domingo, 23 de outubro de 2016

Dissecando a corrupção

O assunto do momento é corrupção, tanto na politicagem nacional quanto na acepção mais ampla do termo, ou seja, uma manifestação disseminada pela espécie humana. Daí a oportuníssima crônica de ontem (22/10) de Hélio Schwartsman para a Folha de S. Paulo intitulada Profissão corrupto.
Ele cita artigo publicado na "Nature Neuroscience", que associa experimento psicológico com técnicas de imagem, onde a cobaia deveria fazer uma estimativa sobre a quantidade de dinheiro contida num jarro.
Segundo Schwartsman, “os pesquisadores constataram que a desonestidade aumentava com a repetição dos exercícios, o que é compatível com a famosa teoria das janelas quebradas, segundo a qual pequenas transgressões degeneram em crimes mais graves. Igualmente interessante, isso só ocorria quando o participante se beneficiava pessoalmente do ato de desonestidade. Quando ele "roubava" para outros, a escalada não acontecia.”
Em alguns indivíduos o experimento foi acompanhado com a obtenção de imagens de ressonância magnética funcional; observou-se que “a amígdala, uma estrutura do cérebro ligada a emoções negativas, incluindo a repulsa moral, estava envolvida no processo. Ao que parece, ela reage com menos intensidade a cada repetição do ato desonesto. Literalmente, o corrupto vai se acostumando com essa condição, até que já não a sinta mais como algo condenável.”
Ao chegar a este ponto, digamos, de “saturação” quanto à prática da corrupção, então Schwartsman utiliza-se de uma expressão irretocável:  “E aí, liberou geral.”
Chega a ser com incredulidade que ouvimos as notícias do volume de dinheiro roubado por um único sujeito no assalto à Petrobras. Agora fica fácil de compreender: é que ele liberou geral...
Podemos concluir então que a profilaxia da corrupção é a tolerância zero para quaisquer tipos de delitos, o que certamente tem início em nossa infância, tanto em casa quanto na escola. Mais uma vez, a Educação parece ser a solução.




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