segunda-feira, 9 de maio de 2016

Ser ou não ser?

A Suécia aprovou em 1999 lei que criminaliza a prostituição, com a diferença de que agora a repressão combate os clientes e não mais as mulheres da vida. Noruega, Islândia e Canadá adotaram medidas semelhantes, e a França está prestes a seguir o mesmo caminho.
A decisão, naturalmente, tem o apoio integral de certos grupos feministas e religiosos.
            É bastante atraente a ideia defendida pelo chamado “feminismo abolicionista”, de que ninguém se prostitui por vontade própria. A mulher seria levada àquela vida por total falta de alternativa. Seria?
            Não há unanimidade quanto a esta posição. A Anistia Internacional votou resolução pedindo a descriminalização da prostituição. Grupos de prostitutas têm se manifestado contra essa interferência do Estado em suas atividades.
            Banir a prostituição parece tarefa fadada ao fracasso. Há uma série de outras profissões degradantes que também mereceriam o mesmo destino. Por que então se mira com tanta ênfase na escolha das putas? E se a escolha não for inevitável? E se a escolha for consciente e livre?
            Confesso que ainda não tenho opinião formada sobre o assunto. Concordo que punir as mulheres, o que vem sendo feito há milênios, não pode mais ser aceito pela sociedade moderna. Porém, impedir que “exerçam” (palavra utilizada por Jorge Amado, em abundância, ao longo de toda sua obra), punindo os fregueses, atinge diretamente a atividade das madames.
            Continuemos a pensar sobre o assunto.



2 comentários:

  1. Assunto de fato complicado. Para começar, definir prostituição: será que se pensaria também em punir mulheres que usam homens para sexo mediante pagamento? E que pensar de um pai que entregava a filha por um vultoso dote?
    Estas e muitas outras situações serão da alçada de algum governo?
    Ao que parece, sexo é ainda um assunto obscuro. Freud precisa reencarnar.

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