidade”
esta que também não conseguiu proteger o povo de lá do que você chama, com
muita propriedade, de barbárie, na carta endereçada a Alberto. Também gostei
que tivesse chamado o triste episódio (que ainda se desenrola, as mortes já
passam de uma centena) de “inferno”.
Vocês
sabem o quanto aprecio os escritos de Hélio Schwartsman, publicados em O Estado
de São Paulo. As crônicas reunidas em livro são igualmente preciosas. Pois eu
aguardava com ansiedade os comentários dele sobre o inferno de Vitória, que
surgiram hoje no jornal (10/2/2017), e que transcrevo aqui um trecho:
“A greve da PM no
Espírito Santo, que vive dias de pavor, com alta nos assassinatos,
saques e a interrupção do comércio e de vários serviços, escancara quão vital é
a polícia para a sociedade.
Como
mostrou Steven Pinker, o maior passo civilizatório da humanidade foi dado
quando o Estado criou suas forças policiais, reservando para si o monopólio do
uso legítimo da violência. Foi a partir daí que as altas taxas de homicídio
verificadas ao longo da história experimentaram significativas reduções. O
segundo passo mais importante, que ainda não fomos capazes de dar no Brasil, é
conseguir controlar as polícias, mas essa é outra história.”
Concordo com o que ele
escreve, mas achei pouco. A carta de Suzete é bem mais interessante. Donde se
conclui que Suzete pode muito bem tornar-se articulista do Estadão! Schwartsman
que se cuide!
Para compreender melhor
este estado de coisas, esta barbárie, vale a pena ler Mary Del Priore, em seu
Histórias da Gente Brasileira – Império (Leya, 2016). Como era atrasado o nosso
Brasil no não tão longínquo assim século XIX. De fazer pena! Precária a
educação desde o Império até nossos dias, pouca coisa mudou. Há um verniz de
educação que se desfaz ao menor arranhão.
Bem, por ora é só; meu desejo
era apenas poder entrar na conversa de vocês, caros amigos. Quem sabe recebo eu
também uma cartinha?
Do admirador e amigo,
André.
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